Dados, vídeo personalizado e computação sem tela entre as tendências de tecnologia para jornalistas em 2014

por Maite Fernandez
Oct 30, 2018 em Diversos

Novas tendências em tecnologia muitas vezes deixam redações perdidas para descobrir o que fazer a seguir.

A estrategista Digital Amy Webb ajuda jornalistas e redações a ficarem à frente da curva. Sua apresentação anual sobre tendências de tecnologia para jornalistas é sempre uma das sessões mais populares da conferência da Online News Association. Este ano suas 10 Tech Trends for Journalists (10 Tendências de Tecnologia para Jornalistas) durante a a conferência em Atlanta não foi diferente. Em poucos minutos, o auditório só tinha lugar para ficar em pé.

A IJNet assistiu ao evento e anotou os pontos principais da palestra de Webb sobre as tendências futuras:

Tendência #1: Computação antecipatória. A busca está evoluindo para incluir informações contextuais para prever os processos de pensamento das pessoas. O aplicativo para iPad MindMeld, que analisa os últimos 10 minutos das conversas dos usuários para predizer a informação que vão precisar nos próximos 10 segundos será lançado ao público em breve. Jornalistas podem usar o aplicativo para entrevistar fontes, Webb disse.

Tendência #2: Assistentes Pessoais Virtuais Inteligentes. O mercado de assistentes pessoais virtuais inteligentes (SVPA, em inglês) cresceu rapidamente nos últimos 12 meses, disse Webb. Alguns exemplos de aplicativos SVPA são Donna, Osito e Tempo.

As redações devem se inspirar nesses aplicativos e oferecer não só notícias e conteúdo para os usuários, mas informações personalizadas, como informação das redes sociais sobre as pessoas com quem fazem negócios e as últimas notícias relacionadas com as empresas onde trabalham.

Tendência #3: Vídeo personalizado. O vídeo online já era uma tendência em 2012. O que há de diferente agora? 2014 é quando a competição de vídeo vai se tornar brutal. "Somente ter bom vídeo não é mais suficiente", disse Webb.

O vídeo personalizado será um bom caminho a percorrer. Um exemplo dessa tendência é o Gui.de, que mostra informações de suas fontes preferidas e reúne o conteúdo em um único painel, com elementos visuais. O Treehouse da Interlude faz vídeos interativos, permitindo ao público escolher a direção do vídeo.

Webb disse que as redações devem se diferenciar e nem toda redação deve se tornar um estúdio de TV. Para algumas, a opção pode ser a de entregar um conteúdo mais parecido com o infotainment do que um documentário.

Tendência #4: MOOCs. Massive Open Online Courses/Cursos Online Abertos e Massivos (ou MOOCs ) ganharam muita força nos últimos anos. "A geração do milênio é viciada em aprender rápido", disse Webb. As redações podem aproveitar esta tendência, produzindo histórias como o Washington Post fez com "9 questions about Syria you were too embarrassed to ask" (9 perguntas sobre a Síria que você tem muita vergonha de perguntar), que se tornou viral e é um bom exemplo de uma experiência de aprendizagem curta e rápida, disse ela.

Tendência #5: Comentários. Ou, mais precisamente , a necessidade de consertar a seção de comentários. Quando Webb publicou um artigo no Slate sobre por que ela e seu marido decidiram não postar conteúdo sobre seu bebê online, ela enfureceu uma enorme quantidade de trolls. "Sua filha vai se matar um dia por causa de você" foi uma das frases carinhosas que ela recebeu online.

As redações estão tentando descobrir como consertar comentários. O Quartz criou anotações. O Kinja da Gawker permite aos comentadores mais poder enquanto a revista Popular Science decidiu acabar com sua seção de comentários.

A seção de comentários deve ser como uma festa, Webb disse, onde você conversa com as pessoas que você já conhece e com quem acha interessante. Para esse fim, o jornal The Guardian lançou um sistema de comentários que mostra comentários de pessoas que você conhece e cujas suas contas nas redes sociais você segue. Também lhe dá recomendações personalizadas e a capacidade de convidar pessoas para a conversa.

Tendência #6: Plataforma versus Editor. Todos lembramos daquele programador que quis ajudar um mendigo, oferecendo-lhe a escolha entre o dinheiro ou a oportunidade de aprender JavaScript. Nós vimos sites populares como Medium e BuzzFeed receberem um monte de críticas pela publicação de conteúdo duvidoso, ou, pelo menos, por mostrar um fraco julgamento editorial. Para Webb, este problema acontece porque estes sites tentam ser plataformas e editores. "Você não pode ser [os dois] ao mesmo tempo", disse ela.

Tendência #7: Computação Sem Tela. O Google Glass e o DocoMo Translator Goggles são exemplos de computação sem tela, uma tendência que vai decolar em 2014. A pressão fica sobre redações para descobrir tipos completamente novos de histórias para estes dispositivos, Webb disse.

Tendência #8: Dados. Dados é a palavra da moda este ano, e usar dados é uma tendência que não vai desaparecer. "Todo mundo tem que sujar as mãos e brincar com dados", disse Webb. O jornalismo de dados se tornou um novo campo excitante nos últimos anos, com redações como a ProPublica , La Nación da Argentina e a NPR produzindo um trabalho de investigação inovador, depois de dias ou mesmo meses examinando dados.

Tendência #9: Drones. Neste ponto da apresentação, Matt Waite, fundador do Drone Journalism Lab, da Universidade de Nebraska, assumiu o palco e voou um robô equipado com uma câmera sobre a audiência. Muitos usaram seus smartphones para registrarem o avião voando sobre eles, enquanto ele os filmava.

Os veículos aéreos não tripulados, ou drones, foram usados para cobrir protestos e outros eventos de última hora, como os protestos que aconteceram em seguida das eleições parlamentares de 2011 na Rússia. Waite e seu Drone Journalism Lab usaram um drone para cobrir a seca de Nebraska no ano passado.

No entanto, nos Estados Unidos, apenas amadores (pessoas que não são compensadas de alguma forma) e agentes do governo podem voar drones, disse Waite. Mas o governo vai propor novas regras que regulamentam drones e, em 2015, pode ser que regularizem o voo destes dispositivos com fins comerciais, disse ele.

Tendência #10: Hardware. Ferramentas e impressoras de código aberto vão ajudar a popularizar o movimento do "maker". Uma das aplicações mais claras e bem sucedidas na redação é o trabalho do WNYC com o jornalismo sensor, mais notavelmente o projeto Cicada, em que usaram sensores para rastrear o retorno das cigarras. Estas ferramentas vão dar a redações a próxima geração de Conteúdo Gerado pelo Usuário, Webb disse.

Você pode ver a apresentação de Webb (em inglês) aqui e fazer o download dos slides aqui.

Imagem: Mulher usando Google Glass sob licença CC cortesia de Drakh no Flickr

Maite Fernández é a editora-chefe da IJNet. Fluente em espanhol e inglês, ela fez mestrado em jornalismo multimídia pela Universidade de Maryland.