O bilionário Donald Trump colocou a mídia à prova quando falou sobre imigrantes mexicanos durante o lançamento de sua campanha presidencial em julho de 2016. "Eles estão trazendo drogas. Eles estão trazendo crime. Eles são estupradores", disse Trump, acrescentando: "E alguns, eu presumo, são boas pessoas."
A mídia rapidamente refutou os comentários de Trump, citando estudos e dados que mostram que não há evidências de que os imigrantes cometem mais crimes do que os americanos nativos.
Separar fato de ficção é um desafio para os jornalistas que cobrem gente poderosa como Trump, cujos comentários e observações fazem manchetes.
Como sabemos quando uma figura pública está mentindo ou distorcendo informações para ganho pessoal ou político? Como decidir no que acreditar? Em quem confiar? Quando se trata de checar os fatos de figuras públicas, como começar?
O site PolitiFact, ganhador do prêmio Pulitzer, oferece sete dicas que devem fazer parte da caixa de ferramentas de todo jornalista.
Em um post de agosto de 2014, a editora Angie Drobnic Holan observou: "Quando estamos em busca de evidências, usamos uma lista de verificação para se certificar de não perder nada. Apesar de que cada verificação é diferente, você pode usar as mesmas técnicas para achar os fatos e chegar à verdade". Abaixo estão alguns dos conselhos de Angie:
Peça evidências a pessoa que deu a informação.
"Descobrimos que quando as pessoas fazem declarações factuais, mesmo se falam algo completamente improvisado, geralmente podem dizer que tiraram de algum lugar. As pessoas tendem a não fazer declarações sem embasamento, mesmo as que são imprecisas.
"Considere a evidência que você tem do discursante como uma pista. Uma vez que você tem, pode procurar por outros elementos de prova que contradiga ou confirma" [o que a pessoa disse].
Veja o que os outros verificadores encontraram antes.
"No PolitiFact, verificamos o nosso arquivo de mais de 8.000 checagens de fatos para ver o que escrevemos sobre um determinado tema. Nós também olhamos para o trabalho de nossos colegas do Factcheck.org, Fact Checker do Washington Post, Snopes e outros sites de checagem de fatos -- e damos o crédito adequadamente. Olhamos para o que encontraram e, em seguida, verificamos as provas por nós mesmos."
Faça uma pesquisa no Google e, em seguida, pesquise novamente.
"Não se contente em digitar apenas uma ou duas buscas. Pesquise usando quantas combinações diferentes puder. Se estamos escrevendo sobre algo como a mudança climática, podemos pesquisar "mudança climática", "aquecimento global", "emissões de carbono", "captura de carbono", "eletricidade" e "regulamentos da EPA" e "comércio internacional de emissões".
"Desafie-se a aprender a usar os operadores de pesquisa do Google para que possa buscar por tipo de arquivo (file:pdf) ou nome de domínio (site: politifact.com). Leva um pouco de tempo para aprender capacidades avançadas do Google, mas vale a pena.
Procure por especialistas com perspectivas diferentes.
"Os especialistas podem apontar-lhe a pesquisas que você pode não encontrar em seu próprio país e que muitas vezes dão contexto importante para a investigação que você já encontrou. Especialistas muitas vezes podem salvar você de fazer suposições erradas sobre temas complicados.
"Certifique-se de convidar peritos para ajudar a encontrar mais peritos. Boas perguntas a fazer são: 'Existe alguém cuja opinião você respeita que pode discordar de você?' Ou: 'Existe alguém que você recomendaria que é considerado a autoridade sobre este assunto?
Mais alguma coisa?
"Faça a si mesmo estas perguntas: 'O que mais eu não olhei? Com quem mais eu poderia falar? Que outro ângulo eu deveria estar pensando?' Fazer uma pausa para pensar no processo muitas vezes pode abrir a porta para a peça final essencial de informação que vai garantir o sucesso da checagem dos fatos."
AfricaCheck, uma organização que promove a precisão na mídia, também oferece conselhos sobre manter figuras públicas responsáveis. Eles criaram perguntas para ajudar os jornalistas a avaliar a validade das informações. Entre elas:
- Eles poderiam saber o que dizem saber? A informação é em primeira ou em segunda mão, algo que eles ouviram e acreditaram?
- Se há dados, quando foram reunidos? É um truque favorito de figuras públicas apresentar informações coletadas muitos anos antes, como se fossem de hoje e não fazer nenhuma menção de datas.
- A amostra foi grande o suficiente? Foi abrangente?
- Como os dados foram coletados?
AfricaCheck aconselha: "Consulte as fontes de dados, especialistas e o público. ...Verificar o debate público não é fácil. O diabo está muitas vezes nos detalhes. Para encontrá-lo você precisa de resistência e persistência."
A especialista de linguagem corporal Janine Driver treinou o Federal Bureau of Investigation (FBI) e outros agentes do governo em como identificar mentiras. As cinco dicas a seguir podem funcionar também para os jornalistas:
Comece por observar como a pessoa se comporta normalmente.
- Ouça com atenção
- Procure por "pontos quentes"
- Faça perguntas de seguimento
- Pergunte se eles estão dizendo a verdade
Janine sugere terminar a entrevista com, "Você me disse a verdade quando respondeu a todas essas perguntas?" Ela diz que está à procura de um simples sim ou não; se gaguejarem, isso pode indicar que não foram honestos.
Imagem sob licença CC on Flickr via Tom Woodward