Marguerite Sullivan conta que quando começou o Center for International Media Assistance (CIMA) em 2007, enfrentou ceticismo sobre se a organização americana poderia ajudar a avançar o desenvolvimento da mídia no mundo.
Mas desde o seu lançamento, o CIMA, que faz parte do National Endowment for Democracy, tem ajudado agências de notícias independentes e fundações a navegar no cenário midiático em constante mudança, com seus relatórios, criando um banco de dados bibliográficoA(8U0Ln-op3HcPp80hVc4pQyjhrk5PC1tPX-siOUeQhlUFC4mmSVSb-gi3suHMJOw_dLMT1MDRoeTfooJq6SPmXGKgU33LqKODIXOLvoF65jU1))/content/AdvancedSearch.aspx?uc=Q0lNQUd1ZXN0fGFiYzEyMw==&&ctID=M0IxNjRFQzMtMEVENy00MDQ2LUJEREQtNjhBRjhERDRBRDA3&AspxAutoDetectCookieSupport=1) de recursos relacionadas ao apoio da mídia internacional e também através do mapeamento da mídia digital ao redor do mundo. (Nota: O CIMA é um parceiro da IJNet ).
Sullivan começou sua carreira como jornalista, atuou como presidente do Washington Press Club e ocupou cargos na Casa Branca e outras agências federais. Quando ela saiui do CIMA no mês passado para se tornar uma consultora independente em desenvolvimento de mídia, Sullivan conversou com a IJNet sobre a situação da mídia global, como as redações estão se adaptando à interrupção digital e os desafios enfrentados pela mídia independente.
IJNet: Como a mídia independentes está se adaptando às tendências digitais globais?
Eu vim para o NED para começar o CIMA há sete anos, e a maior e mais dramática coisa que aconteceu foi a mídia digital. Certamente existia sete anos atrás, mas seu impacto na mídia em todo o mundo tem sido absolutamente dramático.
Com a maioria dos conteúdos se deslocando para dispositivos online e móvel, hoje os jornalistas têm de ser proficiente em várias plataformas. Quando eu comecei, você era um repórter de jornal, rádio ou TV.
Hoje, os jornalistas têm de ser qualificados em todos os tipos de informação: técnicas de escrita, apresentação em rádio, gravação de vídeo, blogs de forma resumida, tuites e muito mais. Você tem que ser hábil em múltiplas plataformas.
IJNet: Existe uma determinada região ou país que tem sido um estudo de caso interessante sobre como a mídia independente está mudando?
Um lugar que tem vários ambientes de mídia é a África. Há partes que ainda não chegaram na era digital, onde nem sequer têm rádio, e algumas partes onde o rádio é a única fonte principal para obter informação. Daí, há a explosão da tecnologia móvel na África, onde as pessoas recebem a maior parte das informações através de telefones [celulares]. Eles pularam toda a era do fixo.
Há uma série de startups que vão direto para o digital e... móvel. Isso está ocorrendo em todo o mundo, mas ainda há uma coisa que deve permanecer constante, e isso é o básico de ser um bom repórter --ser imparcial, verificar as informações, utilizar várias fontes, opiniões e vozes. As normas para um bom jornalista que existiam 10 anos atrás, 100 anos atrás, permanecem as mesmas de hoje.
IJNet: Com todas essas mudanças, quais são os problemas mais constantes que as redações independente enfrentam, e como acha que vão ser resolvidos?
A mídia independente não é apenas uma questão de como manter os padrões profissionais de jornalismo... Precisa também haver um ambiente legal forte e apoio para jornalistas com leis de liberdade de informação que estão em funcionamento e que as pessoas possam entender. Muitas vezes, estão nos livros, mas não são postas em prática.
...Você precisa de padrões altos de literacia midiática quando literalmente qualquer um pode ser um jornalista cidadão. O público precisa ser muito exigente com o que lê e crê. Modelos de negócios sustentáveis estão certamente enfrentando grandes desafios uma vez que mudou todo o suporte dos meios de comunicação através da publicidade... com tanta mídia em transição para plataformas digitais. A publicidade certamente ainda existe, mas se paga muito menos por anúncios em sites de notícias do que nos jornais tradicionais [no passado].
IJNet : Há algum projeto em particular ou startups de notícias que a senhora está seguindo?
Um que eu acho muito interessante é o trabalho do African Media Initiative. Tem diferentes ramos de financiamento e vários projetos diferentes acontecendo, como o African Story Challenge, em que estão reunindo as melhores ideias em mídias digitais e tentando germina-las para serem desenvolvidas.
Há também uma série de redes a serem criadas para jornalistas de investigação em todo o mundo. A próxima Conferência Global de Jornalismo Investigativo, no Rio de Janeiro, vai trazer um monte de projetos interessantes [que estão] acontecendo entre os jornalistas, e quanto mais colaboração, melhor.
IJNet: Algum conselho para quem está no campo da mídia independente?
Temos de olhar de forma holística e ver que é um campo que tem muitas partes. É um quebra-cabeças onde todas as peças devem se encaixar --a literacia midiática, um forte ambiente legal favorável para jornalistas, um sistema de governo aberto a transparência e jornalistas profissionais e um ambiente sustentável para a mídia. Essas são todas peças muito importantes do quebra-cabeça para chegar a um ambiente com liberdade de expressão e imprensa independente.
Margaret Looney, assistente editorial da IJNet, escreve sobre as últimas tendências de mídia, ferramentas de reportagem e recursos de jornalismo.
Foto de Marguerite Sullivan cortesia do CIMA