Freelancer e editor: uma parceria que precisa funcionar

Dec 18, 2022 in Freelance
Encaixe quebra-cabeças

De acordo com uma pesquisa feita em 2022 por uma empresa especializada em carreiras, os Estados Unidos possuem cerca de 15 mil jornalistas que trabalham como freelancers. No Brasil, não existe um número exato, mas de acordo com a pesquisa feita em 2021 sobre o Perfil do Jornalista Brasileiro, o volume de vínculos empregatícios vem diminuindo. As formas que incluem freelancers, prestação de serviços sem contrato, pessoa jurídica e microempreendedor chegam a 24% do total de profissionais de mídia.

Estou a caminho do meu segundo ano como editora de Português da IJNet onde temos um time afinado de duas dezenas de colaboradores. O dia a dia deste relacionamento faz a gente perceber o que dá certo, o que funciona, mas também o que precisa ser aprimorado. Esta lista de dicas para freelancers é baseada não só na minha experiência na IJNet, mas também no meu trabalho como editora em outros veículos, bem como na minha própria experiência como freelancer. Espero que sejam dicas úteis para quem quer enveredar por um jornalismo independente. 

1. Alvo certo

Oferecer uma boa pauta é a porta de entrada para conseguir conquistar o espaço para um freela. Antes de elaborar uma pauta é preciso conhecer o veículo para o qual você pretende escrever. A pauta pode ser maravilhosa, mas, se não estiver alinhada com o perfil do veículo, pode ser uma grande bola fora e um sinal de que você nunca leu nada do conteúdo do tal veículo. E se você souber sobre o que eles publicam, pode evitar outra bola fora de oferecer uma pauta que acabou de ser feita. Estudar também o estilo editorial das publicações, entender como eles identificam as fontes, por exemplo, é um ótimo passo para entregar um material nos moldes adequados.  

2. Sinceridade

Jogar limpo sobre o que não conseguiu apurar, sobre o prazo que não vai conseguir atingir ou sobre a impossibilidade de realizar o trabalho combinado é primordial. Parece óbvio, mas uma mentirinha é mil vezes pior do que se explicar de verdade. É claro que o (a) freelancer que comete deslizes frequentes, será difícil ser lembrado (a) em outra oportunidade. Mas todo mundo pode ficar doente, todo mundo pode pensar que a fonte vai falar e a fonte pode furar. Considerando que a pessoa da edição é alguém razoável, busque dar satisfação do que deu errado, de forma sincera, o mais rápido possível.

 

3. Evite o “não”

Você escreveu o texto, considera que ele está irretocável, mas é claro que o (a) editor (a) pode querer algo mais. Se isto acontecer, o pior a fazer é dizer que não tem jeito, que não há como buscar outra fonte, que você já esgotou a apuração. Sempre é possível mostrar boa vontade em atender algo na edição. Você pode até não conseguir o dado extra pedido, mas a tentativa é sempre muito valorizada. Aquela luzinha da preguiça que se acende quando você se nega a atender pedidos para mudar, acrescentar ou reescrever pode ser crucial para que um futuro trabalho aconteça. Ainda mais se o (a) editor (a) acabar fazendo o seu trabalho porque você disse não. É aquela história de sempre se mostrar proativo(a), trazendo soluções e não problemas.

4. Melhor pecar por mais do que por menos

“Eu acho que um entrevistado é suficiente”. Pensar assim como freelancer, a não ser que você esteja escrevendo o perfil de alguém, é outra luzinha que vai bater para a pessoa da edição como “preguiça”. Fontes com boas aspas colaboram para um conteúdo de peso. Obviamente não adianta ter vários entrevistados que dizem a mesma coisa ou não dizem nada que acrescente. Vale buscar fontes, muitas vezes alguma até que surpreenda o editor (a), com boas sacadas sobre o assunto. Se o seu material estiver maior do que o estipulado é sempre bom trocar uma ideia do que pode ser feito: deixar o (a) editor (a) diminuir o que precisar ou sugerir algum parágrafo que possa ser removido. Não são todos os editores que pensam assim, mas eu acho que vale a pena entregar algo mais extenso e deixar por conta da edição. Porque muitas vezes o que você considera irrelevante pode ser justamente o que o (a) editor (a) vai achar mais curioso.  

 

5. Questão de timing

É sempre complicado saber quando insistir e quando aguardar. Bombardear o (a) editor (a) com mensagens ou e-mails para ver se a pauta vai vingar ou quando o material será publicado, não é a melhor maneira para azeitar este relacionamento. Da mesma maneira, a pessoa da edição não pode deixar o jornalista sem respostas. Por isso, um bom sinal de cordialidade é o tal do “combinado não sai caro”. No papel de freelancer, você tem o direito de perguntar, na mesma época da decisão da pauta, se há previsão de publicação ou como funciona o calendário do veículo depois que o material é entregue. A mesma pergunta pode ser feita quanto ao prazo para pagamento. É possível perguntar também com que frequência você pode apresentar novas pautas. Muito provavelmente, o (a) editor (a) vai precisar analisar um primeiro material para poder lhe dar retorno sobre manter seu trabalho de freela.

6. Envolvimento com o veículo

É claro que sendo freela, a pessoa não tem vínculo empregatício. Por isso, ninguém pode exigir ou reclamar que gostaria de periodicidade nas publicações. Seria perfeito se isto pudesse acontecer. Por outro lado, é interessante quando o freelancer se mostra de alguma maneira comprometido (a) com a mídia. Como por exemplo, curtindo e compartilhando as publicações ou prestigiando a Newsletter do veículo, caso exista. Dar força na divulgação do que os outros colegas freelancers publicam no mesmo espaço é um ótimo sinal de engajamento e vai sempre contar pontos.


Foto: Canva