Com os muitos desafios que a mídia digital trouxe para a indústria de jornalismo, mais jornalistas estão fazendo a transição para uma carreira mais empreendedora. A fim de tornar suas ideias sustentáveis, repórteres estão aprendendo sobre modelos de negócios, propostas certeira de pauta, marketing, como criar uma marca pessoal e outros conceitos que tradicionalmente pertencem a startups: riscos, incertezas e fracassos ocasionais.
Os currículos das faculdades de jornalismo são cada vez mais orientados para desenvolver projetos inovadores e impulsionar a criação de novas empresas de mídia como resultado. Um desses programas é o Centro Tow-Knight para o Jornalismo Empreendedor, parte da Faculdade de Pós-Graduação de Jornalismo da CUNY. Na semana passada, 18 bolsistas que passaram quatro meses no programa apresentaram seus próprios empreendimentos de startup durante uma noite de demonstração em Nova York. A mostra incluiu jornalistas de 12 países que criaram conteúdo para as comunidades locais, plataformas para editores e repórteres compartilharem seu trabalho, agências de notícias baseadas em dados e novas abordagens da interseção entre tecnologia e contar histórias.
Aqui estão algumas das startups apresentadas durante o evento:
Haptical foi criado para informar e inspirar curiosidade sobre tecnologias imersivas. O site até agora compila as melhores histórias e ideias sobre a realidade virtual, realidade aumentada, vídeo de 360 graus, teleimersão e tecnologia de háptico. O fundador, Deniz Ergürel, um jornalista de tecnologia de Istambul, disse que quer "construir um guia sobre jornalismo de realidade virtual" para fornecer insights sobre a próxima geração de plataformas de computação de uma "maneira fácil e compreensível". Ergürel está atualmente trabalhando em um protótipo para construir um boletim de notícias em um formato de realidade virtual, imaginando como as pessoas vão navegar na internet com esta tecnologia.
Her Africa é uma startup online que reúne notícias, crítica e análise de mulheres africanas. Está expandindo sua plataforma original Her Zimbabwe, que promove o pensamento feminista na liderança no país africano. O fundador, Fungai Machirori, foi inspirado por sua mãe, que se tornou a primeira editora mulher de um jornal no Zimbábue durante os anos oitenta. "Nós fazemos treinamento em segurança digital, mídia digital e literacia digital, e desde que nos tornamos uma organização sem fins lucrativos dois anos atrás, levantamos US$300.000 e recebemos contribuições de jornalistas localizados em mais de 10 países em toda a África", disse Machirori. A plataforma agora quer expandir de forma "mais continental" e apresentar vozes da diáspora africana. "Se conseguirmos mais mulheres em lugares de privilégio para ajudar outras mulheres, as possibilidades são infinitas.
Redações que querem estimular e coletar vídeos gerados por usuários de suas comunidades com base na localização geográfica podem usar Vox Pop. Como o próprio nome sugere, a plataforma recolhe as vozes de pessoas na rua que queiram fornecer respostas em vídeo para questões levantadas no contexto dos acontecimentos atuais. "Vox Pop fornece uma maneira de se envolver mais com a opinião pública, evitando os comentários de trolls na internet, porque o usuário tem que assinar um aviso antes de enviar o vídeo sabendo que o material será usado em uma matéria", explicou seu fundador, o jornalista italiano Davide Mancini. Jornalistas recebem os vídeos geolocalizados em um painel, de onde podem rever e fazer a curadoria das respostas. O projeto de Mancini foi recentemente financiado pela Google Digital News Initiative.
Volt Data, a primeira agência de notícias orientada a dados no Brasil, cobre direitos humanos, desenvolvimento social, questões econômicas e tecnologia, a fim de fornecer histórias baseadas em dados para redações pequenas e médias, bem como a ONGs. Seu fundador, o jornalista brasileiro Sergio Spagnuolo, está convencido de que "dados são o novo preto" e passou os últimos quatro meses trabalhando para "procurar, analisar e transformar dados em algo que as pessoas podem realmente entender". Em parceria com sites de verificação de fatos como Aos Fatos e Gastos Abertos, ele e sua equipe analisaram empréstimos do governo federal no Brasil e criaram um banco de dados sobre as demissões de jornalistas no país.
O app GoClevr percorre o mundo para fornecer novos insights e análises de jornalistas "com as mentes mais brilhantes e sabedorias afiadas". De acordo com seu fundador, o editor australiano e professor Peter Fray, GoClevr é para os leitores que não têm tempo para encontrar seus autores favoritos ou buscar novos autores.
"À medida que o conteúdo é mais adaptado e pessoal, vai ajudar a aumentar o envolvimento com as bylines", disse Fray. Os editores podem recomendar autores para os leitores, ouvintes e telespectadores, com base em seus hábitos de leitura. "Em sua pesquisa, Fray descobriu que as pessoas querem saber mais sobre os autores, suas análises e opiniões, algo que ele chama de "efeito YouTube".
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Steven Zwerink. Imagem secundária por Jenny Manrique.