O ativismo online está se tornando a nova norma. Com a natureza acessível das plataformas de mídia social, expressar uma opinião leva uma questão de segundos, e transformar uma hashtag em movimento pode ocorrer em questão de minutos. No entanto, cobrir um movimento online pode ser diferente de cobrir um movimento em pessoa, e é essencial reconhecer essas diferenças e ajustar os métodos de reportagem de acordo.
Considere seu público
O movimento Black Lives Matter [Vidas Negras Importam] viu um aumento nas hashtags e tendências online nas redes sociais, incluindo #BlackoutTuesday, #DefundThePolice e o #BLM original. Há tantas conversas sobre o movimento acontecendo online que pode ser difícil seguir e difícil saber que ângulos reportar.
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Andrew Hutchinson, gerente de conteúdo e mídia social da Social Media Today — uma publicação de notícias que publica nas plataformas de redes sociais — disse em um e-mail que, ao monitorar o ativismo online, o aspecto mais importante a ser focado é o público-alvo.
"Isso se resume a conhecer seu público e o que é relevante para eles", disse Hutchinson.
Ele usa comunicados oficiais, notas antecipadas, relatórios de usuários e monitoramento de mídia para acompanhar as conversas acontecendo online. Entre as ferramentas úteis para jornalistas que reportam movimentos online estão o CrowdTangle, que ajuda a rastrear as principais notícias nas mídias sociais, e o Keyhole, que monitora o uso de hashtag.
Com a grande quantidade de conteúdo sendo postada diariamente nas plataformas de mídia social, Hutchinson enfatizou a importância de manter-se atualizado com as notícias relevantes, e recomenda fazê-lo com a curadoria estratégica de feeds de plataforma, como o Twitter, e seguindo contas que oferecem as informações mais relevantes e precisas.
Verifique os fatos
Ruchira Sharma, redatora da equipe do iNews, um jornal nacional britânico, cobre o ativismo online do Black Lives Matter, e disse que em sua cobertura sempre se certifica de verificar os fatos que estão ganhando força para impedir a disseminação de informações erradas.
A cobertura do ativismo online difere da cobertura do ativismo pessoal, disse Sharma, e vem com desafios que um jornalista pode não necessariamente enfrentar ao reportar em campo.
A desinformação pode se espalhar por todas as formas da mídia social, intencionalmente ou não. A Rede Global Black Lives Matter possui um formulário em seu site que os usuários podem preencher se encontrarem posts suspeitos sobre o movimento, e alertam os ativistas para que estejam atentos às contas que postam em padrões não naturais e em diferentes fusos horários.
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Encontre as pessoas por trás do movimento
Por fim, ao abordar o ativismo online, a coisa mais importante para os jornalistas estarem conscientes são as pessoas por trás das postagens. Se um protesto online está ganhando força, Sharma disse, descubra como isso afeta as mudanças que estão acontecendo offline.
"Se começarmos a reportar apenas parando nas hashtags, isso não será suficiente", disse Filippo Trevisan, que anteriormente trabalhava como repórter em Roma e atualmente ensina e pesquisa ativismo online na American University. “Vá conversar com os ativistas e converse sobre o que eles desejam alcançar. Se a hashtag é o ponto de entrada, há mais trabalho a ser feito para se envolver adequadamente com as vozes que estão surgindo dos protestos online.”
"Acho que tentar entrar em contato com as pessoas no centro [do movimento] pode ser bastante complicado", disse Sharma. “Alguns naturalmente querem conversar para gerar mais atenção para a causa, enquanto outros suspeitam mais de jornalistas, ou simplesmente querem arrecadar dinheiro ou realizar sua causa e não tornam sua identidade ou informações de contato muito claras.”
Uma maneira fácil de entrar em contato com a pessoa certa é perguntar. Se você ver alguém postar sobre um protesto online, pergunte onde eles obtiveram suas informações e veja se podem levá-lo à pessoa central. E se o protesto for patrocinado por uma organização, um funcionário provavelmente poderá colocar você em contato com um organizador.
Inclua o contexto
Ao reportar sobre um movimento social como o Black Lives Matter, os jornalistas devem situar a história -- especialmente o que está acontecendo online -- em um contexto maior.
"Se admitirmos a compreensão do protesto dentro de um contexto mais amplo, será mais fácil manter os padrões de objetividade e fornecer uma imagem mais completa não apenas do que está acontecendo no terreno, mas do que o rodeia", disse Trevisan. "Por que as pessoas estão aqui, por que estão realizando as ações que estão realizando e para o que estão trabalhando?"
Algumas redações nos EUA estão discutindo como cobrir o Black Lives Matter e as questões subjacentes à desigualdade e ao racismo de uma maneira justa e objetiva. Opiniões divergentes sobre a melhor maneira de cobrir o movimento levaram a conflitos nas últimas semanas. Por exemplo, a editora principal do Philadelphia Inquirer se demitiu em decorrência da manchete controversa "Buildings Matter, Too" [Os prédios importam também] e uma repórter negra do Pittsburgh Post-Gazette foi removida da cobertura de protestos depois que os editores alegaram que ela mostrava parcialidade no Twitter.
No entanto, Sharma acredita que os jornalistas estão realmente adicionando um nível de objetividade que está faltando na cobertura há anos, simplesmente cobrindo esses protestos e acrescentando contexto a eles, à medida que acontecem online e na vida real.
"Os fatos falam por si próprios quando se trata de racismo e violência policial contra negros", disse Sharma. “Acho que, através da plataforma dos protestos e do ativismo online, estamos fazendo o mínimo possível, e permanecendo objetivos mesmo, pois há décadas não cobrimos essas questões com precisão ou eficácia. Ao cobrir essas histórias e dar a elas maior atenção, estamos tentando introduzir uma cobertura neutra.”
Imagem sob licença CC no Unsplash via Jan Baborák