Dicas eternas para produzir jornalismo de qualidade

por Steve Buttry
Oct 30, 2018 em Diversos
Relógio

Algumas habilidades de jornalismo passam o teste do tempo. Eram tão importantes quando comecei minha carreira com uma máquina de escrever e lápis de edição como são hoje. E acho que serão importantes daqui a 40 anos, quando os estudantes de jornalismo de hoje se tornarem homens e mulheres de meia idade, ensinando técnicas para jovens estudantes de jornalismo.

Escreva concisamente

Eu aprendi a importância de escrever concisamente quando era estudante na década de 1970. Na época, e por grande parte da minha carreira, você precisava escrever em poucas palavras, porque o papel de jornal era caro e espaço nos jornais era precioso. Agora você precisa escrever concisamente, porque os leitores online vão passar para outra coisa se você não prender sua atenção e porque o Twitter permite apenas 280 caracteres para dar seu recado.

Mais de uma década atrás, eu criei minha oficina Make Every Word Count ("Faça Contar Cada Palavra") e o conselho que eu compartilhava permanece importante hoje. Redatores de jornal muitas vezes tentam enfiar muitos pensamentos ou detalhes em sua escrita, uma prática que chamamos [nos Estados Unidos] de “suitcase lead” ("mala de chumbo", como se o escritor estivesse tentando reunir o maior material possível para uma longa viagem. Nas minhas oficinas de redação, encorajo escritores em vez de uma mala de chumbo escrever um lide como se um biquini pequeno.

O Twitter realmente é uma grande ferramenta para escrever lides. Se seu lide não se encaixa em um tuite, provavelmente é longo demais.

Responda as cinco perguntas fundamentais

As cinco perguntas fundamentais (o que, quem, por que, como, quando) são um clichê do jornalismo, porque sua importância não diminuiu com o tempo. Eram da escola tradicional do jornaismo, quando comecei minha carreira e continuam a ser importantes hoje, se você está produzindo matérias de texto, vídeos, mapas interativos ou visualização de dados.

Um dos meus posts mais lidos do meu blog é sobre por que as cinco perguntas são tão importantes para os negócios como são para o jornalismo. A razão de receber tanto tráfego é porque muita gente busca as cinco perguntas. Eu não sei se são estudantes de jornalismo ou blogueiros sem experiência em jornalismo tentando aprender algumas noções básicas, mas atrai cerca de 800 visitas por mês, quase todas impulsionadas por buscadores, por isso é certamente relevante. (Curiosamente, meu post sobre as cinco perguntas essencias para escrever para a Web não vai tão bem no tráfego de busca, mas provavelmente seria mais útil para os pesquisadores.)

Você deve considerar se um blog (ou até mesmo tuite) deve responder as questões cruciais do jornalismo: Quem? O quê? Quando? Onde? Por quê? Como? E eu também acrescento esta pergunta, essencial para garantir a precisão: Como você sabe isso?

Conte uma história

Tão importante quanto as cinco perguntas essencias, os elementos de uma história permanecem também tão importantes quanto eram quando você estava na oitava série. Esses elementos da história correspondem às cinco perguntas, mas tornam os fatos de uma lista (das respostas) em uma matéria:

  • Personagens. Desenvolva as personagens (examinando suas personalidades, histórico e motivações) e a pergunta "quem?" será respondida de forma mais memorável e engajante.
  • Enredo/trama. Desdobre o enredo, e as perguntas "o quê?" e "como?" serão respondidas.
  • Cenário. "Quando?" é um lugar no calendário ou relógio e "onde" é um lugar no mapa. O cenário é a intersecção de tempo e lugar no contexto.
  • Tema. Dê a sua história um tema, um fio narrativo e você pode responder o "por quê?" ou "como?
  • Conflito e resolução. Estes elementos da história respondem o "por quê?" e "como?".

Estas dicas apareceram pela primeira vez em março de 2012 no blog de Steve Buttry, o Buttry Diary, falecido em 19 de fevereiro de 2017, e são republicados aqui com permissão. Buttry foi diretor do envolvimento da comunidade e meios de comunicação social da Digital First Media. Para ler o artigo integral (em inglês), clique aqui.


Foto: Usada com licença do tipo CC no Flickr via moirabot