Antes da era digital, os jornalistas informavam uma notícia e o público a consumia. A participação do leitores e telespectadores era principalmente limitada a escrever cartas ao editor ou ligar para a redação com uma dica de matéria.
Hoje, porém, o jornalismo é uma via de mão dupla, e envolver a comunidade é uma parte fundamental da missão de uma redação. A participação da comunidade é mais eficaz quando as organizações de notícias "dão prioridade para ouvir, participar, conduzir e possibilitar conversas para elevar o jornalismo", escreveu Steve Buttry, um especialista em mídia e jornalista veterano, em seu blog.
De enquetes a crowdsourcing, organizações de notícias em todo o mundo estão aprendendo a envolver os cidadãos na coleta de notícias. Abaixo estão sete exemplos notáveis de organizações de notícias e projetos com a participação da comunidade em seu núcleo.
California Watch (agora parte da sua organização fundadora, o Center for Investigative Reporting): Desde o seu lançamento em 2009, a organização tem o compromisso de envolver a comunidade e alcançar novos públicos. Distribuiu panfletos em campi universitários para informar sobre a segurança em terremotos, fez testes gratuitos de chumbo e construiu uma página de criança.
CGNet Swara: Shubhranshu Choudhary, ex-bolsista do Knight International Journalism Fellowship do ICFJ, lançou o serviço de notícias móvel CGnet Swara (Voz de Chhattisgarh) que transformou o modo como as pessoas em áreas remotas da Índia recebem e compartilham notícias. O CGNet Swara é um portal de voz para jornalistas cidadãos informarem ou ouvirem bytes de áudio sobre a região de Chhattisgarh em seus idiomas locais. Leia mais sobre CGnet Swara.
A seção de comentários interativos do New York Times: Quando o Vaticano anunciou um novo Papa, leitores do Times que acessaram a matéria sobre a eleição do Papa Francisco foram convidados a definir-se em três maneiras: estavam felizes ou não com a decisão? Ficaram surpresos ou não com a escolha? E eram eles católicos ou não?
"Isso é algo para matérias que achamos que vai ter uma quantidade significativa de reação que podemos, daí, construir algo em torno" disse o vice-editor de notícias interativas, Sasha Koren ao Nieman Lab.
Rastreando Cigarras: A equipe de dados da rádio WYNC fez uma parceria com o programa de rádio Radiolab para construir um rastreador de cigarras, um projeto que usou monitores para prever o ressurgimento de cigarras que acontece a cada 17 anos. Os monitores foram colocados em buracos no solo pelos ouvintes, onde acompanharam as mudanças na temperatura da terra. Quando as leituras ficavam constantes em 64° F (cerca de 18° C), as cigarras começavam a emergir do solo.
John Keefe, então editor sênior de notícias de dados da WNYC , disse ao Columbia Journalism Review: "O que queríamos saber era: 'Podemos distribuir sensores simples e pequenos controladores para um grupo de pessoas que irão participar e compartilhar os dados e reportá-los de volta para nós?" O projeto recebeu cerca de 1.500 leituras de temperatura dos ouvintes, muitas das quais utilizaram os kits distribuídos pela rádio ou fizeram seus próprios, segundo o Nieman Lab.
Kompasiana, um "blog social para a comunidade": Kompas, um dos maiores jornais da Indonésia, cultivou uma rede comprometida de jornalistas cidadãos que postam notícias, opinião e até mesmo obras de ficção online. Desde o seu lançamento em 2008, o site de jornalismo cidadão, Kompasiana, tornou-se a maior iniciativa de mídia cidadã na Indonésia, com 200.000 colaboradores que publicam coletivamente 800 artigos diariamente no kompasiana.com. Leia mais sobre o Kompasiana
‘Get Involved’ da ProPublica: Para investigar os gastos da campanha política em 2012 nos Estados Unidos, o pessoal da ProPublica, uma organização de notícias sem fins lucrativos de Nova York que produz jornalismo investigativo de interesse público, pediu aos leitores para ajudar a "liberar os arquivos".
A ProPublica puxou arquivos do site da FCC, e pediu a sua comunidade para ajudar a extrair os pontos de dados importantes. Isso incluiu identificar quais os grupos compraram anúncios e onde, bem como obter detalhes sobre as organizações sem fins lucrativos que desempenharam um papel importante na eleição. Mais de 1.000 pessoas doaram tempo para o projeto "Free the Files", que revelou detalhes sobre mais de US$1 bilhão em gastos com publicidade política. Leia mais sobre como a ProPublica convidou o leitor a se envolver.
Storyful e Web social: Desde 2010, a plataforma Storyful, com sede na Irlanda, ajuda organizações de notícias a usarem a mídia social para fortalecer a apuração de notícias, reportagens e narrativas.
Porque os jornalistas "não são especialistas em cada assunto", a Storyful encontra as pessoas que são. Seu mandamento básico é: "Há sempre alguém mais próximo da história". Em um artigo de março no blog, Mark Little, fundador e diretor da Storyful, escreveu: "Repórteres eram uma elite falando para uma audiência passiva; na redação social, eles são apenas tão bons quanto o nível de envolvimento com sua comunidade online."
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Jessica Weiss é uma jornalista americana com base na Colômbia.
Imagem cortesia de Alessandro Prada no Flickr sobre licença Creative Commons