Ao viajar com suas duas filhas, o veterano jornalista Nelson Graves notou que elas sabiam das notícias, mas não necessariamente compreendiam o contexto por trás delas.
"Quando se trata de jornalismo, nós realmente não requeremos ou muitas vezes oferecemos o tipo de pano de fundo que ajuda as pessoas e os jovens a entender os acontecimentos", disse Graves, que ocupou vários cargos de reportagem e edição na agência Reuters de 1986 a 2010.
Em um esforço para preencher esse vácuo de conhecimento, Graves decidiu criar o News-Decoder, um canal online para a geração do milênio em toda a parte, para discutir assuntos internacionais e aprender o contexto histórico das manchetes atuais.
Como uma organização sem fins lucrativos, o modelo do News-Decoder se baseia em duas vertentes: A primeira parte, um site gratuito e de código aberto, será curada com conteúdo produzido por jornalistas experiêntes e da geração do milêncio. O segundo aspecto do News-Decoder será um fórum fechado. O fórum será accessível somente através de assinatura, mas as instituições acadêmicas e bibliotecas é que vão pagar -- não os millennials.
Dentro da comunidade fechada, acadêmicos, estudantes e especialistas vão discutir e debater acontecimentos atuais. Dentro da comunidade aberta, jovens de todo o mundo vão compartilhar perspectivas sobre questões que acontecem em seus próprios países através de artigos escritos e multimídia.
Graves e os cofundadores do site recrutaram mais de 30 jornalistas experientes para se tornarem correspondentes do News-Decoder. Os correspondentes contribuirão com conteúdo e ajudarão a conduzir as discussões. A equipe já cobriu presidências, guerras, grandes eventos internacionais e trabalhou em agências de todo o mundo. Nenhum dos correspondentes do News-Decoder é millennial.
"Queremos um equilíbrio entre experiência e idade", disse Graves, observando que assim que o projeto sair do chão, seu primeiro objetivo é a contratação de uma equipe de jovens. "Queremos estas duas gerações para complementar uma à outra."
Graves já recebeu apoio significativo: Até agora, através de uma campanha de crowdfunding, ele arrecadou mais de US$47.000 e ainda tem sete dias até a campanha terminar. (A meta original de Graves foi US$40.000.)
Abaixo, Graves explica como o News-Decoder vai funcionar depois da fase piloto no segundo semestre de 2015.
IJNet: Que tipo de conteúdo os millennials vão produzir para o News-Decoder?
Graves: Vamos dizer que um tema que estamos discutindo é a Primavera Árabe. Eu poderia facilmente ver millennials, ou jovens que vivem em países da Primavera Árabe, compartilhando suas experiências e percepções sobre o que está acontecendo.
Podia ter uma mesa redonda com jovens de vários lugares compartilhando suas experiências com pessoas de outros países.
Isso não vai se tornar um feed aberto de Twitter onde as pessoas podem jogar a foto que quiserem. Terá uma curadoria, mas [pode haver] algumas imagens impressionantes que serão feitas por milênios para ilustrar ou capturar as suas experiências.
A perspectiva global é realmente importante. Mesmo os maiores grupos de mídia tendem a ter um foco nacional. Eles veem o mundo como nós e o resto do mundo. Mesmo as organizações de notícias como a CNN se veem como americanos e o resto do mundo como internacional e estrangeiro.
Queremos quebrar esse paradigma inteiramente. Queremos ser absolutamente internacionais, de modo que tudo o que fazemos trata sobre grandes temas internacionais, para que possamos permitir que jovens de todo o mundo venham e lidem com grandes temas nas mesmas condições.
IJNet: Você vai ter millennials apresentando ideias de pauta?
Graves: Na verdade, o plano é contratar jovens para ajudar a lançar essa coisa. Esse é um aspecto importante. Eu vou estar envolvido de perto e as operações do dia-a-dia serão executadas por millennials brilhantes.
Não estou inteiramente certo sobre como será o sistema de contribuições. Isso vai ser pensado durante a fase piloto. Vou contar muito com os millennials para compartilhar suas ideias sobre este assunto. Suspeito que eles tenham ideias e conhecimentos sobre maneiras de compartilhar que eu possa não ter.
Esta entrevista foi condensada e editada.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Bowen Chin - imagem secundária cortesia do News-Decoder