A pouca visibilidade da mulher e questões da mulher no jornalismo não melhoraram com o crescimento das plataformas digitais, de acordo com um novo relatório sobre gênero e os meios de comunicação.
Apesar de compor metade da população mundial, somente 26 por cento das notícias online e tuites incluem mulheres -- apenas um pouco maior do que os 24 por cento das matérias de jornal, televisão e rádio.
Desde 1995, o Projeto Global de Monitoramento da Mídia (GMMP, em inglês) mede como as mulheres são retratadas na mídia, tanto como entrevistadas e jornalistas. O relatório de 2015 compilou dados de milhares de artigos em todas as plataformas, abrangendo um recorde de 114 países.
"A mídia... deve ser um exemplo de igualdade de gênero, mostrando as mulheres em diversos trabalhos e situações e representando as mulheres em todas as áreas de cobertura", disse Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, que apoia o relatório. "E ainda assim a mídia ainda está em grande parte fazendo o oposto."
O relatório observa que as mulheres foram na verdade menos visíveis no noticiário político do que no último relatório, realizado há cinco anos. Constatou-se que as fontes de notícias são esmagadoramente masculinas e tendem em relação a certos "tipos" - como altos funcionários do governo e políticos.
Desde 2005, a porcentagem global de matérias reportadas por mulheres travou em 37 por cento, assim como a proporção de notícias que desafia estereótipos de gênero, em apenas 4 por cento. A proporção global de matérias centradas nas mulheres tem se mantido relativamente estável desde 2000, um deplorável 10 por cento.
Notícias econômicas e políticas são as menos propensas a focarem em mulheres, com 5 e 7 por cento das matérias, respectivamente. Muito poucas reportagens -- 9 por cento do total -- focam sobre questões de igualdade de gênero, embora esse número tenha mais que duplicado nos últimos 10 anos.
Existem alguns pontos positivos importantes: Na América Latina, mais mulheres são agora representadas na notícia, de 16 por cento do total de matérias em 1995 a 29 por cento este ano. (Relatórios regionais estão disponíveis para a África, América Latina, Caribe, Europa, Oriente Médio, América do Norte e ilhas do Pacífico, bem como relatórios individuais dos países.)
E a situação global não é completamente negativa também. Por exemplo, em 2015 as mulheres foram menos propensas a ser retratadas como vítimas ou ser identificadas por situação familiar do que em 2000 -- embora sejam ainda muito mais propensas do que os homens.
O relatório de seis capítulos também inclui estudos de caso de todo o mundo. O último capítulo estabelece metas para o futuro de uma mídia com igualdade de gênero, onde 30 por cento das matérias destacam questões de igualdade de gênero ou de desigualdade. O relatório também stabelece ações específicas que agências reguladoras da mídia, órgãos de comunicação, sociedade civil, pesquisadores e financiadoras devem levar em conta para garantir o fim do sexismo na mídia até 2020.
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