Rastro do dinheiro é tema de hackatona regional para acompanhar fluxo da moeda

por Mariano Blejman
Oct 30, 2018 em Diversos

A cada dia, há mais dados e fontes digitais e, ao mesmo tempo, menos clareza sobre como o dinheiro está fluindo em escala global.

Felizmente, há um exército crescente de nerds dispostos a examinar os dados e ver como eles responder a questões importantes que afetam a todos nós. Estas questões vão desde "Quem está comprando o seu voto?" a "Como os governos estão gastando o dinheiro que pagamos em impostos?"

Temos experiências reunindo nerds que querem analisar o fluxo de dinheiro em encontros do Hacks/Hackers América Latina. Agora, para contribuir ainda mais e forma ainda mais colaborativa para este trabalho, o Hacks/Hackers organizou uma super hackatona regional, chamada O Rastro do Dinheiro (La Ruta del dinero), graças ao apoio do Knight Mozilla Open News, ICFJ e o Instituto do Banco Mundial.

A hackatona acontecerá simultaneamente em 14 cidades (13 na América Latina --incluindo São Paulo-- além de Miami). Confira o site, encontre uma reunião perto de você, cadastre-se e se junte a nós no dia 7 de junho. Esperamos que este dia (que também é o "Dia dos Jornalistas" na Argentina) marcará uma guinada na forma como os meios de comunicação cobrem o rastro do dinheiro. Se seguirmos o dinheiro, seguirmos seus proprietários e seguirmos a sua influência, vamos encontrar muitas vezes uma história importante que o público precisa saber.

Na hackatona, os participantes irão criar projetos que seguem o fluxo de dinheiro de um lugar para um outro. Haverá incentivos para os participantes: até cinco projetos ganharão US$2.000, e um projeto pode levar para casa um prêmio de US$10.000 fornecido pelo HacksLabs.org, o primeiro acelerador de jornalismo de dados na América Latina.

A maratona hacker terá como base e se inspira em alguns dos grandes projetos de rastreamento de dinheiro tomando forma na região e em todo o mundo, como o VozData, um projeto do jornal La Nación (Argentina), que analisa gastos do senado argentino. O projeto africano Where My Money Dey?, que analisa se as empresas de mineração em Gana retornam 3 por cento dos seus lucros para os residentes, conforme exigido por lei. E na União Europeia, o site Farmsubsidy.org, que pretende lançar luz sobre os €55 bilhões gastos em subsídios agrícolas.

O projeto Austerity audit do Financial Times olha para o declínio dos lucros do sistema de benefícios britânico e subsequente impacto nas economias locais. O OpenSpending possui 747 conjuntos de dados de 67 países e tenta descobrir o que os governos fazem com o dinheiro do contribuinte.

Outros projetos estão examinando o setor privado e corporações. O Open Corporate, por exemplo, tem informações sobre 70 milhões de empresas privadas em todo o mundo. A equipe da jornalista Giannina Segnini na Costa Rica trabalhou no ano passado no OffShore Leaks, um banco de dados com informações sobre contas offshore que agora está disponível para qualquer pessoa ao redor do mundo. Na Argentina, a equipe de Hacks/Hackers Buenos Aires, liderada por Sergio Sorín, analisou ​​casos de repressão financeira durante a ditadura da Argentina, por meio de relatórios produzidos pela Comissão Nacional de Valores do país.

Seguir o rastro do dinheiro raramente é um caminho fácil, mas o que você encontra ao longo do caminho faz a viagem valer a pena.

Mariano Blejman, bolsista do Knight International Journalism Fellowship, é um editor e empreendedor especializado em jornalismo de dados.

O conteúdo sobre inovação global de mídia relacionado com os projetos e parceiros do Knight Fellowships na IJNet é apoiado pela John S. and James L. Knight Foundation.