Repórteres locais em toda a Nigéria estão se unindo para lidar com notícias falsas no país. O Africa Check —a primeira organização independente de verificação de fatos da África— está treinando jornalistas e fornecendo-lhes habilidades, exposição, ferramentas e recursos para desmentir afirmações falsas e declarações feitas por funcionários públicos.
A partir de março de 2019, com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos na Nigéria, a organização realizou workshops de treinamento nas seis áreas geopolíticas do país. Os treinamentos visaram engajar mais de 200 jornalistas de diferentes redações em metodologias de fact-checking, preparando-os para serem a próxima geração de defensores de checagem de fatos no país.
“Parte do nosso objetivo no Africa Check é fomentar as habilidades de checagem de fatos entre o público, particularmente [os jovens], e promover uma comunidade de verificadores de fatos não partidária em todo o continente”, disse David Ajikobi, editor nigeriano do Africa Check. "Os resultados esperados incluem a garantia de que as organizações de mídia no país tenham habilidades internas de verificação de fatos para verificar as reivindicações por si mesmas e garantir que os cidadãos possam identificar facilmente falsas alegações e acessar informações precisas."
Os treinamentos estão ajudando jornalistas em redações locais e oferecendo ferramentas e inspiração para que criem editorias de checagem de fatos e iniciem uma cultura de verificação em suas redações.
“Falei com meu editor sobre a organização de um treinamento passo a passo de fact-checking para meus colegas, disse Daniel Ezeigwe, repórter do Anambra Broadcasting Service. "Isso os ajudará a saber o que é a checagem de fatos e o processo que leva".
Os participantes foram treinados para usar ferramentas como a busca de imagens reversas do Google e uma ferramenta similar chamada TinEye, bem como usar metodologias específicas de verificação de fatos, a fim de verificar a autenticidade de vídeos, imagens e textos que estão em domínio público. Eles também foram ensinados a usar o Foller.me, outra ferramenta de checagem de fatos que pode ser usada para verificar contas e perfis do Twitter.
Ajikobi estava satisfeito com o número de jornalistas de diferentes redações que foram treinados durante o programa, e ficou feliz que alguns deles até voltaram para suas redações para treinar seus colegas.
“Recentemente, fizemos um treinamento de um dia para 190 jornalistas ao mesmo tempo em Lagos, patrocinado pelo Google Nigéria. Quase todos eles não sabiam como fazer uma busca reversa de imagens em seus telefones ”, disse ele. "Com base no feedback que recebemos até agora, podemos dizer que o treinamento ajuda os jornalistas a melhorar seu trabalho em uma era em que a desinformação é direcionada a todos —até mesmo aos jornalistas."
A organização está ampliando o treinamento para estudantes de jornalismo em universidades nigerianas, incluindo a Universidade de Lagos e a Universidade Elizade. Toda semana, através de programas de rádio de fact-checking, a organização também alcança cidadãos com verificações de fatos e desmentidos de histórias circulantes. Também incluem dicas para verificar informações e alfabetização midiática.
Através dos treinamentos, Ajikobi disse que os jornalistas receberam as ferramentas e a capacidade para implementar a prática de checagem de fatos em suas próprias redações.
No entanto, segundo Ajikobi, muitas pessoas têm a percepção errada de checagem de fatos e as organizações que defendem isso.
"Muitos consideram erroneamente a checagem de fatos como um ataque às pessoas ou organizações", disse ele. “Nós fazemos verificações não partidárias com o objetivo de promover a precisão no debate público e na mídia. Os verificadores de fatos se concentram em fatos e precisão e não em personalidade, política, etnia ou religião”
"Acreditamos que as redações locais podem implementar a checagem de fatos como parte essencial do processo de produção de notícias", acrescentou ele, permanecendo esperançoso sobre o futuro da checagem de fatos no país. “Esperamos ver a prática de checagem de fatos institucionalizada nas redações.”
Imagens cortesia de Patrick Egwu do treinamento do Africa Check na Nigéria