O termo "jornalismo de dados" é a nova palavra da onda -- pelo menos nos países em desenvolvimento como o Paquistão.
No mundo em desenvolvimento, os dados estão cada vez mais disponíveis, graças a iniciativas como governo aberto, dados abertos e introdução do direito à informação ou leis sunshine.
Há também uma vasta gama de ferramentas gratuitas online e fáceis de usar para que todos possam desvendar conjuntos de dados e contar histórias de maneiras diferentes. Isso abriu novas oportunidades para jornalistas, mesmo em lugares onde redações não têm os recursos ou a vontade de criar grandes equipes de jornalismo de dados. Tudo o que precisamos fazer é explorar.
O que é jornalismo de dados?
Uma das minhas definições favoritas de jornalismo de dados vem de Simon Rogers, um editor de dados do Google, que escreveu: "Jornalismo de dados é o uso de números para contar a melhor história possível. Não se trata de matemática ou fazer gráficos ou até mesmo escrever código. Trata-se de contar histórias em primeiro lugar -- a matemática e os gráficos e o código estão todos ao serviço disso."
Esse conceito remove muita hesitação e receio que alguns jornalistas podem sentir ao contar histórias através de dados. É verdade que alguns projetos de reportagem envolvendo grandes conjuntos de dados provavelmente vão envolver uma equipe de várias pessoas: jornalistas, programadores e desenvolvedores. Mas um jornalista trabalhando em seu próprio país pode fazer muita coisa com a análise de dados simples para contar histórias de forma diferente e eficaz. Embora existam algumas histórias de jornalismo de dados muito sofisticadas por aí, iniciantes no campo não devem se sentir intimidados. Afinal, o objetivo é dar sentido aos dados e contar a história por trás dos números.
Encontrar e extrair dados
Apesar das leis de direito à informação e o movimento em direção a governos mais abertos, o acesso à informação continua a ser um desafio para os jornalistas. Muitas vezes, os dados online estão bloqueados em formatos como arquivos PDF, o que torna difícil de acessar. Mas graças aos avanços da tecnologia, a nossa capacidade de converter esses arquivos em planilhas também está se tornando mais fácil.
Um dos lugares mais fáceis para começar a procurar conjuntos de dados é o escritório de estatística das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Você pode baixar conjuntos de dados por país ou por quatro grandes temas: educação, ciência e inovação, cultura e comunicação.
Em termos de extração de dados de arquivos PDF em arquivo CSV ou Excel, Tabula é uma boa ferramenta gratuita para fazê-lo. Outra ferramenta gratuita, Online OCR, também consegue extrair o texto de PDFs e converter os dados em um arquivo do Excel ou Word. A ferramenta supostamente reconhece até 46 idiomas (veja a lista completa dos idiomas aqui).
Não subestime o poder do Excel
Apesar da infinidade de outras outras ferramentas, Microsoft Excel continua a ser uma maneira poderosa para analisar e visualizar dados. Há tutoriais online gratuitos como este (ou este) que podem ensinar iniciantes em jornalismo de dados como classificar e filtrar os seus conjuntos de dados e como criar tabelas dinâmicas. Para quem aprende melhor visualmente, também existem tutoriais em vídeo gratuitos. Basta ter paciência com você mesmo e se divertir explorando e aprendendo. Outra regra de ouro: comece pequeno.
Visualização de dados e storytelling
Além de classificar e filtrar conjuntos de dados, os jornalistas podem usar visualizações para descobrir tendências inéditas e padrões dentro de conjuntos de dados. Você pode criar visualizações básicas com Excel, mas não há falta de outras ferramentas gratuitas que podem ajudá-lo a contar a sua história.
Canva é um software de design gráfico surpreendemente simples, e você não precisa ser designer gráfico para usá-lo. Google Fusion Tables é um aplicativo fantástico e fácil de usar para visualização de dados e muito bom para iniciantes, assim como Infogr.am. Pixel Map é outro aplicativo que pode ser usado para web ou impressão.
O objetivo final ao usar esse tipo de software é apresentar histórias envolventes e interessantes. Tenha sempre em mente que os fundamentos do jornalismo são os mesmos com ou sem dados.
Outras dicas
Outras formas de aprimorar suas habilidades de jornalismo de dados são os Cursos Abertos Online Massivos (MOOCs, em inglês) oferecidos por diferentes organizações. Também, a Rede Global de Jornalismo Investigativo tem uma lista completa de recursos de jornalismo de dados, incluindo alguns em diferentes línguas como espanhol e árabe.
E sim, isso o Data Journalism Handbook vale a pena ler.
Khalid Khattak é um jornalista baseado em Lahore, Paquistão. Ele é repórter do News International. Para saber mais sobre ele, visite seu site de jornalismo de dados Data Stories, que ele fundou no ano passado para promover literacia e storytelling de dados. Jornalistas no Paquistão também podem participar da pesquisa desenvolvida pela Data Stories em colaboração com JournalismPakistan para entender o ambiente de jornalismo de dados no Paquistão.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Chris Khamken