Estratégias eficientes para reter a audiência

Apr 18, 2023 em Engajamento da comunidade
Alvo audiência

Será que nosso problema é não saber o que fazer ou não conseguir fazer o necessário para conquistar e reter a audiência? Essa foi a provocação de Guilherme Ravache, consultor digital e colunista do Valor Econômico, no quinto webinar do programa “Acelerando Negócios Digitais”, um projeto do ICFJ em parceria com a Meta. Para Ravache o problema está na segunda opção. Ele explica que, hoje, com o ChatGPT e várias ferramentas de inteligência artificial, as soluções para as questões operacionais e de conteúdo das organizações já estão disponíveis. “É mais uma questão de execução, do que ter uma ideia brilhante que vai fazer você matar o jogo e ganhar o mercado.”

É preciso fazer as perguntas certas

Ravache demonstra como aproveitar o melhor que as tecnologias podem oferecer. “Eu perguntei para o ChatGPT como as organizações podem aumentar as assinaturas e fiquei surpreso com a qualidade das respostas”. A ferramenta apresentou algumas alternativas:

-  Ofereça testes gratuitos do serviço e opções flexíveis de preços, com planos mensais e anuais.

- Melhore a experiência do usuário. Personalize as recomendações de conteúdo com base nos interesses e comportamentos dos assinantes. “Você pode ter o melhor conteúdo do mundo, se a sua tecnologia não estiver funcionando, as pessoas não vão ficar, porque a experiência é ruim.”

- Apresente um conteúdo de qualidade exclusivo e use o marketing direcionado. Entenda quem é seu cliente e adapte sua publicidade para atraí-lo. “O que todo mundo está fazendo é provavelmente o que você não deveria fazer. Ninguém vai querer comprar o que acessa de graça nas outras mídias.”

Novos produtos para a retenção

Ravache afirma que reter o usuário vai além do jornalismo tradicional e consiste em criar hábito e oferecer produtos que atendam a demanda e forme público. “A gente precisa rever essa vergonha de ganhar dinheiro. É obvio que tem que ter uma separação entre o editorial e o comercial, mas uma operação não fica de pé se não for rentável.”  E exemplifica. “Eu trabalhei numa publicação que entregava um conteúdo da Segunda Guerra Mundial. Nós começamos a colocar o link de livros sobre o assunto para vender. Trouxe um bom resultado.” 

Além dessa estratégia, o consultor aponta outras fontes de renda. É o caso dos licenciamentos de filmes, séries, livros, podcasts e cursos e das parcerias com afiliados, como a Amazon ou Magazine Luiza, que disponibilizam o link da compra do produto dentro do site da organização. “A gente acabou esquecendo que o jornalismo é serviço. Somos bons em produzir conteúdo, mas fracos em marketing.”

Conheça as tecnologias

Tecnologia e redação têm que estar cada vez mais integradas. “Vivemos uma guerra na economia de atenção. Cada vez mais nos tornamos empresas de tecnologia e não dá para pensar o conteúdo de maneira isolada.” Ravache afirma que o melhor produto do mercado é o que se adequa à realidade do negócio. “Não adianta ter uma Ferrari e não ter custo operacional para manter. Um veículo local não pode ter um custo de manutenção abusivo.” Ele aconselha que antes de investir em ferramentas caras, que a organização utilize todo o potencial de boas alternativas gratuitas, como o GoogleAnalytics e Google Search Console. O próprio ChatGPT pode indicar o que é preciso para alavancar a receita. “Pequenas e médias organizações: pensem se vocês precisam de mais uma ferramenta ou de uma execução mais assertiva e de um foco maior no que está sendo realizado.”

Qual o seu foco?

É preciso que as empresas tenham muito claro qual o seu foco. “Aonde você quer chegar? Qual o seu objetivo? Você quer ser uma marca reconhecida pelo conteúdo ou pelo número de acessos? Você quer mover conversas dentro da sua comunidade e melhorá-la? Tudo é válido, mas tem que ter prioridades”. Ravache destaca que toda estratégia tem perdas e ganhos. É inviável ter uma cobertura de nicho e buscar um volume absurdo de audiência. “Se você pretende aumentar o tempo de permanência de página, vai ter que fazer matérias mais elaboradas e, consequentemente, diminuir o volume de produção, o que pode gerar uma queda de audiência”. Ele aposta em times focados em assuntos específicos. “É preciso fazer algo único, pode ser um serviço ou o senso de pertencimento”. E considera que a aceleração tecnológica vai intensificar a noção de comunidade e o jornalismo de mediação. “Eu acredito no crescimento da profissão. Com as tecnologias vai aumentar a necessidade do jornalismo com maior valor agregado.”

O desafio da monetização

“O desafio de monetização para o veículo de nicho é imenso porque é difícil aproximar das grandes marcas. Ao mesmo tempo, a comunidade não tem os recursos para sustentar a operação.” Uma solução é realizar parcerias com as mídias tradicionais, como a tv aberta ou jornais de cobertura nacional e apresentar o conteúdo. “Usar essa força para mover conversas com as marcas e organizações maiores que não acessam à comunidade.”


Arte: Canva