O aumento do uso de redes sociais entre crianças e adolescentes trouxe o advento do "cyberbullying" --o "bullying" (intimidação) que acontece online-- e reportagens ruins sobre o tema na mídia.
"As matérias sobre o bullying muitas vezes seguem uma narrativa previsível, com o tema 'vilão versus vítima' que deixa pouco espaço para nuances", escreveu Mallary Jean Tenore em um recente post no Poynter Online. Ela resumiu o painel, "Digital Drama: Growing Up in the Age of Facebook" (em tradução livre, Drama Digital: Crescendo na Era do Facebook), realizado na conferência South by Southwest em Austin, Texas. Aqui estão algumas dicas que ela recolheu para uma melhor cobertura sobre o assunto:
Distinguir o bullying de um simples mau comportamento
Bullying é definido pelo Departamento de Saúde e de Serviços Humanos como "comportamento indesejado agressivo entre crianças em idade escolar que envolve um desequilíbrio de poder real ou percebido". No entanto, os meios de comunicação e público em geral tendem a chamar qualquer tipo de comportamento inadequado de "bullying", de acordo com Danah Boyd, professora e estudiosa de rede social da Universidade de Nova York, que foi uma das palestrantes do evento. "Bullying torna-se sinônimo, especialmente entre os adultos, de todas as formas de maldade e crueldade", disse Boyd.
A palavra é muitas vezes usado em demasia (especialmente nas manchetes americanas) para atrair a atenção e interesse das pessoas, porque faz parte de uma tendência. "Os jornalistas gostam de ser capazes de dizer que alguma coisa é uma tendência, porque isso faz com que seja importante e o leva para a primeira página ou página inicial [de um site]", disse o palestrante Bill Keller do New York Times.
Obtenha a história toda
Embora seja fácil retratar as pessoas envolvidas simplesmente como o valentão e a vítima, os repórteres devem mostrar o que aprenderam sobre eles enquanto pessoas, seus pontos fortes e fracos. Durante a apresentação, Emily Bazelon do Slate lembrou de uma história que ela escreveu sobre um adolescente de Massachusetts que cometeu suicídio. "Essa narrativa preto e branco se desfez quando comecei a passar um tempo lá", disse ela.
Examine cuidadosamente a causa e efeito
Jornalistas às vezes ouvem as palavras "bullying" e "suicídio" e atribuem automaticamente a última à primeira. Bazelon deu o exemplo de Tyler Clementi, um aluno da Universidade Rutgers, que cometeu suicídio. Agências de notícias informaram que Clementi se suicidou depois que seu colega de quarto ter tuitado que Clementi tinha sido visto beijando outro homem, como se o tuite tivesse causado o suicídio. "É enganoso e é um desserviço para a complexidade, quando tentamos fazer tudo caber numa narrativa", disse Bazelon.
Ao discutir "cyberbullying", é importante fornecer o contexto e se abster de dedos apontando para as redes sociais, segundo Boyd. Em vez disso, ela disse, faça perguntas específicas sobre como esses sites podem afetar as ações das pessoas.
Leia o post do Poynter (em inglês) aqui.
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Foto cortesia de Mensatic no Morguefile