Quando a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC, em inglês) ordenou emissoras de TV a publicar os nomes das pessoas que pagaram pelas propagandas políticas no ano passado, os jornalistas sabiam que os registros revelariam histórias importantes sobre os gastos com as eleições de 2012.
Mas para desvendar essas histórias, eles primeiro teriam que vasculhar grandes quantidades de dados.
A equipe da ProPublica, uma organização de notícias sem fins lucrativos que produz jornalismo investigativo de interesse público, não tem recursos para fazer tudo sozinha. Por isso, pediu ajuda aos leitores para examinar os arquivos.
A ProPublica obteve os arquivos do site da FCC e pediu a sua comunidade para ajudar a extrair os pontos-chave dos dados. Estes pontos iam desde identificar quais os grupos compraram anúncios, e onde, a obter detalhes sobre as organizações sem fins lucrativos que desempenharam um grande papel na eleição.
Mais de 1.000 pessoas doaram seu tempo para o projeto, chamado “Free the Files”, que revelou detalhes sobre mais de US$1 bilhão em gastos com propaganda política. Amanda Zamora, editora sênior de engajamento ProPublica, disse que o projeto possibilitou reportagens cruciais que teriam sido impossíveis sem a ajuda da comunidade.
"[O projeto] nos ajudou a demonstrar que esta informação é vital para a compreensão de como os nossos votos estão sendo influenciados", disse ela, "e que o atual sistema de reportagem não é suficiente."
Agora, a ProPublica está se baseando no sucesso deste projeto para o lançamento o “Get Involved”. Esta seção de seu site convida o leitor a contribuir para a reportagem de notícias na ProPublica por meio de discussões, grupos comunitários e muito mais.
Esse engajamento dá à equipe da ProPublica novas fontes para suas matérias, porque inclui no processo pessoas com novas perspectivas e conhecimentos. Eles também estão construindo uma comunidade em torno de uma investigação enquanto é apurada, cultivando assim um público para seu jornalismo.
"Engajar os leitores ativamente implica compreender de quem eles são, de onde eles vêm, o que estão procurando e como se encaixam (ou não) com o que você está buscando realizar jornalisticamente", disse Zamora. "Quando você consegue encontrar esse ponto onde esses interesses se alinham, leva tempo construir experiências que geram ação."
Depois que a ProPublica encontra esse ponto de interesse, faz duas perguntas de ordem prática: "Como é que vai investir pessoas no seu projeto? Está pedindo algo deles que é viável?", disse ela. "Se pode responder estas duas questões, e vê uma história real tomando forma como resultado, você tem um grande projeto."
Por exemplo, a ProPublica formou uma comunidade de pessoas que sofreram má prática em hospitais (e outros interessados sobre danos ao paciente) no seu site e no Facebook. Os membros da comunidade aprendem e compartilham recursos, além de conectar um com o outro. Enquanto a ProPublica conduz sua investigação sobre o tema, os repórteres estão interagindo com pacientes, médicos e outros interessados nessa matéria.
Desde o lançamento do "Get Involved", a equipe tem visto um aumento significativo de e-mails de pessoas e inscrições para seus grupos e Reporting Network. Eles também receberam informações e ideias que estão fora do escopo do projeto. Então Zamora está trabalhando agora para compilar respostas às perguntas que ela está vendo regularmente para que ela possa responder os leitores genuinamente e rapidamente.
"É um trabalho em progresso, mas importante", disse ela.