Jornalistas estão cada vez mais recorrendo à tecnologia digital para ajudar a enfrentar desafios assustadores como a disseminação de informações falsas e os crescentes ataques a repórteres, de acordo com a recente pesquisa do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês) sobre o Estado da Tecnologia nas Redações Globais.
A pesquisa atualiza e expande o estudo pioneiro de 2017 do ICFJ, que descobriu que jornalistas estavam com dificuldades para acompanhar a revolução digital. Nestes tempos difíceis para a mídia, nosso estudo de 2019 revela um aumento acentuado na adoção da tecnologia digital por jornalistas nos últimos dois anos.
Confira o sumário executivo e relatório completo (Inglês).
Analisamos respostas de oito regiões mundiais
Desafios Urgentes
Enquanto enfrentam um aumento de ataques online, os jornalistas estão fazendo mais para se proteger. Mais de dois terços dos jornalistas e redações hoje empregam ações de cibersegurança -- um aumento de quase 50% desde 2017. O aumento em comunicações seguras é impulsionado principalmente por aplicativos de mensagens criptografadas como WhatsApp, Telegram e Signal.
Na América do Norte, o percentual de redações que toma medidas de segurança dobrou nos últimos dois anos. Agora só fica atrás da Europa na adesão de medidas de cibersegurança.
Diretores de redação e jornalistas estão tomando medidas para combater a desinformação.
Ainda assim, diretores de redação são mais propensos do que jornalistas a acreditar que a desinformação é um grande problema para o setor.
As redações estão tomando medidas para criar confiança -- embora nem todas as regiões compartilhem o mesmo nível de preocupação. A América do Norte é uma das menos preocupadas.
As Organizações
Cada vez mais redações tradicionais agora usam formatos digitais.
Essas redações híbridas estão utilizando uma variedade maior de formatos digitais para disseminar seu conteúdo.
As perspectivas para agências de notícias só digitais não são tão animadoras. O crescimento da redação digital foi baixo ou diminuiu em todos os lugares, exceto no leste/sudeste da Ásia, sugerindo que menos startups online estão sendo lançadas.
A maioria das redações é pequena. Mais da metade dos veículos de comunicação de todo o mundo tem dez ou menos funcionários em período integral. As organizações só digitais são as menores, com 75% empregando até dez funcionários em período integral.
Os cortes nas equipes de redação continuam. Trinta e seis por cento dos diretores dizem que demitiram funcionários em 2019, em comparação com 31% em 2017. Embora as grandes organizações de notícias tenham diminuído de tamanho, as menores estão adicionando funcionários.
As Ferramentas
Jornalistas estão cada vez mais usando dados em seu trabalho diário.
Mensagens instantâneas estão entre as ferramentas mais populares do mundo para atrair o público, com uma exceção clara: a América do Norte.
A maioria dos entrevistados acredita que as ferramentas digitais transformaram todos os aspectos de seu trabalho para melhor, mas jornalistas têm menos certeza do que seus diretores sobre os efeitos das redes sociais.
As Pessoas
Profissionais de tecnologia ainda são poucos e raros nas redações.
Em algumas partes do mundo, as mulheres estão fazendo progressos significativos. Elas ocupam cerca de metade dos cargos de direção na Eurásia/ ex-URSS (62%), América do Norte (56%), Europa (51%) e América Latina (49%).
As mulheres também representam aproximadamente metade dos funcionários de redações em três das oito regiões -- embora a diversidade de gênero continue sendo um problema, principalmente no Oriente Médio/Norte da África e Sul da Ásia.
Enquanto jornalistas usufruem de pouca segurança no emprego, as redações da maioria das regiões (exceto na América do Norte) enfrentam dificuldades para encontrar e reter funcionários.
As Editorias
Governo e política são as editorias de notícias mais populares, mas aproximadamente um terço dos jornalistas cobre educação, saúde, economia e meio ambiente. Jornalistas norte-americanos, no entanto, cobrem editorias não políticas com menos frequência do que outros.
O jornalismo investigativo também está entre as principais editorias para repórteres.
Embora a grande maioria das redações informe sobre uma variedade de eventos locais, nacionais e internacionais, apenas algumas cobrem exclusivamente notícias locais e da comunidade. A maioria é veículos pequenos.
Treinamento
Jornalistas querem um treinamento mais avançado e intensivo do que estão recebendo.
Métricas e Analytics
Surpreendentemente, os diretores de redação não estão tão obcecados com as principais métricas, como visualizações de página, como estavam há dois anos.
Quando consultam métricas para análise de dados, mais de um terço dos diretores de redação as usa para rastrear o trabalho de seus jornalistas.
O Negócio
A publicidade não é mais a maior fonte de receita para a maioria dos veículos de comunicação, que estão diversificando suas fontes de financiamento. As organizações sem fins lucrativos têm um portfólio de receitas mais equilibrado do que as com fins lucrativos -- apesar das organizações sem fins lucrativos também dependerem muito da publicidade em anúncios digitais.
Os diretores de redação dizem que a maioria das ferramentas digitais ajuda a aumentar a receita, mas algumas funcionam melhor do que outras.
O Futuro
O ICFJ pediu aos gerentes para identificar importantes fontes de receita no próximo ano. Em 27%, espera-se que as assinaturas online/memberships sejam extremamente promissoras -- embora apenas 4% das organizações de notícias digam que atualmente é sua fonte financeira mais importante.
Globalmente, as redações esperam uma maior diversidade de fontes de receita, mas algumas regiões apostam em diversificar mais do que outras.