Em junho de 2018, um homem atirou e matou cinco funcionários da Capital Gazette, jornal de Annapolis, Maryland. Foi o ataque mais mortal contra jornalistas na história dos EUA.
Para homenagear esses e outros profissionais da imprensa, um grupo de jornalistas, professores de jornalismo e outros interessados estão trabalhando na construção de um memorial aos jornalistas mortos no National Mall, em Washington, D.C. "O memorial foi inspirado no terrível evento que aconteceu em Annapolis, Maryland", diz Barbara Cochran, presidente da Fallen Journalists Memorial Foundation, que lidera os esforços para construir o memorial.
O Fallen Journalist Memorial vai homenagear jornalistas do mundo todo que sacrificaram suas vidas e afirmar a importância de uma imprensa livre. "É para honrar jornalistas que morreram no exercício da profissão, mas também uma afirmação da Primeira Emenda dos EUA e um compromisso com a liberdade de imprensa no mundo", diz Cochran. "Nosso objetivo é conseguir inaugurar o memorial em 2028, quando se completarão dez anos do ataque ao Capital Gazette."
Homenagem aos jornalistas
David Dreier fazia parte do conselho da Tribune Publishing Company, empresa proprietária da Capital Gazette, à época do ataque a tiros (tempos depois ele se tornou o presidente). Ele criou a Fallen Journalist Memorial Foundation em 2019, no aniversário de um ano do ataque. A preocupação dele era que as pessoas se esquecessem do ataque; ele também queria criar um memorial em homenagem àqueles e outros jornalistas.
O congresso aprovou por unanimidade a lei do Fallen Journalists Memorial em 2019, autorizando a criação de um monumento. "Foi algo que, assim que disseram que não tinha um monumento aos jornalistas em lugar nenhum em Washington, as pessoas concordaram que isso precisava ser resolvido", diz Cochran.
O memorial será voltado tanto para visitantes locais quanto estrangeiros. "A esperança é que os estrangeiros visitem o memorial e pensem sobre a situação em seus países de origem e a importância do papel que os jornalistas desempenham em seus países", diz Cochran.
A proposta de localização do memorial reflete a missão do projeto. Ele vai ficar em um terreno triangular do National Mall, com vista para a cúpula do Capitólio. "Nós sentimos que isso era extremamente importante para estabelecer uma relação entre o jornalismo e um dos símbolos mais importantes da democracia, mas também mostrar a ideia do papel de fiscalização do governo", diz Cochran. O terreno também fica ao longo da avenida da Independência, reforçando a importância do jornalismo sem restrições.
O plano da fundação para a arquitetura do memorial também tem simbolismos. "A arquitetura usa vidros para indicar que o jornalismo depende de transparência, clareza e esclarecimento de assuntos importantes", diz Cochran. "Nós sentimos que a arquitetura realmente reflete o que é o jornalismo." O memorial também terá um disco de vidro onde será gravada a Primeira Emenda.
Vale lembrar que não haverá nenhum nome listado no memorial, para que os visitantes possam pensar em quaisquer jornalistas que foram perseguidos, conforme explica Cochran. "A ideia é que seja o mais universalmente acessível possível."
Futuro do memorial
Cochran explica que a fundação ainda precisa cumprir uma série de ações antes de começar a construção do memorial. "Todo esse processo é governado por algo chamado Lei de Obras Comemorativas, que descreve 24 passos entre o momento em que você tem a inspiração e o momento em que você inaugura o memorial. Estamos no passo 13."
A fundação vai precisar da aprovação de agências federais do projeto arquitetônico, como do Serviço Nacional de Parques e da Comissão de Belas Artes, além de atingir o objetivo de arrecadar US$ 50 milhões, dos quais US$ 25 milhões já foram obtidos até o momento.
Os recursos vão ser usados para a construção e manutenção do memorial e financiar futuras atividades educacionais que a fundação irá realizar. "O memorial também foi pensado para ser um lugar que vai inspirar e educar os visitantes sobre por que a liberdade de imprensa é tão importante como um pilar da democracia e por que jornalistas estão dispostos a fazer sacrifícios, a ponto de inclusive perder suas vidas", diz Cochran.
Ela espera que o memorial inspire os cerca de 25 a 30 milhões de visitantes que o National Mall recebe todos os anos a considerar a importância do papel que o jornalismo desempenha na sociedade. "Os visitantes vão encontrar o memorial e terão a oportunidade de parar e pensar sobre o papel que os jornalistas desempenham para manter a democracia viva, e isso é algo que esperamos que vá elevar e apoiar todos os esforços do jornalismo", diz.
Foto por Andy Feliciotti via Unsplash.