Com a crise dos meios de notícias tradicionais, cada vez mais jornalistas se animam a lançar pequenos empreendimentos jornalísticos.
São “aventuras” que desafiam um contexto aparentemente adverso. Isso é o que demonstra o novo e-book (em espanhol) “Microperiodismos II. Aventuras digitales en tiempos de crisis”, de Jordi Pérez Colomé e Eva Domínguez.
Os autores recolheram as experiências de 24 projetos de jornalistas e comunicadores independentes espanholes que tiveram a intenção de cobrir um nicho de audiência ignorado pelos grandes meios, fazer um tipo de jornalismo diferente ou encontrar um modo de vida sendo seu próprio chefe.
No livro digital (a segunda parte de outro publicado em 2012), os autores concluem que “o microjornalismo cresce” como “uma alternativa real à crise do ofício”. “Alguns (projetos) serão também, certamente, parte do futuro do jornalismo”, segundo eles.
Pérez Colomé, que também é responsável pelo blog de microjornalismo Obamaworld, disse à IJNet que embora estes projetos “não sejam nem a solução nem o único a fazer... a grande diferença é que agora alguém com um computador pode ir onde quiser; não precisa de rotativas, nem sets, nem antenas.”
Para o livro, Pérez Colomé e Domínguez selecionaram iniciativas jornalísticas que se converteram no trabalho principal e fonte de rendimento de seus responsáveis. Abordam também projetos com conteúdo original e próprio, independentes de grandes grupos e produzidos por até 10 pessoas.
O livro é valioso também, porque revela como os jornalistas sofrem pela falta de conhecimentos empresariais para fazerem um negócio de sucesso.
Pérez Colomé e Domínguez destacam: “Não é suficiente ser um bom jornalista. Tem que ser um bom profissional em todo os aspectos”, porque “montar um meio digital não é só fazer jornalismo.”
É por isso que os jornalistas empreendedores devem fazer de todo para que o projeto cresça. David Guerrero, responsável pelo Viu Molins de Rei descobriu que não é fácil vender publicidade se o único qrue você sabe fazer é escrever. “Um bom conhecimento de design de Web também teriam servido muito bem”, disse o criador do site de informação hiperlocal de uma comunidade próxima de Barcelona.
Dany Rodway do Diario Bahía de Cádiz, um projeto digital de jornalismo local, afirma que teria gostado de saber “ noções comerciais e de administração de empresas” desde o começo.
A ausência desses conhecimentos se resolve com a prática, Pérez Colomé falou à IJNet. “O ideal não é que um jornalista vire um empresário, mas é bom que seja consciente de sua empresa, especialmente quando seu projeto é pequeno.”
No caso do projeto de documentários Contrast, Gemma García, uma das diretoras, considera que a dificuldade resta em “conseguir a viabilidade para os projetos” e “elaborar um plano a longo prazo, imerso no ritmo diário de trabalho.”
Os sites, aplicativos, publicações impressas ou audiovisuais apresentados também demonstram que os microjornalismos se transformam numa solução para muitos jornalistas que ficaram sem trabalho nesse país, num contexto em que os grandes meios cortam cada vez mais pessoal.
Foto usada com a licença Creative Commons via aenimation no Flickr