Como o terremoto impulsionou as mídias sociais nos jornais japoneses

por James Breiner
Oct 30, 2018 em Diversos

Os jornais no Japão expandiram o papel de servir a comunidade usando as mídias sociais quando um grande terremoto e tsunami atingiram a parte leste do país em 2011.

Yoichi Nishimura, ex-chefe de redação do jornal Asahi Shimbun, com circulação diária de 8 milhões, disse que as organizações de notícias colaboraram para compartilhar informações sobre pessoas desaparecidas com um banco de dados no Google para as famílias encontrarem entes queridos.

"Pela primeira vez, houve um esforço em grande escala conjunta entre as mídias sociais e os meios de comunicação tradicionais", Nishimura disse a uma platéia da Universidade de Tsinghua, em Pequim. A mídia disseminou informações relacionadas com o desastre através de mídias sociais como o Facebook e o Twitter.

Treinamento em jornalismo

Nishimura disse que o jornalismo está se transformando de um "monólogo" com os leitores para uma "conversa" com eles. Muitas organizações estão expandindo o alcance de seus serviços, entrando em contato com os leitores através de meios como o Twitter e o Facebook.

"Os jornalistas precisam ser treinados na nova linguagem, por exemplo, dominar como discernir verdades em meio à enxurrada de informações e os passos concretos desse processo", disse ele.

Além disso, os jornalistas precisam fornecer contexto, pesquisa e explicação do que está acontecendo nas redes sociais.

"Posts no Facebook e tuites muitas vezes contêm expressões de raiva e exasperação. Estes mesmos são informações importantes. Mas as declarações não explicam as razões por trás da raiva, se tal exasperação ou raiva é válida ou não, e o raciocínio por trás dessa postura. Precisamos instruir os nossos jornalistas não só para descobrirem as queixas no ciberespaço, mas também terem a capacidade de analisar o raciocínio por trás tais frustrações."

Mídia cria comunidade

Para Nishimura, uma das lições do terremoto foi reforçar a importância da mídia na criação de comunidade. As pessoas nas áreas centrais do terremoto buscavam informação confiável, pois não tinham acesso à TV ou Internet devido à falta de energia e suas baterias de telefones celulares estavam acabando. Quando os jornais foram entregues aos abrigos de evacuação, as pessoas praticamente correram para obtê-los, alguns em lágrimas enquanto liam.

Aqui, os jornais funcionaram permitindo que os refugiados sentissem que eram de fato uma parte do resto da sociedade. Como fonte de informação, os jornais fizeram parte da tábua de salvação , como eletricidade, gás e água.

Recebi uma carta de um leitor que disse: "Quando eu li o Asahi Shimbun à luz de velas no abrigo logo após o terremoto, senti uma conexão com o resto do mundo."

Este artigo foi publicado originalmente no blog News Entrepreneurs e traduzido ao português para a IJNet com permissão.

James Breiner é co-diretor do Global Business Journalism Program na Universidade Tsinghua e ex-bolsista do programa Knight International Journalism Fellow, tendo lançado e dirigido o Centro de Periodismo Digital na Universidade de Guadalajara. Ele é bilíngue em espanhol e inglês e consultor em jornalismo online e liderança. Visite seus sites News Entrepreneurs e Periodismo Emprendedor en Iberoamérica. Siga-o no Twitter.