O jornalismo de realidade virtual, antes um nicho da reportagem contemporânea, está prestes a se tornar uma ferramenta narrativa amplamente utilizada, graças a produtos como Oculus Rift, Samsung Gear e Google Cardboard chegando ao mercado.
O movimento começou a ganhar força no ano passado, quando a cadeia Gannett de jornais produziu o "Harvest of Change", um retrato interativo de uma fazenda de Iowa que complementou uma série de artigos publicados no Des Moines Register. Quando visto em um dispositivo de realidade virtual, o vídeo parece cercar o espectador, imergindo-o na história.
Desde então, redações como a do New York Times, Al Jazeera, ABC News e outras entraram no mundo do jornalismo de realidade virtual. Na mais recente conferência da Online News Association, em Los Angeles, o PBS Frontline estreou uma experiência de realidade virtual documentando a crise do ebola. O filme, "Ebola Surto: Uma Viagem Virtual", foi criado em parceria com um estúdio de conteúdo chamado Secret Location e o Tow Center for Digital Journalism.
Para ajudar os jornalistas a produzirem jornalismo significativo de alta qualidade em realidade virtual, o Centro Tow lançou um guia de Realidade Virtual de Jornalismo. O relatório baseia-se em experiências do centro, produzindo o filme do PBS Frontline, e oferece um olhar mais abrangente sobre as melhores práticas para storytelling jornalístico com realidade virtual.
Aqui está um resumo das cinco lições principais do relatório:
Certifique-se de que toda a equipe entende o projeto antes do início da produção
Pode parecer óbvio, mas vale a pena repetir: cada membro da equipe deve estar ciente do formato escolhido para a história e saber que matéria-prima é necessária antes de iniciar a produção da realidade virtual. Cada indivíduo deve ser educado sobre as possibilidades, limitações e características que o meio da realidade virtual oferece.
Por exemplo, a equipe que criou o filme PBS Frontline juntou seus processos editoriais e de produção a partir da fase inicial para melhorar o entendimento de cada um dos membros sobre a produção de um conteúdo de realidade virtual de sucesso.
Jornalistas ainda precisam determinar seu papel no jornalismo de realidade virtual
A realidade virtual pode finalmente estar pronta para adoção dos meios tradicionais, mas isso não significa que a arte de criar o jornalismo de realidade virtual esteja aperfeiçoado. No seu relatório, o Centro Tow exorta ao jornalista para continuar a avaliar o seu próprio lugar na relação entre espectadores e conteúdo. Como a realidade virtual é uma experiência imersiva para o público, o jornalista deve considerar a representação de um objeto ou local, bem como do ponto de vista.
Não comprometa a narrativa por uma questão de tecnologia
As tecnologias disponíveis para contar histórias em realidade virtual são amplas, mas não se ligue demais em usar efeitos ou equipamentos caros porque parecem inovadores. A história vem em primeiro lugar e nada além deve ter prioridade. Os pilares tradicionais da forma narrativa -- personagens, ações, emoções, locais e causalidade -- ainda se aplicam à realidade virtual.
Noções básicas sobre custos e "trocas tecnológicas"
Outra consideração que o jornalista deve fazer é sobre o equipamento que usa para produzir artigos de realidade virtual, o relatório explica. Em vez de trabalhar com equipamentos mais complexos e de alta tecnologia, equipes de produção podem optar por equipamentos que vão reduzir a quantidade de trabalho necessária durante a produção e pós-produção, reduzindo custos e permitindo produzir histórias de realidade virtual mais rapidamente.
Como alternativa, é possível produzir conteúdo de realidade virtual de alta qualidade, contanto que você compreenda os maiores investimentos de tempo e dinheiro necessários. O relatório não defende uma opção em vez de a outra: você deve determinar qual o método funciona melhor para você e sua equipe de produção com base em cada caso.
Continue a explorar as possibilidades da realidade virtual
Assim como há muitas formas de jornalismo escrito e transmitido, pode haver muitas maneiras de contar uma história através da realidade virtual. Os jornalistas não devem se fixar em uma estrutura narrativa, pois pode haver tanto valor na realidade virtual ao vivo, visualização de dados de realidade virtual ou de vídeo-game, como há no formato tradicional de documentário.
Para acessar o relatório sobre jornalismo virtual do Centro Tow na íntegra, incluindo o estudo de caso sobre o PBS Frontline, clique aqui (em inglês).
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Kārlis Dambrāns