Catherine Gicheru, bolsista Knight do ICFJ, conversou recentemente com um grupo de estudantes de jornalismo em Nairóbi sobre o uso de dados para melhorar o jornalismo. Gicheru, uma jornalista investigativa premiada e ex-editora do jornal de crescimento mais rápido do Quênia, The Star, está liderando os esforços para expandir o uso de dados em redações quenianas. Aqui estão algumas dicas e ideias que ela compartilhou:
1.) Jornalistas devem evoluir para continuar relevantes.
O momento em que a mídia tradicional -- rádio, TV ou jornais -- é a única maneira de atingir o público está passando. Para os jornalistas de imprensa em particular, dados fornecem uma oportunidade para acrescentar profundidade a sua análise e colocar o que aconteceu em contexto. Este tipo de profundidade ou perspectiva às vezes não é facilmente disponível. Isso significa que os jornalistas terão que mudar um pouco como fazem suas reportagens. O "ele-disse ela-disse" não é suficiente se os jornalistas querem continuar a ser relevantes.
2.) Com o avanço rápido da tecnologia há uma maior digitalização dos dados.
Isso pode ajudar a conduzir ou informar as políticas sobre uma vasta gama de questões, desde saúde a segurança, e pode até mesmo ajudar a melhorar o acesso aos serviços públicos.
3.) Dados podem ser usados para fornecer informações mais detalhadas sobre o que está acontecendo em torno de nós e como podem nos afetar.
Ao dizer às pessoas o que aconteceu, dados podem ajudar os jornalistas a apresentar a análise e as informações que precisam para dar sentido às questões importantes do dia.
4.) Dados podem melhorar uma matéria complexa.
Combinado com técnicas de reportagem tradicionais, dados podem ajudar a contar histórias de maneiras mais interessantes e inovadoras e dar aos cidadãos informações acionáveis. Quantas estradas de asfalto existem no país e como isso se compara aos investimentos feitos pelos governos nacionais e municipais? Os contribuintes estão recebendo o valor pelo dinheiro em termos de atribuições?
5.) Dados podem ajudar o jornalista a falar a verdade ao poder.
Isso inclui desafiar algumas declarações enganadoras que são consideradas como fatos. Quantos professores, médicos, enfermeiros poderiam ter sido treinados com os 791 milhões de xelins quenianos desviados pela fraude no Serviço Nacional da Juventude, o que levou à renúncia de um secretário de gabinete? E é realmente verdade que 1,2 milhões de mulheres vão se beneficiar da maternidade gratuita como afirmou o presidente Uhuru durante o discurso do Estado da Nação em 31 de março de 2016?
6.) Usar dados significa que há menos suposições sobres os fatos.
Você não tem que confiar apenas em citações de indivíduos que tendem a negar tudo se estão sob pressão ou optam por "lembrar errado". Isso também significa que você está em uma posição forte para defender-se de quem o acusa de ser pago para manchar reputações.
7.) Você também pode usar dados para manter políticos/funcionários responsáveis.
Isto é particularmente relevante quando se trata de verificar se os funcionários têm mantido as promessas feitas em época de eleição. Na minha experiência como repórter no Quênia, relatórios do Parlamento são um recurso útil para fazê-lo.
8.) Jornalismo de dados é o futuro.
As técnicas tradicionais da apuração de informação -- como gastar sola de sapato a obter reuniões face-a-face com fontes -- ainda são uma parte integrante do que fazemos como jornalistas. Mas ser um bom escritor com boas fontes já não é suficiente. Você também precisa de algumas habilidades multimídia aqui, uma dose de pesquisa assistida por computador ali e vontade de colaborar com outras pessoas, como cientistas de dados ou artistas gráficos. Todos são importantes se quisermos cumprir com a responsabilidade de dar sentido ao barulho e fornecer aos cidadãos informação que é importante para eles e de uma maneira que faz sentido.
Imagem sob licença CC do European Journalism Center