Então, você acha que reportar com um dispositivo móvel é menos sério do que com os métodos de coleta de notícias mais tradicionais? Pense outra vez, diz Allissa Richardson, professora de mídia móvel na Universidade Estadual de Bowie.
"O jornalismo móvel... não é algo que você vai ter sucesso super rápido", disse ela em um curso online aberto (MOOC) do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas sobre jornalismo móvel. Jornalismo móvel é um processo com uma curva de aprendizado.
Richardson treina jovens a usar apenas smartphones, dispositivos de MP3 e tablets para reportar as notícias. Ela também criou uma plataforma de vídeo online tutorial que vai ensinar as pessoas ao redor do mundo como se tornarem jornalistas móveis, ou "jornalistas de mochila", como parte da Harvard Nieman Foundation Fellowship.
Em seus anos de trabalho com os alunos, ambos nos Estados Unidos e no exterior, Richardson criou uma lista de sete passos básicos que podem agilizar o processo do jornalismo móvel eficaz: pesquisar, escrever, filmar, editar, incluir geotags, armazenar e socializar. Além de ser útil para jornalistas móveis independentes, estas dicas pode ser usadas por pessoas em redações tradicionais ou sem fins lucrativos. Ela explorou cada passo, resumidos a seguir, durante o curso recente do Knight:
1- Pesquisar: No jornalismo móvel, este elemento não é totalmente diferente do que na reportagem tradicional, onde os jornalistas vão ao campo, quando "tem um palpite ou uma tarefa", disse Richardson. Na onda das revoluções da Primavera Árabe, Richardson foi convidada para o Marrocos para treinar mulheres locais para se tornarem jornalistas de mochila em todo o país. Devido ao potencial de perigo nas ruas, Richardson e sua equipe realizaram uma ampla pesquisa com antecedência para saber onde poderiam ir com segurança.
Elas usaram o Twitter para triangular onde a agitação estava ocorrendo, bem como o Foursquare e o Google Mapas. "Nós fizemos a pesquisa antes mesmo de viajarmos, portanto, não estávamos vagando sem rumo com estes dispositivos brilhantes", disse ela. "Nós sabíamos o tempo todo exatamente onde estávamos indo e o que estávamos procurando."
2- Escrever: Se você acha que o jornalismo móvel significa que você não precisa se preocupar com a escrita, pense novamente. "Muitos dos meus jornalistas de mochila ... acham que vão usar esses dispositivos e vão sair e cobrir coisas muito legais", disse Richardson. "E quando descobrem que ainda têm muita escrita e planejamento envolvidos, eles reclamam." Mas escrever é fundamental. Depois de fazer investigação de fundo, os jornalistas de mochila devem preparar representações pictóricas ou escritas de como abordar a história. Isso pode ser uma lista de pessoas possíveis para entrevistar, seguida de uma lista de tomadas para filmar. Depois de saber que imagens você vai filmar e algumas fotos que precisa, você pode escrever esses elementos em caixas e criar um esboço básico das imagens. Então, quando partir para o campo, você pode procurar por "um áudio claro e sucinto" para preencher a matéria.
3 e 4- Filmar e editar: Richardson coloca essas duas etapas em conjunto, porque "realmente bons jornalistas de mochila são fantásticos em filmagem e edição em tempo real". Isso significa que eles não esperam até voltarem para o escritório para remendar uma história; eles fazem isso bem ali na rua. Com o software correto em seu telefone celular, você pode fotografar, adicionar legendas, criar dublagens, incorporar transições agradáveis e mais, disse Richardson. "Fotografia e edição é essencial se você quer ser um jornalista de mochila rápido e preciso."
5- Fazer geotags: Após passar o dia entrevistando pessoas nas ruas, é difícil lembrar de todas as pessoas com quem você falou e onde exatamente suas entrevistas ocorreram. Além disso, as reportagens muitas vezes podem ser caóticas, principalmente nas grandes multidões ou lugares distantes. Enquanto Richardson estava em Mohammedia, Marrocos, ela e seus participantes "cruzavam a cidade" fazendo entrevistas com pessoas na rua e "passamos mais de quatro horas na rua conversando com quem parecia interessado". Então, quando estavam prontos para edição, não conseguiam lembrar exatamente onde tinha sido. "Se não tivéssemos feito o geotag da localização exata, nós nunca saberíamos onde estávamos quando voltamos", disse ela. "Fazer geotags é essencial para o jornalista de mochila, porque você sempre vai estar em movimento."
6- Armazenamento: Após anos de trabalho com alunos que estão acostumadas a simplesmente largar seus dados nos seus Macs, Richardson disse que aprendeu que o armazenamento é "muito, muito importante". Ela recomenda uma solução de armazenamento em nuvem, para guardar áudio e vídeo, enquanto no campo (sem ter que se preocupar em voltar para casa para colocar as coisas em um ambiente de trabalho), além de um disco rígido externo. "O armazenamento é muito importante se você for um jornalista móvel porque aparecem situações e as coisas se perdem, e você não quer ser aquele que tinha algo exclusivo que agora se perdeu."
7- Socializar: Enquanto Richardson estava no Marrocos, ela ficou surpresa ao saber que grupos de mulheres não se reúnem tradicionalmente nas ruas. Assim, quando ela se preparou para ir às ruas com suas formandas, Richardson e as participantes avisaram que estavam a caminho. "Nós tuitamos, usando a hashtag #girlsonthestreet (garotasnarua), então sabiam que estávamos chegando e sabiam que estávamos fazendo isso para usar esses dispositivos". Com o Twitter, Richardson e suas estagiárias divulgaram o que estavam fazendo e reportando. "Toda vez que estávamos fora, compartilhamos a hashtag com as pessoas para que pudessem encontrar nosso conteúdo com muita facilidade", disse ela. "Porque não há nada pior do que chegar com uma grande história que ninguém lê ou vê."
Para mais informações sobre software para jornalistas móveis, confira:
Principais aplicativos para fazer vídeos com o celular.
Aplicativos de Android para jornalistas cidadãos e repórteres digitais em ambientes difíceis
10 useful iOS apps for mobile journalism (em inglês)
Jessica Weiss é uma jornalista freelance com base em Bogotá, Colômbia.
Imagem sob licença CC no Flickr via Johan Larsson