As notícias se espalham rapidamente via TV, rádio ou online, mas não de maneira tão veloz como nas mídias sociais. O "Twittercycle" é mais rápido, hipervigilante e muitas vezes mais sutil do que o ciclo tradicional de notícias.
Um exemplo foi a aguardada decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a atual reforma de saúde do país, chamada de Obamacare. Enquanto os veículos tradicionais mal davam a notícia, o mundo da mídia social já estava fervendo com relatos de que a CNN e a Fox News tinham se equivocado.
Ambos os canais de notícias erroneamente informaram que a lei havia sido revogada, gerando tuites depreciativos, como "Isso é histórico! A CNN acabou de dar o "Dewey Derrota Truman" (uma famosa manchete errada sobre a eleição presidencial americana de 1948) da geração Twitter". As agências Bloomberg e Associated Press postaram a notícia primeiro, com diferença de 24 segundos entre uma e a outra.
A gafe ilustra o novo ciclo de notícias na era do Twitter, caracterizado pela velocidade, complexidade e riscos inerentes. O papel crescente dos sites de redes sociais na disseminação de notícias é inquestionável, como demonstrou a Primavera Árabe.
Ainda assim, a permanência da mídia social ainda é tema de debate entre profissionais da mídia -- inclusive na IJNet -- apesar da crescente população de consumidores de notícias que contam com a capacidade de agregação do Twitter para obter informações.
Mas quando que uma nova forma de comunicação deixa de ser considerada moda para tornar-se um dispositivo indelével?
Rem Rieder, editor e vice-presidente sênior da American Journalism Review, acredita que essa mudança já aconteceu.
"Se é um modismo, é muito bem sucedido," disse à IJNet. "O Twitter se tornou uma força importante na forma como a notícia é reportada. É um ótimo sistema de alerta rápido."
Precisa ser usado com cautela, Rieder disse, uma vez que vem com novos desafios quanto à precisão e verificação. Mas quando é usado corretamente, é "verdadeiramente potente". E o mesmo pode ser dito para o Facebook, que é menos utilizado para dar notícia, mas ainda é uma ferramenta valiosa para os jornalistas. "As taxas de crescimento podem até abrandar, mas ambos parecem estar se incorporando profundamente na cultura."
Greg Linch, produtor de projetos especiais e aplicativos de notícias do Washington Post, disse que sites de redes sociais continuarão a servir como fontes dominantes de notícias, enquanto continuam a fazer parte da rotina diária do público. "Enquanto se tornam mais enraizados na forma como conduzimos nossas vidas, a distinção entre mídias sociais e outras irão desaparecer cada dia mais", Linch disse.
É isso -- nossa adaptação à mídia social como um modo de comunicação diária -- que me convence de seu poder de permanência. Nós não apenas absorvemos a notícia, mas a compartilhamos como uma maneira de construir e projetar nossas identidades no mundo cibernético. Cada notícia que distribuímos é um reflexo de nossos interesses e valores. Se a onda do Twitter e Facebook realmente passar, esse tipo de divulgação autocentrada com certeza irá encontrar um novo lar.
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Imagem: Morguefile