OpenData Latinoamérica reunirá dados de toda a região

por Mariano Blejman and Miguel Paz
Oct 30, 2018 em Jornalismo de dados

O caminho para o futuro da notícia está repleto de dados perdidos.

Um ou dois dias depois de cada hackatona ou reunião em que um grupo se junta para analisar, comparar e compreender um determinado conjunto de dados, alguém sempre tenta lembrar onde os arquivos foram armazenados. Muitas vezes, ninguém sabe ao certo.

Não podemos fazer jornalismo de dados sem dados confiáveis: uma fonte precisa de dados é tão importante para o jornalismo de dados como uma fonte humana confiável é para a entrevista de um repórter. Precisamos de um repositório central onde podemos compartilhar os dados que provaram ser de confiança. Em resposta a esta necessidade criamos o OpenData Latinoamérica, como bolsistas do Knight International Journalism Fellowship do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês).

Inspirado pelo portal de dados abertos criado por Justin Arenstein do Knight International Journalism Fellowship na África, o OpenData Latinoamérica visa melhorar o uso de dados nesta região onde os conjuntos de dados muitas vezes não aparecem onde deveriam, e quando o fazem, estão espalhados pela Web em repositórios governamentais e vários repositórios independentes, onde são removidos muito rapidamente.

O objetivo é criar um repositório de dados para armazenar informações que chegam de forma sistemática por parte dos governos em toda a região, de organizações não-governamentais ou de jornalistas e hackers que obtiveram os dados por conta própria. Desta forma, seremos capazes de reunir rapidamente recursos inestimáveis ​​de informação em torno de uma comunidade interessada na utilização de dados abertos e podemos promover a publicação de novos dados.

A plataforma será mantida pelas redes regionais de Hacks/Hackers na América Latina e por outras organizações relacionadas ao movimento Open Data. Crescerá em hackatonas e através de acordos com os governos regionais para divulgar informações que serão usadas para desenvolver aplicativos para notícias, engajamento cívico e o terceiro setor. Sabe-se que, na América Latina, há uma ausência de grandes conjuntos de dados concentrados e um grande risco de perder a informação com o passar do tempo. Ao reunir os conjuntos de dados em um repositório central acessível às pessoas de toda a região, o OpenData Latinoamérica será um recurso inestimável para jornalistas, organizações, governos e agências internacionais.

Por que essa plataforma será um sucesso, quando, nos últimos anos, dezenas de tentativas semelhantes pareciam prosperar, mas depois falharam? Primeiro, porque usaremos a plataforma Junar (usada pelos governos do Chile e Costa Rica, entre outros) e sua tecnologia garante escala suficiente para gerir, categorizar e duplicar conjuntos de governos e organizações.

Em segundo lugar, porque vai ser gerido pela comunidade e agregar valor à rede Hack/Hackers de jornalistas e programadores que este ano vai expandir na América Latina. Isto significa que cada hackatona, raspatona, e outro evento relacionado a dados abertos podem ser usados para organizar o OpenData Latinoamérica como uma plataforma para o uso e publicação de dados.

Em terceiro lugar, porque temos o apoio do Instituto do Banco Mundial, que vai proporcionar escala e sustentabilidade, e garantir que a "parte de demanda" de dados abertos será bem nutrida ao longo do tempo.

O portal será utilizado em dois grandes eventos: no primeiro DataBootCamp na Bolívia e na Conferência de Dados Abertos em Montevidéu, Uruguai. Estes serão os dois testes de fogo, pois o portal pretende ser um espelho dos dados do consumo de toda a região. Em seguida, vamos realizar uma série de hackatonas e raspatonas no Chile, que está em período de eleições presidenciais quando os cidadãos exigem cada vez mais uma maior transparência. Liberar dados e desenvolver aplicativos para a responsabilização dos políticos será fundamental.

Sua organização pode participar do OpenData Latinoamérica. Para se inscrever, responda a um formulário simples concordando em cumprir os critérios-padrão para dados abertos. Assim que o pedido for aprovado, você receberá uma conta para começar a acessar e gerenciar dados abertos, tornando-se parte da comunidade.

Juntos somos mais fortes e podemos fazer grandes coisas. Estamos esperando por você no OpenDataLatinoamérica.

Mariano Blejman é editor e empreendedor de mídia especializada em jornalismo de dados. Leia sobre seu projeto Knight aqui.

Miguel Paz é um jornalista chileno e fundador e CEO da Poderopedia, um site de jornalismo de dados que destaca as ligações entre as empresas do Chile e elites políticas. Leia sobre seu projeto Knight aqui.