Coberturas podem causar danos na saúde mental de jornalistas, especialmente quando tratam de tópicos sensíveis como refugiados. Estresse e dificuldades estão presentes em todas as etapas do processo, assim como na responsabilidade que você deve assumir quando estiver lidando com refugiados na condição de repórter e de entrevistador.
Neste texto, exploramos diferentes fatores que podem contribuir para as preocupações com a saúde mental dos jornalistas enquanto cobrem tópicos sensíveis e desafiadores. Na sequência, oferecemos fontes e organizações às quais se pode recorrer para aprofundar o conhecimento e obter apoio.
Fatores que contribuem para os desafios da saúde mental dos jornalistas
Cobertura de assuntos sensíveis e potencialmente traumáticos
Fazer a cobertura de histórias traumáticas, como sobre refugiados fugindo de conflitos em seu país de origem, pode afetar a saúde mental dos jornalistas. O site Journalist's Resource examinou estudos que ilustram o "estresse ocupacional" e seus impactos na saúde mental do jornalista.
Por exemplo, o artigo inclui resultados de um levantamento com jornalistas conduzido pela Kent State University após o furacão Harvey, em 2017, que mostrou que um em cada cinco participantes "chegaram no limite do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)", enquanto 90% experimentaram alguns sintomas de TEPT relacionados à cobertura do furacão. Ao mesmo tempo, dois em cada cinco participantes atingiram os critérios para depressão e "93% vivenciaram algum sintoma de depressão”.
[Leia mais: Superando desafios de reportagem sobre refugiados durante a pandemia]
Trabalhar em meio à COVID-19
Além do estresse que pode resultar da cobertura de comunidades que viveram traumas, a COVID-19 intensificou nos jornalistas as preocupações com a saúde mental. De acordo com o Journalism and the Pandemic Project, publicado pelo ICFJ e o Tow Center for Digital Journalism da Columbia University, 70% dos entrevistados identificaram os impactos na saúde mental em razão da cobertura da COVID-19 como o desafio mais difícil ao se trabalhar durante a pandemia.
Já uma pesquisa publicada pelo Reuters Institute, em julho de 2020, sobre a reação psicológica dos jornalistas que trabalham na cobertura da COVID-19, apontou que a maioria dos entrevistados passou por sofrimento psicológico, incluindo um quarto dos participantes que vivenciaram "ansiedade clinicamente significativa... o que inclui sintomas de preocupação, sensação de estar no limite, insônia, concentração ruim e fadiga".
Efeitos da tecnologia na saúde mental
O bem-estar digital é outra faceta da saúde mental atualmente. Apesar de a tecnologia ser uma parte essencial do trabalho de um jornalista, ela também pode ser um grande fator de estresse. Esse tem sido o caso ao longo do último ano, particularmente, uma vez que os repórteres têm contado mais com a tecnologia para trabalhar durante a COVID-19. Administrar o estresse e sobrecarga digital como um jornalista é mais crítico do que nunca.
[Leia mais: A difícil integração de jornalistas africanos refugiados na França]
Fontes e organizações úteis
Saúde mental em geral
- O Kit de Ferramentas em Saúde Mental e Jornalismo da IJNet contém textos e uma série de seis episódios do podcast IJNotes sobre saúde mental
- Uma dessas fontes inclui dicas para lidar com o momento pós-cobertura de assuntos angustiantes e traumáticos. As dicas incluem não pressionar a si mesmo para superar a experiência traumática por conta própria, acalmar seu corpo e conversar com alguém em quem você confie. O conteúdo também linka para conselhos sobre trauma secundário da Dra. Gail Kinman, professora visitante da British Psychological Society em psicologia da saúde ocupacional.
- Esta fonte da IJNet pode ajudar jornalistas a aprenderem mais sobre seu bem-estar mental. Ela linka para um webinar sobre saúde mental de jornalistas, com os painelistas Bruce Shapiro, diretor executivo do Dart Center for Journalism and Trauma da Columbia University, e Sherry Ricchiardi, Ph.D., co-autora do guia de Cobertura de Crises e Desastres do ICFJ e consultora internacional de mídia.
- Ao cobrir um assunto sensível, as fontes podem estar vivendo seu próprio trauma. É essencial lidar com suas fontes com respeito e carinho, para não causar danos adicionais ao bem-estar mental delas. A Ethical Journalism Network oferece um guia para cobrir assuntos sensíveis.
- Em um artigo da IJNet, a jornalista Elaine Monaghan compartilha dicas de autocuidado na linha de frente.
- O Carter Center criou uma lista de recursos para jornalistas que estejam lidando com preocupações relativas à saúde mental enquanto trabalham durante a pandemia.
- O site Self-Investigation oferece uma variedade de serviços e conselhos para melhorar o bem-estar de profissionais de mídia.
Trauma
- Guia do Dart Center para jornalistas, editores e administradores sobre trauma e jornalismo
- Fontes sobre trauma vicário, da American Counseling Association
- Conselhos para prevenir trauma secundário, da British Psychological Society
Bem-estar digital
- A IJNet apresenta estratégias para administrar o estresse associado à sobrecarga digital
- Aqui uma dica do Centre For Humane Technology, que oferece sugestões para ajudar a reduzir o estresse trazido pela tecnologia e o seu uso. As dicas incluem desabilitar notificações, remover aplicativos tóxicos e fazer o download de ferramentas úteis
Organizações para conhecer
- Dart Center for Trauma and Journalism
- Canadian Journalism Forum on Violence and Trauma
- International News Safety Institute
- Rory Peck Trust
- A Culture of Safety (ACOS) Alliance
- The Carter Center
O ICFJ, organização à qual pertence a IJNet, fez uma parceria com o Facebook Journalism Project em seu programa de Cobertura de Comunidades de Refugiados em meio à Pandemia.
Imagem principal criada por Malak Elabbar.