A reportagem de capa da New York Magazine com 35 mulheres que acusam o comediante Bill Cosby de agressão sexual foi um destaque de muitas maneiras: a imagem da capa em si, com todas as mulheres sentadas em cadeiras em uma única imagem; a profundidade da cobertura escrita; a maneira pela qual os jornalistas contaram a história de cada vítima individualmente; e como a revista usou os recursos impressos e digitais de maneiras distintas para alcançar tudo isso.
A cobertura também ofereceu uma oportunidade para a publicação experimentar novas táticas de mídia social, especialmente o Instagram. A revista estreou uma série de "audiogramas". Cada "audiograma" têm uma foto de uma das mulheres, com texto reforçando uma parte do que diziam e um clipe de áudio --impressionante-- sobre os recursos visuais para que os usuários possam ouvir um pouco sobre sua experiência na própria voz da mulher.
Lainna Fader, editora de engajamento, disse à IJNet que, quando a investigação estava sendo terminada e havia um mês antes da data de publicação, a equipe começou a pensar sobre o que fazer na mídia social para "dar vida a tudo". O pensamento era também focar em plataformas onde a revista tinha um público forte. (Sua conta no Instagram tem 260.000 seguidores.)
"Nós pensamos em cortar os vídeos para 15 segundos ou apenas postar fotos", disse Lainna.
No fim, todos adotaram a ideia de camadas de áudio ao invés de postar vídeos curtos.
"Resultou numa experiência totalmente diferente", disse ela, em comparação com o que foi oferecido no site ou em qualquer um dos outros canais da revista. "Consideramos que é um produto completamente diferente."
Além disso, quando o site da New York Magazine caiu logo após a cobertura ir ao ar, o Instagram se tornou o lugar para ouvir as mulheres falarem.
O audiograma mais popular, de Joyce Emmons, até agora tem mais de 2.130 "curtidas". Lainna disse que, em conjunto, entre sua equipe --três editores de mídia social, mais ela mesma-- bem como fotógrafos e designers, pelo menos uma dúzia de pessoas trabalharam na produção do Instagram.
Quanto a selecionar os clipes de áudio e que citações usar, ela descreveu o processo como caótico, pois entrevistas com as vítimas estavam sendo feitas até poucos dias antes da impressão.
"Nós selecionamos arquivos de áudio e olhamos arquivos de vídeo até dois dias antes", disse Lainna.
Em última análise, a maior parte do texto para os audiogramas veio da revista impressa e o áudio foi tirado das entrevistas em vídeo feitas durante as reportagens. Muito poderia ser considerado "exclusivo do Instagram", observou ela.
A resposta positiva ao tratamento da história no Instagram estimuou a NewYork Magazine a fazer um segundo projeto de audiograma. Há algumas semanas, a publicação começou a colaborar com a rádio WNYC para dar trechos sobre o versão na cidade. Muito mais leves no tom, o áudio, fotos e textos falam sobre coisas como sorvete. A WNYC faz as entrevistas em áudio com os nova-iorquinos, e New York Magazine lida com o resto das mensagens no Instagram.
"Tem sido muito interessante ver o áudio de rádio ter vida no Instagram", disse Lainna. "Queríamos fazer algo único e testar os limites, e estamos agradecidas que as pessoas notaram."
Leia como outras cinco organizações de notícias estão usando o Instagram aqui.
Ouça o audiograma abaixo (em inglês):
Imagem usada com permissão da New York Magazine