Novo projeto da ONA promove códigos de ética de jornalismo para você mesmo criar

por Thomas Kent
Oct 30, 2018 em Diversos

A Online News Association está lançando neste mês seu projeto de código de ética "do-it -yourself- DIY" (faça você mesmo). Trata-se de uma iniciativa para ajudar as organizações de notícias, pequenas startups e jornalistas e blogueiros a criarem seus próprios códigos de ética. É também um recurso para estudantes de jornalismo criando suas próprias declarações de ética pessoal.

A ética "faça você mesmo" parece meio engraçado, no entanto. Não demorou muito para que as perguntas começassem a chegar:

  • Estamos dizendo que os jornalistas podem escolher qualquer ética que querem e ainda serem jornalistas?
  • É uma ética relativa, variando por país e cultura?
  • E sobre os códigos tradicionais da ética? Estamos tentando substituí-los?

Aqui está o que a equipe da ONA pensa. O projeto ainda está em fase de crowdsourcing, por isso queremos a sua opinião, também. (Junte-se a nós via http://bit.ly/onacrowdsourcing.) Só depois de vários meses de observações e sugestões que vamos considerar o projeto realmente pronto para o uso.

A iniciativa "DIY " saiu de um workshop aberto na conferência anual da Online News Association em outubro passado. Cerca de 200 pessoas se reuniram, tentando selecionar os projetos mais importantes de ética para a ONA se concentrar. Um dos selecionados foi a iniciativa DIY.

Por trás da iniciativa DIY está a ideia de que a nossa profissão nos dias de hoje abrange cada vez mais pessoas, filosofias e definições de "quem é um jornalista". Alguns acreditam que [um senso de ética pode realmente ser a forma mais importante para identificar, quem é jornalista e o que uma pessoa realmente quer dizer com o termo.

Mas alguns jornalistas nem sabem por onde começar quando definem o seu próprio código de ética.

Nos meses desde a conferência da ONA, cerca de 20 pessoas de universidades, organizações de notícias e startups notícias em quatro países têm tentado responder a esta necessidade. Nós já compomos e editamos páginas que lidam com as questões éticas mais comuns que jornalistas enfrentam.

Começando com os fundamentos

Começamos com alguns princípios éticos fundamentais para que as pessoas não criem códigos tão amplos que perderiam todo o significado. (A perda de todo o sentido, na verdade, não seria um problema, na opinião dos que consideram todos com um telefone celular e uma conta no Twitter como jornalistas. Mas nós vemos uma distinção entre as pessoas que postam notícias em uma rede social de vez em quando e aqueles que se consideram comprometidos com a profissão de jornalista.)

Nossos princípios incluem apenas 10 conceitos fundamentais (dizer a verdade, não plagiar, não receber dinheiro para distorcer suas matérias, etc). Nós tentamos muito manter esta lista o mais curta possível; queríamos que cada uma delas fosse uma ideia que qualquer um poderia aceitar.

Mas depois desses, passamos para questões éticas sobre as quais jornalistas honestos podem discordar. Por exemplo, alguns de nós não temos nenhum problema contra escrever a partir de um certo ponto de vista político (desde que sejamos transparentes sobre isso). Outros favorecem os princípios tradicionais da objetividade e neutralidade. Nosso código pode abranger qualquer abordagem.

Ao todo, o nosso site contém cerca de 40 páginas sobre questões éticas como o discurso do ódio, edição de fotos, suicídios, redes sociais e remoção de itens de arquivos online. Para cada um, nós oferecemos vários pontos de vista para ajudar os usuários a decidirem qual a abordagem é certa para eles.

Exemplo: Alguns jornalistas acreditam que o discurso e as ações de ódio deve ser reportados. A luz do sol, dizem, é o melhor desinfetante; grupos de ódio precisam ser expostos. Outros acreditam no oposto: As organizações de notícias não têm nenhuma obrigação de cobrir gente odiosa e recompensá-las com publicidade. Nossa página sobre o assunto não declara quem está certo, mas apresenta argumentos de ambos os lados. (Precisamos de mais ideias, links e perspectivas internacionais para muitas das nossas páginas, por isso, junte-se à nossa iniciativa de crowdsourcing e diga o que você pensa.)

Ética é algo relativo?

Perguntaram se o nosso projeto significa que a ética é relativa. O ombudsman de uma grande organização de notícias europeia me disse que se os jornalistas no mundo não podem concordar sobre um único código de ética universal, "deve ser trancados em uma sala até concordarem."

Um código sobre o qual todos podem concordar seria uma grande coisa. Em nosso trabalho, nós consultamos pelo menos 15 códigos de ética já prontos de 10 países. Esses códigos vão atender às necessidades de muitos jornalistas, assim como fazem. (Nota: Fui convidado para ajudar com as revisões em curso do código de ética da Society of Professional Journalists dos Estados Unidos.)

Mas acreditamos que as diferenças de opinião sobre algumas questões éticas são tão grandes que muitos jornalistas e organizações vão preferir o modelo de DIY. O ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn se dirigindo ao posto policial em Nova York deveria ser mostrado na TV? Claro, diz a maioria dos jornalistas americanos, porque mostra que ele estava sob custódia policial. De jeito nenhum, dizem muitos repórteres franceses, porque ele ainda não tinha sido condenado por qualquer coisa. No entanto, por mais que jornalistas fiquem trancados em uma sala, é improvável que eles cheguem a um ponto de vista comum sobre temas como esse.

Da mesma forma, os códigos de ética de algumas organizações de notícias recomendam respeito ao estado ou à religião nacional. Para jornalistas em outros lugares, tais disposições seriam anátemas.

Nem todo mundo que usa o nosso site irá criar um código inteiro de ética a partir dele. Alguns vão usar o projeto simplesmente como base para a discussões de ética na redação. Sabemos também que um código de ética não é uma caixinha mágica que irá produzir uma resposta para qualquer pergunta lançada; é uma base para a tomada de decisões quando surgem casos individuais.

Ética DIY na sala de aula

Nossa esperança especial é que os instrutores de comunicação e jornalismo vão usar o nosso projeto com seus alunos. Tarefas para criar declarações de ética pessoais estão se tornando cada vez mais comum nas aulas de jornalismo e relações públicas. O nosso site deve ser um recurso valioso. Professores podem querer exigir que os alunos tragam seus próprios exemplos e links para as decisões que chegarem através do nosso site.

Nós incentivamos os professores a aproveitar, em particular, a diversidade de alunos em suas aulas. Escolhas éticas que parecem óbvias para alguns alunos podem ser muito mais problemática para pessoas de outras nações ou culturas. Estas diferenças podem ser a base de discussões gratificantes em sala de aula. Muitas matérias de jornalismo nos dias de hoje são lidas em todo o mundo. Se os jornalistas sabem que uma decisão ética que eles tomam será questionada em outro lugar, eles podem ser transparentes sobre a decisão que tomaram e por quê.

Seus alunos também são bem-vindos para se juntar a nossa iniciativa de crowdsourcing .

Este artigo apareceu originalmente no PBS MediaShift e é publicado e traduzido para a JNet com permissão.

Tom Kent é líder do projeto “Make your own ethics code” da ONA. Ele é editor da Associated Press e ensina reportage internacional reporting na Faculdade de Relações Públicas e Internacionals da Universidade Columbia. Siga-o no Twitter @tjrkent.

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Imagem sob licença CC no Flickr via Christopher Long