Icfj 的一个项目

Como criar produtos no jornalismo que as pessoas topem pagar?

作者 Marina Souza
Apr 25, 2023 发表在 Engajamento da comunidade
Caixa entregue

“Como criar produtos relevantes que as pessoas topem pagar?” Esse é um dos desafios do jornalismo, segundo Paty Gomes, diretora de produtos no JOTA (startup brasileira atuante na cobertura dos três poderes). No sexto webinar do programa “Acelerando Negócios Digitais”, um projeto do ICFJ em parceria com a Meta, Gomes destacou a necessidade de desenvolver bons produtos diante da crise no modelo de criação e de distribuição do conteúdo, do crescimento das mídias digitais e da disputa pela atenção do usuário. “Se você trabalha num veículo jornalístico, o seu segundo concorrente direto não precisa ser um jornal, pode ser que as pessoas se informem pelo TikTok ou pelo Instagram.”

O que é produto?

“Produtos são entregas ou serviços escaláveis que geram valor para o usuário final de forma recorrente e, com isso, trazem faturamento para a organização que o produz. E, se é um produto digital, tem tecnologia”, define Gomes. Ela apresenta três pilares que o caracteriza:  

- Gera valor para o cliente: meu assinante quer pagar por isso?

- Gera valor financeiro para a organização de maneira recorrente e escalável.

- Representa a missão da organização. “Esse pilar traz uma discussão ética para nós, jornalistas. É assim que deveríamos impactar o nosso usuário?”.

Durante sua apresentação, Gomes indicou este texto para complementar as informações sobre produtos digitais no jornalismo.

Por onde começar?

Se o veículo já oferece um produto, o primeiro passo é melhorá-lo, ao invés de criar outro. A metodologia de desenvolvimento dá bons nortes:

- Entenda o seu fluxo. Quais são os seus produtos? Como a entrega é feita, quem são as pessoas e quais as suas responsabilidades nesse processo?

- Otimize a entrega. Que problema o produto resolve? A que objetivos de negócios ele responde? Quem são seus concorrentes? Quais as melhorias podem ser feitas e em qual ordem podem ser atacadas?

- Escolha uma métrica de sucesso para guiar o seu negócio e se atente para três requisitos: o faturamento; a geração de valor para o cliente e o progresso do produto. “No Airbnb, a métrica é o número de noites reservadas (da acomodação). No Spotify, o número de minutos ouvidos (da música de um cantor)”, exemplifica.

- Ajuste a rota. Tenha um processo para acompanhar métricas, ter insights e compartilhá-los com o time.

Qual é o seu problema?

Gomes considera que a etapa mais subestimada no desenvolvimento do produto é identificar qual a carência que a criação irá suprir. “A coisa mais comum de acontecer é alguém me procurar para transformar uma ideia em produto, e aí eu pergunto: qual problema a sua ideia resolve? A gente precisa começar pelo problema e não pela solução”. Ela destaca pontos importantes a serem considerados:

-  Identifique se existe uma necessidade de informação, uma demanda da audiência.

- Estudo do caso: quem são as pessoas que têm esse problema? Vale o investimento para desenvolver um produto para solucioná-lo?

- Desenvolvimento: tendo definido quem é o seu público, comece a fase de testes e ajustes. “Compreender as dores dos usuários não é a mais simples das tarefas. O processo requer paciência e tempo”.  Outra estratégia é, antes do lançamento, disponibilizar o MVP (Mínimo Produto Viável). Uma versão mais básica do produto que emprega o mínimo de recurso e traz feedbacks rápidos da audiência sobre o protótipo. “Ao fazer um MVP a gente gera valor mais cedo, lembra ao usuário que se preocupa com ele, coleta feedbacks com frequência, confirma que o produto está no caminho certo e corrige rotas rapidamente.”

Os riscos que uma boa metodologia pode evitar

Gomes afirma que as boas práticas tentam mitigar alguns riscos, citados por Marty Cagan, referência em gestão de produtos:

- Risco de valor: o cliente vai comprar ou usar isso?

- Risco de usabilidade: O produto digital precisa ser intuitivo. O cliente vai entender, sem ajuda, como usar?

- Risco de execução: conseguimos construir esse produto considerando o tempo, os talentos e a tecnologia disponível?

- Risco de viabilidade do negócio: esse negócio faz sentido com as demais estratégias de negócio da organização?

O produto nunca está pronto

“Como manter o produto cada vez melhor? Na base do teste, da melhoria e da conversa com a audiência”. Gomes destaca que é interessante ter algum processo de medição e melhoria contínua. “O que será que eu posso fazer para garantir que eu esteja entregando o melhor, mais adequado e mais aderente para que os usuários paguem com vontade?” Ela afirma a necessidade de buscar a inspiração que vem de fora. “Empresas de mídia, em geral, não têm oferecido uma experiência tão boa quanto as outras marcas. Devemos buscar inspiração nessas empresas de tecnologia.”


Foto: Canva