PesaCheck combate desinformação de saúde na África Oriental com ajuda de parcerias

por Irene Wangui
May 3, 2019 em Combate à desinformação
PesaCheck

No final do ano passado, a iniciativa de checagem de fatos PesaCheck ajudou a desmentir uma história falsa sobre o surgimento do vírus do papiloma humano (HPV) no condado de Kisii, no oeste do Quênia. De acordo com a alegação, a doença se espalhava através do beijo e matava mais rapidamente que o vírus da Aids. A mentira foi originada no WhatsApp, espalhada no Facebook e depois disseminada por uma estação de rádio local, a Ghetto Radio

Através de uma parceria com o Facebook destinada a verificar a disseminação de desinformação nas mídias sociais, o PesaCheck conseguiu identificar a publicação como falsa. Em sequência, o Facebook categorizou a notícia como mais baixa no seu feed de notícias, uma prática que diminui visualizações futuras em mais de 80%, em média, segundo a empresa. O Facebook também vinculou o post original ao artigo do PesaCheck, explicando que o HPV é transmitido apenas por contato sexual, e não através do beijo.

A desinformação da saúde é um problema crescente na África Orienta: com a expansão das redes sociais, há uma maior disseminação de fraudes e outras informações falsas que podem colocar vidas em risco. Iniciativas de checagem de fatos, como o PesaCheck, visam combater o problema.

Por meio de parcerias com agências de notícias locais, o PesaCheck consegue divulgar informações verificadas sobre alegações de saúde mais rapidamente.

Um projeto do Code for Africa, um dos principais parceiros do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), o PesaCheck opera no Quênia, Tanzânia e Uganda. A iniciativa verifica principalmente a veracidade das declarações sobre finanças públicas e prestação de serviços, incluindo declarações feitas por funcionários do governo em mídias sociais ou na imprensa.

Além disso, o PesaCheck também começou a examinar afirmações de saúde:

  • Desmentiu rumores falsos em janeiro sobre os surtos dos vírus Ebola e Tilápia do Lago, no Quênia. Uma história publicada por uma plataforma de notícias online e compartilhada no Facebook afirmava que dois casos de Ebola haviam sido reportados em Nairóbi. O PesaCheck constatou que nem as autoridades de saúde quenianas, nem a Organização Mundial da Saúde, registraram casos desse tipo.

  • Em Uganda, o PesaCheck refutou uma alegação de que os gastos do governo com a saúde caíram 90% em um período de cinco anos. A afirmação foi feita em um editorial de jornal que chamou os gastos do governo com a saúde de uma piada e o culpou pela alta taxa de mortalidade em hospitais públicos. A análise do PesaCheck sobre as Contas Nacionais de Saúde (NHA, em inglês) de Uganda constatou que os gastos per capita com assistência médica de fato haviam aumentado nesse período.

  • Na Tanzânia, quando uma autoridade de saúde atribuiu a escassez de medicamentos para o HIV nos hospitais públicos à retirada do apoio de doadores, o PesaCheck considerou a acusação parcialmente verdadeira. O PesaCheck descobriu que, embora a saída de doadores tenha afetado negativamente o fornecimento de medicamentos, outros fatores, como a má gestão da cadeia de suprimentos, também contribuíram para a escassez

PesaCheck
Por meio de parcerias com agências de notícias locais, o PesaCheck consegue divulgar informações verificadas sobre alegações de saúde mais rapidamente.

Como o PesaCheck espalha a verdade?

Além de sua colaboração com o Facebook, o PesaCheck diz que veículos de comunicação locais também disseminam suas histórias verificadas, incluindo o Star no Quênia, Clouds Media e Fikra Pevu na Tanzânia, além do site internacional de agregação de notícias Global Voices. Os artigos do PesaCheck também são compartilhados nas redes sociais, com mais de 70.000 compartilhamentos no Facebook e no Twitter.

O PesaCheck também verifica informações no WhatsApp. Os usuários podem enviar declarações questionáveis ​​para verificação através do número do grupo na plataforma.

Nos últimos meses, o PesaCheck expandiu sua verificação de fatos para incluir declarações feitas no WhatsApp, a plataforma de mensagens criptografadas de propriedade do Facebook. A organização convida os membros do público a compartilhar tais solicitações para verificação no número do WhatsApp do PesaCheck.

Eric Mugendi, editor do PesaCheck, diz que o serviço de checagem de fatos se concentra em questões que afetam o bem-estar dos cidadãos. “O PesaCheck verifica as alegações feitas por figuras públicas sobre a alocação de recursos públicos em torno da saúde e outras metas de desenvolvimento sustentável”, disse Mugendi. "Isso ajuda a responsabilizar os governos e garante que os cidadãos tenham informações precisas para a tomada de decisões."

"Nossos fact-checks também ajudam o público a entender a lógica por trás de certas políticas ou ações de saúde do governo", acrescentou. Por exemplo, quando a Tanzânia introduziu um programa de vacinação contra o HPV para prevenir o câncer do colo do útero, o PesaCheck checou a alegação do ministro da saúde de que o câncer do colo do útero era responsável por um terço de todas as mortes por câncer no país.

"Nós achamos que a afirmação do ministro da saúde é verdadeira", disse Mugendi, "e esperamos que, neste caso, ajudemos os cidadãos a entender melhor a lógica por trás do programa de vacinas".


Imagens cortesia do PesaCheck