Na primeira parte da nossa série sobre fotojornalismo, examinamos os desafios de construir um fotojornalismo mais diversificado e destacamos algumas organizações que buscam uma maior diversidade.
Pauline Eiferman, editora de fotos do Roads & Kingdoms, achava que fazia um bom trabalho contratando fotojornalistas de minorias diversas para as matérias de sua organização de mídia.
Mas ela decidiu realmente parar e olhar para todos os fotógrafos que ela empregou durante o mês.
"Quando vi os números, pensei: Opa, preciso ser muito mais proativa", disse ela.
Ela percebeu que, porque não estava pensando o suficiente sobre o problema e gastando tempo para encontrar fotógrafos novos e diferentes, estava simplesmente escolhendo os mesmos fotógrafos -- que eram principalmente homens de países ocidentais.
Um relatório da World Press Photo 2016 sobre fotógrafos de notícias descobriu que quase 65 por cento dos 1.991 fotojornalistas pesquisados eram da Europa e América do Norte. Apenas 15 por cento eram mulheres.
A questão é bem conhecida no setor. Iniciativas como bancos de dados, tutorias ou bolsas para fotógrafos de minorias diversas têm tentado remediar a situação.
Mas Pauline acredita que os editores de fotos devem ser parte da solução, fazendo um esforço ativo para contratar fotojornalistas que nem sempre podem fazer parte de sua rede ou podem não ter sido amplamente divulgados.
"Se você não prestar atenção, vai acabar publicando apenas [o trabalho] de fotógrafos masculinos; isso só acontece se você não for proativo", disse ela.
E esses esforços exigem trabalho extra, alertou ela.
"Às vezes eu procuro um fotógrafo por horas antes de encontrar alguém que não seja um cara branco que venha dos Estados Unidos", disse ela. "Quando encontro alguém com quem estou satisfeita, é ótimo, porque sei que posso contar com essa pessoa para contar a matéria da maneira que eu quero que seja contada."
Em geral, Pauline disse que recebe mais propostas de fotógrafos homens e agora presta atenção ao gênero e à nacionalidade da pessoa que fez a proposta.
"Tantas matérias são propostas por um fotógrafo americano, italiano ou inglês que está passando algumas semanas em um país --o que é muito bom-- mas se eu conseguir encontrar alguém que conheça melhor a história e que seja realmente profundamente enraizado nessa comunidade, então é realmente uma vantagem", disse ela.
Pauline é motivada por iniciativas e ferramentas que ajudam a traduzir seu desejo de levar mais diversidade às matérias. Ela disse que usa a Women Photograph, um banco de dados online de fotógrafas internacionais, "quase todos os dias" para produzir matérias.
"Eu acho que é muito valioso poder dizer 'OK, há um problema e aqui estão as ferramentas que podemos usar para corrigi-lo", disse ela.
Apesar de ela ter dito que há muito trabalho a ser feito, ela é otimista e espera que grandes festivais e publicações de fotojornalismo apresentem mais trabalho de jornalistas diversos no futuro.
"Espero que eu também possa contribuir para tornar a indústria [um] um pouco mais diversificada e ajudar fotógrafos que não necessariamente trabalham para grandes publicações porque parece que não há espaço para eles", disse ela.
Se você é um editor de fotos e está tentando encontrar novos fotojornalistas diferentes, aqui estão algumas iniciativas que podem ajudá-lo a encontrá-los:
O African Photojournalism Database é um projeto conjunto da World Press Photo Foundation e Everyday Africa, lançado em agosto de 2016. Cada membro é um fotojornalista baseado em um dos 55 países da África. Os fotógrafos também precisam ter um site, Instagram ou página do Facebook com trabalhos recentes.
Diversify é um banco de dados de fotojornalistas de minorias raciais. Criado pelos fotógrafos Brent Lewis e Andre Wise, o site "nasceu do reconhecimento de que exigir mais diversidade na indústria fotográfica não é suficiente", os fotógrafos podem ser encontrados com base na etnia, línguas faladas e área de especialização. A iniciativa é patrocinada pela Visura, uma rede profissional da indústria fotográfica e cinematográfica.
Women Photograph foi iniciado em 2017 pela fotógrafa Daniella Zalcman. O banco de dados inclui mais de 500 jornalistas mulheres ou de gênero não-binário independentes de fotos e vídeos baseadas em 87 países.
Majority World é uma agência com escritórios no Sri Lanka e Reino Unido fundada pelo fotógrafo Shahidul Alam do Bagladesh e pelo consultor organizacional britânico Colin Hastings. Seus membros incluem fotógrafos da Ásia, África, América Latina e Oriente Médio.
Native Agency é uma plataforma menor para fotógrafos emergentes de regiões e países sub-representados, incluindo Nigéria, Quênia, Tunísia, Equador, Madagascar, África do Sul e Venezuela.
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Imagem principal sob licença CC no Flickr via Benjamin Ho. Imagem secundária de Pauline Eiferman cortesia de Pauline Eiferman.