O Facebook decidiu fazer mudanças em seu algoritmo para que as postagens de amigos e familiares tenham prioridade no timeline, em vez das grandes e pequenas organizações de mídia, empresas e outras marcas.
Essa mudança é um golpe duro para todas as publicações que usam o Facebook como principal fonte de tráfego porque diminuirá o alcance orgânico, bem como o conteúdo pago.
A especialista em mídia social Sara Aviles, cofundadora da empresa de marketing digital Tecnotool, explicou que os vídeos serão os mais afetados, pois geram menos interações entre usuários.
Essas mudanças são um desafio novo para meios digitais que desejam manter sua presença nas redes sociais. Sara diz que estar no Facebook "não é negociável" porque o crescimento exponencial da rede desestimulou veículos de comunicação e comunicadores de explorar outras possibilidades para alcançar mais pessoas.
"O Google ainda é a primeira opção para encontrar informações entre os usuários latino-americanos", disse Sara, mas o Facebook parece prevalecer nas redações quando se trata de pensar no posicionamento das notícias.
À medida que o Facebook emprega as mudança no feed, as redações devem mudar o foco das redes sociais para manter uma presença online relevante através do Google.
Sara recomenda que editores se concentrem no seguinte:
Gerar conteúdo de alta qualidade e atualizado
Posicionar seu site corretamente através da otimização de mecanismos de pesquisa (SEO, em inglês)
Atrair tráfego através do Google AdWords ou YouTube ads
Definir uma campanha de pagamento por clique na Google Display Network
Otimizar a gestão de relacionamento com o consumidor (CRM, em inglês)
Engajar o público integrando técnicas de remarketing
O mais importante: Sara incentiva editores a explorar todas as alternativas possíveis e a "desenvolver uma estratégia em que o Facebook deixa de ser o sol em torno do qual orbitamos."
Tirando o máximo do uso do Facebook
Embora investir em novos métodos para atrair leitores seja benéfico, é claro que os editores não podem abandonar o Facebook apesar de quão cruel as novas mudanças possam parecer. No entanto, há maneiras para sobreviver e entregar conteúdo para pessoas que já seguem suas notícias.
A lealdade é crucial para se adaptar às novas mudanças. Sara acredita que se os veículos de notícias criarem comunidades leais, seu conteúdo permanecerá relevante porque essas comunidades continuarão compartilhando as postagens entre seus familiares e amigos: interações que serão priorizadas após as mudanças no Facebook.
Ela também sugere que os veículos de comunicação eduquem seus públicos sobre como ativar a opção de "ver primeiro" ou acionar suas notificações.
"A mídia deve [também] se concentrar no conteúdo ao vivo, onde podem interagir com o público em tempo real e contar histórias significativas e relevantes", disse Sara.
Ela aconselha que os editores estejam conscientes de quantas vezes estão postando no Facebook. "Publicar o tempo todo pode se tornar uma arma contra a própria mídia."
Vilma Núñez, consultora internacional da empresa de marketing digital Convierte+, explica que as redações terão que compensar o tráfego que perdem com as mudanças usando as estratégias discutidas acima.
Para conseguir isso, os veículos de comunicação terão que começar a medir o impacto que as mudanças no feed de notícias têm no alcance da audiência.
"A primeira coisa que precisamos fazer é medir os resultados atuais para ver em poucos meses a quantidade de público que realmente perdemos", disse Vilma.
Então, as redações podem medir o impacto das estratégias novas à medida que são implementadas para calcular a melhor maneira de compensar a perda.
Vilma prevê que uma estratégia multifacetada produzirá os melhores resultados. "Teremos que publicar menos conteúdo, mas de maior qualidade", disse Vilma. "Precisamos otimizar cada uma de nossas publicações e optar por alternativas como bots no Facebook e publicidade online."
O desafio para os criadores de conteúdo diante das mudanças no feed de notícias do Facebook será diversificar de tal forma que seu público continue crescendo em vez de encolher.
Vladimir Vásquez é um jornalista nicaraguense. Ele atualmente trabalha como freelancer e também é diretor e cofundador do Terabyte Nicaragua.