O TheCable, um dos principais jornais online da Nigéria, lançou no início do ano um aplicativo para pessoas com deficiência.
O Disability Inclusive News App (DINA) tem o objetivo de promover a inclusão no ecossistema de notícias do país e proteger pessoas com deficiência da desinformação. É o primeiro aplicativo de notícias da Nigéria adaptado para deficiências.
"Um pilar importante da inclusão é o acesso", diz Mayowa Tijani, que liderou o desenvolvimento do DINA. Ele explica que o aplicativo permite que pessoas com deficiência consumam notícias e tenham acesso a análises de alta qualidade, verificações de fatos, dentre outros.
Um recurso oferecido pelo DINA é uma função de conversão de texto para fala fácil de usar para pessoas com deficiência visual que não conseguem ler textos. "Ele também tem um elemento de conversão de fala para texto que permite que pessoas com problemas nos membros, que preferem não segurar o telefone a maior parte do tempo, falem com seus aparelhos para realizar certas ações", diz. "Ele é nativamente compatível com o TalkBack do Android e o VoiceOver do iOS, que são ferramentas úteis de leitura de tela."
O TheCable recebeu financiamento para desenvolver o DINA do Google News Initiative, por ter sido um dos vencedores do Desafio de Inovação 2022. O projeto busca empoderar veículos jornalísticos do mundo todo que estão mais focados em novas ideias no ambiente do jornalismo online. O objetivo é ajudar esses veículos a encontrar novos caminhos para a sustentabilidade e também obter um entendimento melhor de sua audiência.
O jornal contratou os principais centros de inclusão da Nigéria, Project Enable Africa e Stanforte Edge, como consultores do projeto. Simon Kolawole, fundador e CEO do TheCable, diz que os parceiros ajudaram a revisar a ideia, testaram o aplicativo e deram opiniões sobre o que iterar.
"Teve um ponto em que descobrimos que a solução que estávamos oferecendo estava criando outro gargalo para pessoas com deficiência e não teríamos percebido isso se eles não tivessem usado o aplicativo rigorosamente", diz. "O Project Enable foi nossa janela para este nível de entendimento."
Pessoas com deficiência são a maior minoria do mundo. Este é o caso na Nigéria também, afirma Kolawole.
"Este grupo de quase 30 milhões de pessoas enfrenta um alto grau de exclusão social, estigmatização e discriminação em vários níveis da nossa vida nacional", diz. "Por anos, nós informamos sobre os desafios que essas pessoas enfrentam como nossa contribuição para um mundo mais equitativo, por isso decidimos criar um aplicativo de notícias com a inclusão incorporada desde o princípio."
Ele explica que a ideia por trás do aplicativo é dar a todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, acesso ao jornalismo orientado pelo conhecimento. "Nós simplesmente queríamos remover o máximo de barreiras possível, foi isso que fizemos", diz. "No TheCable, um dos nossos valores centrais é diversidade; o aplicativo é, em partes, uma interpretação dessa diversidade."
Kolawole observa que pessoas com deficiência na Nigéria têm pouca cobertura e pouca representatividade na mídia. "É isso que queremos mudar", diz, acrescentando que o aplicativo já começou a mudar significativamente a natureza e a frequência da cobertura.
"Inclusão não é só fazer a cobertura de um grupo excluído, o que a mídia já faz há muito tempo. É também trazê-los para definir a cobertura, para cocriar conosco e criticar nossos modos existentes de operação", diz. Kolawole acrescenta que o lançamento do aplicativo iniciou uma conversa em torno da inclusão que eles têm o objetivo de manter.
"Também serviu como um espelho para a mídia na Nigéria sobre como até então fazíamos nossas matérias sem considerar as pessoas com deficiência", diz Kolawole, acrescentando que o aplicativo é um exemplo do que eles esperam que outros veículos considerem ao criar novos produtos no futuro.
O TheCable foi criado para ser "inovador, inclusivo e estar constantemente em busca do progresso da Nigéria", diz Tijani. O aplicativo é mais uma expressão dessa visão. "É em busca do progresso da Nigéria que ele preenche a lacuna da diversidade e inclusão no cenário da mídia nacional."