Com mudança no foco da batalha contra Aids, jornalistas têm papel crucial

por Stephen Abbott Pugh
Oct 30, 2018 em Diversos

Há décadas, a luta contra o HIV/Aids é uma batalha global, que causou a morte de 34 milhões de pessoas até o final de 2015. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que apenas 54 por cento das pessoas que vivem com HIV/Aids sabem que estão infectadas.

A África Subsaariana é a região mais afetada, com cerca de 25 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids (número estimado de 2014). A região também é responsável por quase 70 por cento das novas infecções do HIV no mundo.

Então, que recursos estão disponíveis para ajudar os repórteres explicarem a realidade do que é viver com HIV/Aids no seu país para que possam contar melhor a história dessa luta e aumentar a consciência sobre a importância das medidas de prevenção e testes?

O People Living with HIV Stigma Index  é um projeto que visa compreender melhor os problemas e desafios que enfrentam as pessoas com o vírus em todo o mundo. Desde 2008, seus funcionários entrevistaram mais de 50.000 pessoas que vivem com HIV/Aids em mais de 50 países em desenvolvimento e desenvolvidos, sendo que os próprios entrevistadores muitas vezes são portadores do HIV/Aids treinados localmente. Estes relatórios de estigma nacionais podem ajudar a orientar jornalistas locais, dando-lhes uma melhor noção das dificuldades reais que enfrentam as pessoas em seu país.

Organizações como o Global Fund, a Fundação Bill & Melinda Gates e o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da SIDA (PEPFAR, em inglês) financiam uma enorme quantidade de projetos em todo o mundo para combater o HIV/Aids através de uma variedade de abordagens e iniciativas. Seus sites oferecem insights e relatórios sobre todos os projetos, bem como conjuntos de dados que a mídia pode usar para melhorar suas reportagens. O PEPFAR oferece dados exportáveis ​​sobre todo o seu financiamento a nível nacional e resultados, ao passo que o Fundo Global tem uma API de acesso a seus dados, além de oferecer essa informação como downloads de Excel ou PDF. Outras organizações como a OMS, ONUSIDA, websites globais de saúde e ONGs locais e instituições de caridade muitas vezes também fornecem guias e dados que podem ajudar a descartar equívocos e conscientizar sobre o HIV/Aids.

No final deste mês, vou participar de uma oficina de reportagem sobre prevenção do HIV focada na sensibilização sobre os benefícios da Circuncisão Médica Masculina Voluntária (VMMC, em inglês). O workshop será realizado em Nairóbi, Quênia. O Centro Internacional para Jornalistas reuniu folhetos e fichas técnicas e também realizou um webinário para os participantes com dicas sobre a melhor forma de abordar essa questão em matérias jornalísticas.

É crucial que os jornalistas obtenham uma melhor compreensão de como a luta contra o HIV/Aids está se desdobrando no seu país, especialmente quando mudanças em relação ao foco e metas dessa bataha estão ocorrendo internacionalmente.

Em 2014, a UNAIDS lançou o seu alvo 90-90-90 para "ajudar a acabar com a epidemia da SIDA". Em 2020, a organização quer que 90 por cento de todas as pessoas que vivem com HIV saibam do seu estado, 90 por cento das pessoas diagnosticadas com HIV recebam tratamento e 90 por cento das pessoas sejam tratadas para ter o vírus suprimido. Esses são objetivos ambiciosos, pois apenas 54 por cento das pessoas sabiam de seu estado em 2014. Mas, sem uma ação urgente, a ONUSIDA estima que 28 milhões de pessoas podem ser infectadas com o HIV em 2030.

Temores sobre uma estagnação nos gastos com a luta contra o HIV/Aids por parte dos grandes países doadores como os Estados Unidos significam um aumento nos esforços para se concentrar em populações específicas de alto risco. O chefe de PEPFAR falou especificamente de focar em mulheres jovens na África Subsaariana.

Jornalistas -- especialmente aqueles que trabalham nessa região-alvo -- devem fazer todos os esforços possíveis para entender melhor a vida das pessoas que vivem com HIV/Aids e como o dinheiro está sendo gasto em prevenir ou tratar o vírus. Quando estiverem armados com essa informação, estarão mais preparados para combater rumores e equipar seus compatriotas com informações de fato que podem ajudá-los nesta batalha.

Imagem sob licença CC cortesia de Pierre Holtz para UNICEF