Uma aliança da mídia espera melhorar a verificação das notícias digitais

por Dena Levitz
Oct 30, 2018 em Redes sociais

Apesar dos avanços na verificação da precisão das fontes de notícias, até agora ninguém ainda resolveu a questão, disse Jenni Sargent, diretora do First Draft News.

"Você não pode simplesmente botar a informação numa máquina e conseguir uma luz verde", ela brincou. "Todo mundo tem diferentes processos e técnicas, e tudo é refinado através de prática e pesquisa e tempo gasto."

Um grande passo para a verificação de notícias veio com a formação do First Draft, uma pequena coalizão criada para dar orientação nesta área.

Originalmente composta por nove membros fazendo um trabalho complementar como Storyful and Reportedly, o grupo se expandiu para incluir um elemento crucial e até agora difícil de alcançar: redes sociais. O resultado é a rede de parceiros do First Draft, lançada no mês passado, que espera ir mais longe do que nunca melhorando a literacia e verificação de notícias.

Jenni disse que quando os nove membros originais se reuniram, houve uma realização imediata de que poderiam aprender muito uns com os outros e passar o conhecimento de uma forma mais ampla.

"Nós pensamos na sua forma mais básica; poderíamos produzir um site cheio de recursos e orientação. Então talvez nós todos poderíamos escrever um estudo de caso de um mês e compartilhar nossas descobertas", explicou ela. "Mas assim que lançamos, percebemos uma demanda real para o que nós estámos fazendo. Fomos surpreendidos com pedidos de treinamento. Pediram por consultas sobre políticas de redação. Cresceu realmente rápido a partir daí."

Agora com 30 membros, a nova rede de parceiros inclui jornalistas e editores de organizações de notícias como o New York Times e ABC News, bem como representantes de grandes plataformas sociais como Twitter, Google e Facebook.

A esperança é que através do envolvimento de uma combinação de editores, grandes cabeças da tecnologia e redes sociais, todas as entidades possam combater a proliferação de notícias falsas e, por sua vez, trazer de volta a confiança no jornalismo.

"Envolver essas redes sociais é absolutamente crucial", disse Jenni. "Muitas vezes, há uma discussão entre colegas editores para conseguir uma solução, mas a solução não é possível sem a inclusão das redes sociais."

Um problema comum em verificar notícias provenientes online é a seguinte situação:

Uma testemunha de um crime ou outro evento noticioso de última hora muitas vezes recebe centenas de pedidos de entrevista de meios de comunicação simultaneamente. É o equivalente a uma testemunha ser abordada pessoalmente por jornalista atrás de jornalista, só que o contato e a verificação acontecem nas redes sociais.

Para permitir que a mídia trabalhe mais facilmente com o conteúdo gerado pelo usuário, sem sobrecarregar as testemunhas com perguntas, as redes sociais podem potencialmente alterar as configurações de sua rede de parceiros para dar permissão para usar o conteúdo da testemunha dentro das primeiras 24 horas depois de ser carregado, Jenni disse.

É uma solução que não seria de outra forma possível para redações sem trazer o Google, Facebook ou Twitter para a discussão.

"Eles podem trazer uma perspectiva que nenhum de nós está ciente". Jenni continuou. "Por ter Twitter, você também tem Periscope. Por ter Facebook, você também tem Instagram. Temos Google e, por isso, também YouTube. Do outro lado do espectro, temos representado todos que são centrais à forma como as notícias estão sendo reportadas e descobertas. Ao trazê-los e compartilhar alguns desses desafios, nós achamos que podemos começar a fazer algumas mudanças que realmente irão afetar como estes processos acontecem."

Não há nenhuma exigência financeira para se tornar um parceiro -- apenas uma insistência que os membros participem ativamente.

Nesta época, quando a mídia social é vista por alguns como um substituto para o jornalismo tradicional e há concorrência crescente entre as editoras e empresas de tecnologia para o público, Jenni afirmou que a rede de parceiros trabalha em direção a um interesse neutro e compartilhado: filtrar as notícias não verificadas e falsas.

"Se estivéssemos fazendo mais trabalho em torno da distribuição e publicação de notícias, teríamos uma conversa diferente", disse ela. "Porque este é um ângulo jornalístico, trata-se de olhar para o número de fraudes e técnicas sofisticadas que as pessoas agora estão empregando para tentar destruir a agenda de notícias; todo mundo tem essa atitude de 'Vamos tentar filtrar um pouco esse barulho para que possamos avançar com a reportagem."

Imagem principal sob licença CC no Flickr via michael davis-burchat. Gráfico secundário da rede de parceiros do First Draft News cortesia do First Draft.