Wearables, realidade virtual e redações descentralizadas são apenas algumas das inovações de notícias que podem se popularizar nos próximos anos. E isso pode acontecer mais cedo do que você pensa.
A equipe de inovação da BBC News Labs publicou recentemente uma linha do tempo da evolução para tecnologia e notícias, bem como marcos recentes. O projeto, encomendado por James Harding, diretor de notícias da BBC, pinta um quadro de rápida mudança tecnológica que terá um impacto colossal sobre a mídia e jornalistas nos próximos anos.
A IJNet conversou recentemente com Basile Simon, 22, o hacker e jornalista da BBC News Labs que liderou o projeto, sobre projeções-chave da linha do tempo. Aqui estão os destaques:
IJNet: Você pode nos dizer como conduziu este exercício? Qual foi o seu processo?
Basile Simon: Ser o comentarista foi na verdade um ato muito engraçado. Eu achei um pouco paradoxal que eles pediram a mim, um rapaz de 22 anos de idade para olhar a um momento em que eu tinha 10 anos!
Foi complicado não ficar sobrecarregado por tudo o que aconteceu e pode acontecer, mas acho que a parte mais difícil foi realmente chegar a algo original -- e é ótimo que me foi dada uma licença livre para ser "ousado". Todo mundo sabe que o jornalismo móvel vai balançar o nosso mundo. Assim, a minha tarefa era formular uma previsão real. Essa parte foi emocionante, pois você pode ver a tecnologia tornando-se muito real em sua mente.
IJNet: Quando você compilou esta lista, quais foram alguns dos seus maiores tópicos sobre o futuro da notícia?
BS: No ano passado, Matt Shearer, chefe do News Labs, deu uma palestra em um evento junto com James Harding. Ele disse que toda a tecnologia para os próximos anos, e para a próxima década, já está aqui. E olha, ele está certíssimo.
A realidade virtual? Meu Deus, está ficando melhor e melhor a cada mês. A descentralização completa de uma redação? Confira o reported.ly [novo empreendimento do First Look Media de Andy Carvin] para um exemplo incrível. Matérias escritas por robôs? Olá, AP e Reuters. Tradução na hora? Nossa hackatona anterior sobre tecnologia de idiomas nos mostrou que não é para um futuro próximo, já é possível.
É incrível que a base foi formando tão cedo. O jornalismo móvel está aqui há quase uma década já -- só não foi baseado em smartphone, mas começou com FTP e edição em laptops.
A tecnologia está aqui. A diferença será na vontade de tentar usar o novo material.
IJNet: Redações virtuais…quanto tempo falta?
BS: Novamente, reported.ly. Se você não é um órgão de radiodifusão "clássico" -- isto é, não precisa de suítes sofisticadas de edição e antenas parabólicas, não precisa necessariamente do espaço central. Pelo menos no Ocidente, você pode estar online (quase) todos os lugares, com um telefone e um plano de dados. E não é mesmo sinônimo de má qualidade: DSLRs são incríveis, gravadores de áudio não custam nada e fazem grandes shows de rádio e podcasts... e imagine se você tiver sorte o suficiente para ser capaz de codificar seus interativeo e gráficos você mesmo! Você realmente precisa de um escritório?
Então, nós estamos perto. A questão é: será que é viável financeiramente?
A única coisa que eu sei é que eu trabalharia para uma empresa deste tipo de mídia.
IJNet: Parece que estamos muito perto de wearables também. Como você acha que esses produtos serão acessíveis a uma faixa muito mais ampla de jornalistas nos próximos três anos?
BS: Bateria com duração adequada. Qualidade e confiabilidade. E apps/soluções prontas para funcionar ou um software aberto de modo que nerds como nós poderemos aproveitar bem para nossos jornalistas.
Depois de ter tudo isso, é sobre a adoção, não é? Eu realmente não imagino Jeremy Bowen [um jornalista galês de 55 anos e apresentador de televisão] correndo por aí com Google Glass ou gravando com o relógio. Mas jovens podem adotá-lo; olhe para o que Tim Pool está fazendo, é só alucinante. Eu adoraria fazer isso.
IJNet: Como você vê a condução autônoma de carros, OS invisível e o homem em Marte se encaixando no ecossistema de notícias e tecnologia do futuro?
BS: Eu não estou certo de que terão um enorme impacto sobre o jornalismo, mas vão mudar a nossa vida. A condução autônoma vai revolucionar a forma como pensamos e o transporte ao vivo espero tornar todos nós mais seguros. O OS invisível ... é o que eu estou esperando mais. Assista ao filme "Her"; é simplesmente magnífico. Eu tentei várias experiências de realidade aumentada totalmente imersivos, e me senti completamente louco. Isto é ainda mais louco! E Marte, bem, isso foi o "geek" em mim a falar. Eu não estava vivo quando pousamos na lua, mas eu adoraria nos ver em Marte.
Imagem principal cortesia de IKO no Flickr sob licença Creative Commons - imagem secundária cortesia da BBC News Labs