Dicas para estabelecer um limite pessoal online para jornalistas

Jan 2, 2019 em Redes sociais
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Buscar fontes, interagir com os leitores em eventos ao vivo e promover trabalhos recentes: a era digital deu aos jornalistas novas ferramentas e canais para trabalhar. No entanto, à medida que mais e mais atividades acontecem online --espalhando-se nas redes sociais-- torna-se cada vez mais difícil estabelecer limites entre o pessoal e o profissional em público. Não é apenas credibilidade e reputação em jogo, mas também privacidade e segurança.

Alguns jornalistas gostam de comentários online e da capacidade de estabelecer uma relação íntima com os leitores, enquanto outros acabam se sentindo superexpostos e vulneráveis.

As mulheres estão especialmente em risco de serem assediadas, intimidadas, degradadas, menosprezadas ou silenciadas, como um relatório recente da Anistia Internacional confirmou. Um estudo anterior da International Women’s Media Foundation (IWMF) descobriu que quase um terço das jornalistas do sexo feminino consideraram deixar a profissão devido a ataques online.

Ainda assim, uma presença online eficaz pode ajudar a ampliar as histórias, criar conexões e encontrar trabalho, especialmente para freelancers que não podem contar com o apoio de uma publicação estabelecida.

A IJNet falou com duas jornalistas que são muito ativas online — Anna Codrea-Rado e Dodai Stewart — sobre como elas negociam suas fronteiras pessoais. Codrea-Rado é uma freelancer que cobre tecnologia e cultura. Ela usa a mídia social apenas para fins profissionais --injetando suas atualizações com uma boa dose de personalidade-- e lançou uma newsletter semanal sobre freelancing. Stewart é editora de cidade no New York Times e uma das editoras fundadoras do site feminino Jezebel. Ela acumula quase 40 mil seguidores no Twitter, onde mistura conteúdo pessoal e relacionado ao trabalho.

Seja cauteloso

Todos devem ter cuidado com o que compartilham online. Mesmo informações pessoais aparentemente inocentes podem ser usadas para fins maliciosos. "Não é provável que eu poste minha localização [no momento em que estou lá]", diz Stewart. "Muitas vezes, vou postar depois porque sei que é fácil usá-la para rastrear as pessoas."

Stewart sofria mais assédio quando escrevia exclusivamente sobre mulheres em Jezebel, mas ela ainda age com cautela: “Eu sou muito rápida em bloquear e silenciar as pessoas; ajustei minhas configurações para ver apenas as respostas de pessoas que eu sigo no Twitter. Isso é muito útil."

Não esqueça as boas práticas jornalísticas

Como escreve muito sobre a cultura digital e o futuro do trabalho, Codrea-Rado acha a mídia social uma ferramenta importante para reunir histórias e encontrar fontes. “Para uma matéria em que trabalhei recentemente, fiz todo o contato com minhas fontes via Facebook e Twitter”, diz ela.

Assim como há um jeito certo e um jeito errado de encontrar as fontes, as mesmas regras se aplicam ao entrar em contato com as pessoas online, explica ela. Apresente-se, sua história e seu ângulo da mesma forma que você faria em qualquer outro contexto, como se estivesse conhecendo alguém pessoalmente pela primeira vez.

Não se trata somente de marketing

“Acho o Twitter muito divertido e tenho muitos seguidores, por isso pode ser útil para mim de várias maneiras diferentes: posso fazer pesquisas informais ou divulgar matérias nas quais estou interessada ou que trabalhei. Pode ser uma boa ferramenta para amplificar o meu trabalho”, diz Stewart. No entanto, ela não se esquece de se divertir, com mais atualizações descontraídas: "Parte do truque é a diversidade do que estou postando, [eu] não bato na mesma tecla."

Para jornalistas freelancers, é importante manter uma presença online visível, diz Codrea-Rado. "Francamente, é parte de como você se comercializa."

No entanto, as redes sociais têm potencial além da autopromoção. Podem ser usadas como um lugar para se conectar com freelancers e redes de contatos, o que, de outra forma, pode ser uma “linha solitária de trabalho”, como diz Codrea-Rado. “Eu tenho a tendência de promover todas as matérias que escrevo (incluindo o trabalho de marca), mas não apenas dissemino nas redes sociais. Eu também me envolvo com os outros e uso as plataformas principalmente como um meio de conversar com as pessoas, [incluindo] fontes ou membros da comunidade freelance.”

Tome medidas contra abusos

Violência e abuso nunca devem ser tolerados, adverte Codrea-Rado, e não devem ser aceitos como “parte do trabalho”. “Se você sofreu abuso como resultado de uma reportagem ou artigo, encaminhe essas mensagens para seu editor”, diz ela.

Stewart concorda que denunciar ameaças e assédio é fundamental. Existem ferramentas disponíveis em sites e plataformas de mídia social para usar nessas circunstâncias.

 


Imagem sob licença CC no Unsplash via Tim Bennett