O impacto que jornalistas podem gerar em meio ao seu público depende muitas vezes do quão amplamente o seu trabalho é consumido.
Em seus esforços para ganhar tração que possa gerar uma mudança positiva, jornalistas podem simplesmente não perceber como muitos de seus colegas estão trabalhando exatamente nos mesmos problemas em suas comunidades em outras partes do mundo.
Abrir linhas de comunicação com colegas jornalistas e redações – para compartilhar recursos, gerar ideias para lidar com problemas comuns e expandir a audiência – é um passo crítico que jornalistas podem dar para melhorar o impacto do seu trabalho. Porém, fazer isso requer investimento de tempo e esforço para que seja efetivo.
A bolsista do programa ICFJ Knight, Laura Zommer, cofundadora das organizações de verificação de fatos Chequeado e Factchequeado, deu início este ano ao encontro Empowering the Truth, realizado sob o programa Disarming Disinformation do ICFJ, com uma discussão sobre como jornalistas podem construir redes para atingir um público maior e gerar mais impacto.
Por que jornalistas devem construir redes
Jornalistas devem construir redes uns com os outros para alcançar e atrair um público mais amplo. Conectar-se com colegas em outras regiões e países pode ajudá-los a compartilhar seu trabalho com mais rapidez e mais eficácia. Também pode ajudar os repórteres a encontrar colegas que se importam com as mesmas questões e com quem eles podem colaborar.
"A ideia principal é que nós precisamos de parceiros", disse Zommer. "Nós precisamos de redes. Nós precisamos de mais colaborações no jornalismo porque as fontes nunca são o bastante para o impacto que queremos ter."
Como jornalistas devem pensar sobre suas redes
Jornalistas devem encarar seu trabalho com um senso de humildade, entendendo que seus conhecimentos não se aplicam a todas as áreas ou regiões geográficas. Quando grupos de pessoas com diferentes conjuntos de habilidades se reúnem com um propósito em comum, elas podem conquistar objetivos que não conseguiriam sozinhas.
É importante ser estratégico ao fazer parcerias com outras pessoas. Jornalistas devem se perguntar:
- Qual tipo de trabalho eu não tenho confiança nas minhas habilidades para realizar?
- Quem está fazendo esse trabalho melhor que eu?
Ao responder a essas perguntas, jornalistas podem ter uma ideia de como montar sua rede. As melhores alianças são complementares e trazem uma gama diversa de perspectivas, as quais os jornalistas podem aproveitar para criar conteúdo mais sólido com um apelo mais amplo.
Na hora de construir suas redes, jornalistas devem incluir os colegas de profissão e até mesmo profissionais de outras áreas. Encontre pessoas de diferentes países, que falam línguas diferentes e são especializadas em assuntos diferentes.
Por exemplo, desde que foi lançado em 2010 para combater a desinformação na Argentina, o Chequeado cresceu bastante. Em 2012, a organização se juntou ao veículo de verificação de fatos espanhol Maldita.es para criar o Factchequeado, uma nova iniciativa para combater a desinformação em meio à população de língua espanhola nos EUA. Hoje, o Factchequeado colabora com grupos de verificação de fatos e veículos de mídia para disseminar seu trabalho e seguir crescendo.
Trabalhar para construir redes diversas é também uma forma de combater a polarização e encorajar debates entre membros do público com diferentes pontos de vista.
"Você pode pensar no que quiser. Você pode gostar da direita ou da esquerda, mas qualquer deliberação precisa ter um espaço em comum para haver discordância", diz Zommer. "O problema com a polarização é que o debate começa a desaparecer porque as pessoas em cada um dos polos simplesmente estão conversando com elas mesmas."
Dicas para construir redes
- Explique com clareza prazos, regras e expectativas para todos os envolvidos. Faça isso no começo para que todas as pessoas saibam de imediato o que se espera delas;
- Determine quem está no comando. Isso é essencial para manter a rede funcionando – principalmente no que diz respeito a divergências, o que é inevitável. Os problemas precisam ser tratados à medida que surgem para que não se multipliquem e criem mais problemas para a dinâmica de trabalho;
- Persistência é fundamental. Nenhuma rede vai funcionar bem desde o começo; ter em mente os objetivos na hora de resolver problemas é importante. Os objetivos de uma rede podem incluir iniciativas de longo prazo e canais de recursos para os participantes. Uma rede não precisa chegar ao fim depois de uma única iniciativa;
- Invista para concretizar plenamente os benefícios da rede. Leva tempo e energia para a criação de redes úteis. Jornalistas precisam encontrar parceiros adequados, colaborar e compartilhar recursos, bem como lidar com dinâmicas sociais e divergências. Se forem definidos objetivos e houver investimento adequado para atingi-los, os esforços vão compensar.
Comece hoje mesmo a ter ideias para a sua rede com esses três passos:
- Identifique cinco possíveis aliados que poderiam ajudar você a impulsionar a sua rede;
- Encontre os contatos dessas pessoas e crie uma estratégia para abordá-las;
- Entre em contato com uma mensagem convincente para marcar uma reunião.
O Disarming Disinformation é realizado pelo ICFJ com financiamento da Scripps Howard Foundation, organização filiada ao Scripps Howard Fund, que apoia os esforços beneficentes da The E.W. Scripps Company. O projeto de três anos vai empoderar jornalistas e estudantes de jornalismo para combater a desinformação na mídia.