4 dicas para a cobertura das eleições na Nigéria e além

Feb 1, 2019 em Combate à desinformação
Estação de rádio

Em uma época de crescente desinformação, reportagens de qualidade --especialmente durante as eleições-- são mais importantes do que nunca. Na Nigéria, blogs e sites de notícias online tornam cada vez mais difícil separar notícias falsas de notícias reais. Em 16 de fevereiro, os nigerianos vão às urnas para eleger novos líderes, e repórteres estarão em campo para apresentar reportagens em primeira mão e dar informações ao vivo.

No início deste mês, a BBC organizou uma conferência sobre desinformação antes das eleições gerais na Nigéria. Especialistas em mídia, editores e críticos debateram e ofereceram soluções sobre como livrar o espaço da mídia de qualquer informação falsa ou enganosa.

Como repórter de campo, venho cobrindo eleições em vários níveis --local, estadual e federal-- nos últimos cinco anos. Também participei de workshops, seminários e treinamentos sobre cobertura eleitoral.

Abaixo estão algumas dicas para repórteres cobrindo as próximas eleições gerais na Nigéria e outras eleições em todo o mundo.

Domine o código de ética

Esta é a ferramenta mais importante que um jornalista ou repórter de campo pode ter ao cobrir uma eleição. O fracasso de um repórter em aprender e cumprir um código de ética padrão pode levar a algumas armadilhas:  questões de sedição, difamação e direitos autorais, entre outras.

“Ética e profissionalismo exigem prioridade ao informar sobre as eleições na Nigéria. É o roteiro para qualquer jornalista”, disse Chinyere Okunna, professora de Comunicação da Universidade Nnamdi Azikiwe, em um workshop sobre reportagem eleitoral organizado para jornalistas nigerianos pelo International Press Council e pela União Europeia.

"Você não pode reportar sobre as eleições muito bem se não sabe sobre as leis e os códigos que orientam o processo eleitoral", acrescentou Jide Ojo, analista político.

Tenha cuidado ao usar informação coletada por outros jornalistas

Muitas vezes, repórteres dependem de outros repórteres que os enviam matérias para que, em seguida, possam fazer edições mínimas e enviá-las a seus editores nas redações. Em uma era de prazos rígidos e notícias de última hora, alguns jornalistas encaminham essas matérias para seus editores sem sequer se lembrarem de remover o nome do autor. Embora eu saiba que alguns jornalistas cobrem muitas editorias, trabalham sob extrema pressão e cumprem prazos apertados, é muito importante que os repórteres evitem esse tipo de "reportagem em grupo", pois isso é injusto e equivocado.

No ano passado, um repórter de uma plataforma online líder na Nigéria, o Premium Times, foi demitido por seus editores por alegar ter entrevistado uma fonte. Na realidade, seus editores descobriram que ele nunca entrevistou ninguém.

O repórter baseou-se na reportagem que seu colega compartilhou via WhatsApp, que ele, por sua vez, enviou aos seus editores. Quando a matéria foi publicada, a fonte negou conceder uma entrevista ao repórter. O tiro saiu pela culatra, e ele foi mandado embora.

Utilize ferramentas e sites de verificação de fatos online

É importante sempre verificar fontes, relatos e citações antes de terminar um rascunho final. Interpretar mal uma fonte ou compartilhar números imprecisos pode iniciar conflito entre os lados opostos durante as eleições.

Existem muitos sites e ferramentas de verificação de fatos online à sua disposição para serem usados ao verificar a autenticidade de suas matérias antes de publicá-las. Essas ferramentas ajudarão você a identificar uma imagem alterada, uma história ou notícia falsa ou a fonte original.

Se você não sabe por onde começar, confira o Poynter ou a IJNet, que publicam dicas e conselhos sobre verificação de fatos. O AfricaCheck é outro excelente recurso para jornalistas que trabalham na África. Sua equipe de verificadores de fatos trabalha para desbancar linhas comuns de desinformação no continente.

Faça sua lição de casa

Seus editores, publishers e proprietários de mídia têm grandes expectativas e querem que você produza uma reportagem "interessante" que será exibida na primeira página, gerará tráfego e ajudará a vender a publicação. No entanto, eles não hesitarão em repreendê-lo, discipliná-lo ou demiti-lo quando você se envolver em um grande erro. Mesmo quando os prazos são apertados e as expectativas são altas, você precisa fazer bem sua lição de casa para garantir que tudo esteja bem apurado antes de enviar. Seja o seu próprio editor primeiro, antes de entregar o seu rascunho final.


Imagem sob licença CC no Unsplash via Ovinuchi Ejiohuo 

Patrick Egwu é um jornalista freelance premiado com base na Nigéria com foco em questões globais de saúde, conflito, educação, tecnologia e desenvolvimento. Ele recebeu o prêmio Hostwriter Pitch Prize de 2018. Para saber mais sobre ele, leia seu perfil de Jornalista do Mês da IJNet.