Destaques do jornalismo de dados em 2019

por Eunice Au
Dec 31, 2019 em Jornalismo de dados
Computador

Ao longo do ano, trouxemos para você um panorama semanal da conversa no Twitter em torno do jornalismo de dados. Mas nesta semana, reunimos o que a comunidade global de jornalismo de dados mais tuitou durante todo o ano de 2019. Abaixo, você encontrará links para reportagens do Brasil, Alemanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos e outros países.

Entre os destaques, nosso mapeamento do NodeXL #ddj entre 1º de janeiro e 17 de dezembro mostra Ben Casselman, do New York Times, lembrando que, apesar de todos os avanços no jornalismo de dados, os dados não são a história — as pessoas são. Também achamos a Al Jazeera analisando as principais questões votadas na Assembleia Geral das Nações Unidas ao longo de sete décadas. O Süddeutsche Zeitung provou com dados que a literatura infantil está repleta de estereótipos de gênero e o Datajournalism.com fornece um fluxo constante de recursos.

Dados não são a história, as pessoas são

Ben Casselman, repórter de economia do New York Times, usa a linguagem de programação R, trabalha com vastos conjuntos de dados, faz gráficos e organiza dados em planilhas — e, no entanto, ele diz que o aparelho de tecnologia mais importante em sua mesa é o telefone fixo. Isso ocorre porque, explica ele, “as melhores histórias quase sempre surgem da conversa com as pessoas, sejam elas especialistas ou apenas pessoas comuns afetadas pelos problemas sobre os quais escrevemos”.

Questões-chave na ONU

Todo mês de setembro, líderes em todo o mundo se reúnem na Assembleia Geral das Nações Unidas para examinar os maiores problemas que o planeta enfrenta. Para entender as principais questões debatidas e votadas pelos estados membros da ONU ao longo das décadas, a Al Jazeera Labs analisou os padrões de votação de 1946 a 2018. Leia aqui sobre o processo deles.

Piratas para meninos, princesas para meninas?

Uma análise de dados surpreendente sobre os livros infantis realizada pelo Süddeutsche Zeitung revela que estão cheios de estereótipos de gênero. Palavras-chave como princesa, magia, arco-íris e unicórnio foram normalmente encontradas em livros para meninas, enquanto os livros para meninos tinham palavras-chave como tesouro, capitão e aventura. Na maioria das vezes, os protagonistas masculinos nos livros tinham mais relação com "viajar", enquanto as protagonistas estavam vinculadas com "se apaixonar". (Em alemão)

Jornalismo de código aberto

O jornalismo de código aberto pode ser o melhor antídoto para a manipulação da informação: a transparência de seus autores mostrando seu trabalho durante cada etapa do processo investigativo ajuda a ganhar a confiança dos leitores. O New York Times destaca o Bellingcat, um site de notícias investigativas que utiliza técnicas de código aberto.

Recursos de dados

Quer vencer seu medo de matemática, números e dados, além de adquirir novas habilidades em dados? O Datajournalism.com é um recurso regular de análise de jornalismo de dados, cursos online e discussões da comunidade para jornalistas de dados aspirantes e experientes. Seus editores também estão finalizando o manuscrito do segundo "Data Journalism Handbook", e agradecem o feedback aqui sobre como a comunidade usou o manual até agora.

Como os gráficos mentem

Os jornalistas certamente adoram brindes como esta prévia de outubro de "How How Charts Lie", o último livro do especialista em visualização de dados Alberto Cairo. Na introdução do livro, Cairo rapidamente mergulha para dissecar como é enganoso um gráfico de "Cidadãos por Trump" mostrando que a maioria dos cidadãos votou em Trump. O livro já está disponível nas lojas.

Tutorial de mapa bivariado

Angelo Zehr, do SRF Data, analisou as diferenças salariais na Suíça e criou um mapa interativo mostrando a distribuição de renda em cada comunidade. Com base neste mapa, Timo Grossenbacher trabalhou com Zehr para produzir um tutorial sobre a criação de mapas temáticos bivariados (com duas variáveis) com R.

Crie gráficos. Rápido.

Este ano, o Financial Times lançou o FastCharts, um criador de gráficos mais simples do que o Excel ou Google Sheets. A ideia de criar essa ferramenta para a redação surgiu quando o FT percebeu que demorava muito tempo para criar um gráfico simples para a web e seu equivalente no impresso.

Quanto estão mais quentes as cidades alemãs?

A Alemanha está ficando significativamente mais quente como resultado das mudanças climáticas. O Zeit Online criou um interativo para mostrar aos alemães o quanto a temperatura em sua própria comunidade aumentou nos últimos 137 anos.

Dados abertos no Brasil

Brasil.io obtém dados públicos, os estrutura adequadamente e disponibiliza ao público para uso. Coordenada por Álvaro Justen, a plataforma possui dados sobre as eleições no Brasil, salários dos magistrados, gastos diretos do governo federal e muito mais.


Este artigo foi publicado originalmente na Global Investigative Journalism Network (GIJN) e reproduzido na IJNet com permissão.

Este artigo foi criado com ajuda de Marc Smith, da Connected Action, que reuniu os links e fez os gráficos. A lista dos dez primeiros #dj é organizada semanalmente.

Eunice Au é coordenadora de programas da GIJN. Anteriormente, ela foi correspondente na Malásia para o Straits Times da Cingapura e jornalista do New Straits Times.. Ela também escreveu para The Sun, Malaysian Today e Madam Chair.

Imagem principal sob licença CC no Unsplash via Tianyi Ma