Alguns dizem que os algoritmos conhecem você melhor do que você conhece a si mesmo. No jornalismo, significa obter a notícia que lhe interessa, quando quiser, onde quiser. O site News Republic pretende oferecer a melhor qualidade de notícias direitamente no seu celular, sem um jornalista na equipe. Gilles Raymond, CEO, nos deu um tour por esta redação sem jornalistas.
Você consegue imaginar um serviços de notícias sem jornalistas no futuro?
De jeito nenhum, os jornalistas são a força por trás das notícias. Eles têm uma habilidade única para identificar fatos, verificar, compreender e analisar. Quando você não tem jornalistas, não tem notícia; quando você não tem notícia, não tem democracia.
Como é uma redação sem jornalistas?
A definição estrita de uma redação é 'a área em um escritório de jornal ou rádio/TV, onde as notícias são escritas e editadas'. Neste âmbito, não temos uma redação, pois não temos jornalistas.
Nossa missão não é escrever notícias -- nós não temos equipe nem habilidades. As 1.057 organizações de notícias com quem trabalhamos têm mais de 10.000 jornalistas no total em todo o mundo. Eles são altamente qualificados, altamente treinados e altamente respeitados. Nosso trabalho é publicar e promover o seu conteúdo -- para o público certo e no ecossistema certo.
Nosso dever a cada mês é oferecer a cada um dos 12 milhões de leitores que temos todas as notícias que eles querem. Nós acreditamos que o leitor é o melhor editor-chefe para si mesmo. Por isso, queremos oferecer a todos e a cada leitor todas as notícias importantes para o seu próprio mundo, além da notícia que é importante sobre o mundo em geral. Em outras palavras, os leitores têm a total liberdade de serem informados sobre Lady Gaga, o time Giants, bem como a Chechênia, mesmo quando não estão nas manchetes.
Como isso é configurado? Como o News Republic funciona?
Nós primeiro fazemos parceria com os melhores grupos de mídia e blogueiros em 45 países, tais como The Guardian, Associated Press, Al Jazeera, Sohu, AFP, Hearst Group, BFM, The Huffington Post, etc. Com cada um deles ligamos nosso servidor para seus servidores e construimos um acordo de partilha de receitas. Todos os dias, esses parceiros nos enviam 50 mil itens de notícias.
Temos um motor semântico que a) compreende o significado de cada artigo, b) categoriza o artigo, e c) confirma a sua originalidade.
No lado do cliente, temos uma interface única que dá aos leitores a oportunidade de selecionar os temas que eles querem seguir entre qualquer de um milhão de tópicos diferentes. Em cima disso, nós publicamos manchetes com base na seleção dos veículos de comunicação. É provavelmente por isso que cada leitor está consumindo 200 páginas por mês, em média.
Como são as pessoas que trabalham na organização?
Somos todos viciados em notícias e obsessivos com o fornecimento de informações para engajar os leitores. É por isso que queremos que a notícia seja livre, seja internacional. Queremos oferecer uma visão completa sobre cada evento do Jerusalem Post ao Al Jazeera, da Ásia para a Europa, da direita para esquerda. Somos uma pequena equipe com muitos perfis diferentes, uma vasta gama de experiências e 11 nacionalidades diferentes.
Existe algum espaço para o toque humano? Se sim, como?
A notícia é totalmente personalizado pelo leitor; é, por definição, 100 por cento humana e voltada para cada indivíduo. Na verdade, a tecnologia desempenha um papel enorme e com um único propósito: deixar o leitor decidir o que quer ler. É a mídia mais voltada para o ser humano. Se você não está interessado em imóveis ou futebol ou beisebol, não vai ler notícias sobre esses temas, a menos que a mídia considere essas notícias urgentes.
Como você garante a credibilidade, a verificação dos fatos e o comportamento ético?
Através da parceria com os melhores editores de notícias. Ao contrário de muitos agregadores de notícias, não vasculhamos a Internet ou copiamos feeds RSS. Em vez disso, distribuímos notícias. Queremos o melhor conteúdo das principais editoras para os nossos leitores. A razão é óbvia: os profissionais da mídia são as pessoas que entendem, filtram, analisam, verificam, verificam corroboram e constróem cada bit de informação. E queremos aprimorar seus conhecimentos.
Quais são as vantagens deste método? E quais são os inconvenientes?
Em minha opinião, você tem o melhor dos dois mundos. Você tem notícia de primeira página para manter uma visão global sobre os principais eventos, bem como notícias sobre um assunto específico.
Algumas grandes marcas ainda não estão abraçando essa oportunidade, e em alguns países algumas organizações de notícias de nome não compraram nossa ideia. É provavelmente o maior constrangimento, mas as tendências são encorajadoras, especialmente nos Estados Unidos. Às vezes, o fato de que nós oferecemos uma visão de 360 graus, publicando as notícias de várias organizações de mídia, pode ser percebido como um grande volume de notícias sobre o mesmo assunto. O News Republic oferece muitos recursos para filtrar fornecedores de notícias, bem como um mecanismo de previsão, que recomenda o artigo mais relevante, mas estas ferramentas nem sempre são óbvias para o usuário final.
Esta é a redação do futuro?
Não é a redação do futuro, mas uma tendência massiva chamada unbundling ou delinearisation. Vimos isso na música, vídeo e todo conteúdo -- incluindo notícias.
Agora, é óbvio que uma tendência similar está em ascensão nos ecossistemas de aplicativos. Metade dos 10 melhores aplicativos de notícias no Google Play são syndicators ou agregadores. O desafio é ter certeza que esta nova abordagem é construída em coerência com os editores de notícias e no ecossistema certo para todos os colaboradores. Nós garantimos que isso acontece por meio de parcerias de mídia.
Este post foi publicado originalmente na Global Editors Network e aparece na IJNet com permissão. A Global Editors Network é uma comunidade multiplataforma comprometida com um jornalismo de alta qualidade e sustentabilidade, fortalecendo as redações através de uma variedade de programas destinados a inspirar, conectar e compartilhar.
A gerente de mídia social da GEN, Laure Nouraout; diretora de marketing, Sarah Toporoff; e Hakeem Muhammad colaboraram neste post.
Imagem sob licença CC no Flickr via Martin Deutsch