Como combater falsas narrativas sobre eleitores inaptos

porChequeadoNov 6, 2023 em Combate à desinformação
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Alegações de que eleitores inaptos vão poder votar são um dos tipos mais comuns de desinformação que circula em torno de eleições

Pessoas mal intencionadas podem afirmar que mortos estão incluídos no cadastro eleitoral ou que pessoas vão usar a identidade de falecidos para votar, na tentativa de fraudar as eleições.

Em alguns casos, pessoas falecidas podem aparecer no cadastro eleitoral devido a erros de registro; autoridades normalmente conseguem corrigir esses erros. Em outros casos, alguém pode falecer entre o momento em que as listas de eleitores são criadas e a data da votação. O sistema eleitoral dos países normalmente também inclui métodos para lidar com esses problemas.

 

 

Por exemplo, durante as eleições gerais de 2022 na Costa Rica, o governo permitiu que os eleitores usassem carteiras de identidade expiradas nas sessões eleitorais devido à pandemia. Desinformação à época afirmava que isso permitiria que milhares de pessoas falecidas votassem. Pelo contrário, o cadastro eleitoral foi na verdade atualizado até o dia da eleição para remover os nomes de quem havia morrido.

Outro exemplo ocorreu no Peru, onde um vídeo circulou durante as eleições de 2021 no país mostrando um ato eleitoral supostamente assinado por uma pessoa morta. Mas era um erro de digitação: o usuário simplesmente tinha inserido o último dígito da carteira de identidade incorretamente.

As falsas narrativas relacionadas a eleitores inaptos tipicamente têm como alvo grupos marginalizados, e muitas vezes usam preconceitos sociais. Isso acontece em contextos variados e as eleições, que envolvem muita tensão, não são exceção.

Em muitos países, campanhas de desinformação também buscam disseminar medo em relação a imigrantes que votam ilegalmente. Em países onde estrangeiros naturalizados têm permissão para votar, a desinformação pode sugerir que aqueles que não atendem as exigências legais vão poder votar.

Durante as eleições de meio mandato nos Estados Unidos em 2022, alegações falsas sobre imigrantes sem documentos ou recém-chegados votando ilegalmente circularam amplamente. Essas afirmações iam na contramão da realidade segundo a qual, para poder votar nos Estados Unidos, o imigrante precisa ter mais de 18 anos e ter completado o processo de naturalização que pode levar anos. Um exemplo nítido dessa narrativa de desinformação ocorreu no estado do Colorado, onde circulou a informação de que o governo estadual havia enviado 30.000 cédulas para imigrantes sem documentos.  

Na Colômbia, postagens falsas circularam afirmando que venezuelanos poderiam votar nas eleições. No entanto, de acordo com as leis colombianas, estrangeiros só podem votar se tiverem um visto, carteira de identidade de estrangeiro e se morarem na Colômbia por mais de cinco anos. Eles também só têm o direito de participar em eleições distritais ou municipais, mas não na eleição presidencial.

Desinformação similar se espalhou no Chile, alegando que residentes estrangeiros que tinham chegado no país menos de um mês antes do plebiscito para a nova constituição poderiam votar. Mais uma vez, era falso: somente residentes estrangeiros que moram no Chile há mais de cinco anos podem votar.

É extremamente importante ter cuidado ao cobrir eleições e tópicos relacionados. Certifique-se de fornecer informação precisa e evite cair em discurso discriminatório ou criar pânico entre os eleitores.

Erros podem ocorrer durante qualquer processo eleitoral. É crucial não aceitar de olhos fechados esses casos nem apresentar as irregularidades como evidência de que pessoas inaptas vão votar em quantidades significativas.

Em vez disso, a cobertura de tais incidentes deve buscar confirmar se o Estado tem ou não mecanismos implementados para lidar com quaisquer falhas no sistema eleitoral. Também é necessário determinar se tais incidentes são isolados ou resultado de uma tentativa organizada de interferir no processo eleitoral.

Falhar em fazer isso pode resultar na disseminação de desinformação que busca deslegitimar o processo eleitoral.


Este recurso é parte de um kit de ferramentas de cobertura de eleições e como identificar desinformação, produzido pela IJNet em parceria com o Chequeado e o Factchequeado, com apoio do WhatsApp. A produção dos vídeos foi feita em parceria com Aos Fatos, Comprova, Estadão Verifica e Lupa.

Para mais informações sobre desinformação eleitoral, visite o PortalCheck

Imagen by Mika Baumeister on Unsplash.