Previsões para a mídia africana em 2019

por Catherine Gicheru
Dec 31, 2018 em Combate à desinformação
Câmera

O novo ano promete para jornalistas na África. Desde a mudança de ambientes políticos até o surgimento de novas tecnologias, os profissionais de mídia devem estar preparados para se adaptar ao ambiente de mudanças rápidas no continente.

Aqui estão três previsões para a mídia africana em 2019:

1- Novas formas de combater desinformação surgirão

A desinformação, especialmente durante as eleições, é comum e geralmente assume a forma de discursos extremos que incitam à violência ou espalham mensagens prejudiciais que visam indivíduos ou comunidades religiosas ou étnicas. A desinformação é frequente em plataformas de telefonia móvel, como WhatsApp ou outras plataformas de mídia social. Mais de 20 países --incluindo a Nigéria e a África do Sul-- devem realizar eleições em 2019. Com isso em mente, jornalistas e organizações de mídia terão de lidar com formas novas e inovadoras de lidar com o flagelo das “fake news”, apesar de equipes insuficientes, com poucos recursos e à mercê das grandes plataformas de internet, incluindo o Google e Facebook. Na Nigéria, 16 redações formaram uma coalizão chamada CrossCheck Nigeria para superar essas limitações e colaborar na checagem de fatos e desmentir notícias falsas antes das eleições de fevereiro.

2- Os profissionais de mídia buscarão modelos de negócios sustentáveis ​​e responsivos

A sustentabilidade da mídia está em declínio na África, de acordo com o Índice de Sustentabilidade da Mídia do International Research and Exchanges Board (IREX). Pressões políticas, ameaças, intimidação e prisão de jornalistas continuarão sendo um desafio para jornalistas e redações na África em 2019. Existe até a possibilidade de que alguns dos países que enfrentam eleições neste ano possam impor leis similares de censura às mídias sociais como na Tanzânia e no Uganda. O maior desafio que eu prevejo é manter a mídia sustentável e proporcionar aos jornalistas a independência necessária para fazer um jornalismo de qualidade impulsionado pelo interesse público. Modelos de negócios em colapso e mercados fracos de anunciantes tornam a mídia particularmente vulnerável a manipulações de elites políticas, práticas antiéticas e jornalismo que é mais motivado por interesses políticos e empresariais do que por interesses públicos. Será um desafio criar modelos que sejam relevantes para a mídia africana, que respondam ao público local e mantenham os valores centrais do jornalismo, em vez de buscar lucros como um fim em si mesmo.

3- As tecnologias digitais serão usadas como um método para aumentar o engajamento do público

Com o declínio da mídia impressa, as plataformas digitais se tornarão cada vez mais importantes para fornecer informações e envolver os cidadãos. Em 2019, acredito que redações e jornalistas vão incorporar novas formas de reportagem para fornecer meios para a participação do cidadão e o compartilhamento de informações. O jornalismo forense baseado em dados ou jornalismo investigativo baseado em evidências se tornará mais do que apenas um termo da moda, enquanto jornalistas e líderes de redações identificam a possibilidade de introduzir novas técnicas de engajamento de cidadãos e público-alvo por meio de reportagens baseadas em dados.


Imagem sob licença CC no Unsplash via Elly Brian

Catherine Gicheru é uma bolsista Knight do ICFJ. Ela é uma veterana editora queniana que trabalha junto ao Code for Kenya e foi nomeada uma das 100 africanas mais influentes de 2018 pela revista New African.