Jornalistas que investigam corrupção: Ferramenta gratuita oferece milhões de documentos pesquisáveis

por Samantha Berkhead
Oct 30, 2018 em Jornalismo investigativo

Quer pesquisar registros públicos e expor corrupção, crime ou delito? O Investigative Dashboard pode ser sua melhor aposta.

Desenvolvido pelo Organized Crime and Corruption Reporting Projects (OCCRP), o Investigative Dashboard contém uma série de ferramentas e recursos destinados a tornar mais fácil para jornalistas e pesquisadores da sociedade civil investigar e expor indivíduos e empresas corruptas. Seus instrumentos de investigação incluem bancos de dados, ferramentas de visualização e um motor de busca.

Jornalistas também podem acessar o catálogo de bancos de dados externos, que liga a mais de 400 bancos de dados online em 120 países e jurisdições -- do Afeganistão ao Zimbábue.

Falamos com o desenvolvedor Friedrich Lindenberg sobre como começar a usar o painel de instrumentos e aproveitar o potencial pleno dessas ferramentas:

Buscando pistas 

O banco de dados do Investigative Dashboard reúne mais de 4 milhões de documentos, fontes de dados e mais, classificados em 141 coleções.

Jornalistas podem usar uma ferramenta de busca adaptável, o Aleph -- que Lindenberg construiu para ele mesmo -- para pesquisar bancos de dados, quer por termos específicos relacionados com a sua investigação ou por categoria.

"Muitas vezes, como jornalista, você quer descobrir 'Onde posso encontrar informações sobre esta pessoa ou empresa?'", disse Lindenberg. "O que você quer, então, é um lugar onde pode procurar tantas fontes de dados possíveis. É por isso que estamos reunindo uma grande quantidade de dados do governo, registros corporativos e outros tipos de informações a partir de investigações anteriores que temos acesso exclusivo, e tudo isso é pesquisável."

Além disso, os jornalistas podem receber alertas por email para os termos de pesquisa escolhidos para que sejam sempre notificados de novos desenvolvimentos sobre os indivíduos ou empresas que estão investigando.

"À medida que obtemos mais e mais dados, o que podemos facilmente fazer é comparar a lista de pessoas que você está interessado com todas essas fontes e ver se há novas pistas aparecendo", disse Lindenberg. "Uma das coisas que estamos tentando fazer com o Aleph é criar incentivos para as pessoas escreverem nomes de pessoas que já foram investigados anteriormente ou gostaríam de saber mais. Daí, enviamos continuamente um feed de coisas que investigamos."

Mapeamento e vizualização 

O Investigative Dashboard conecta com Visual Investigative Scenarios (VIS), uma plataforma de visualização de dados gratuita construída para mostrar redes de negócios, corrupção ou crime, transformando narrativas complexas em representações visuais fáceis de entender.

Jornalistas podem inserir entidades como pessoas, empresas, partidos políticos ou organizações criminosas, em seguida, desenhar conexões entre elas e anexar documentos como prova. Quando a visualização é completa, pode ser exportada para formatos online, impresso ou eletrônico.

Apoio à pesquisa

Jornalistas também podem pedir diretamente aos pesquisadores do OCCRP para ajudá-los a investigar empresas ou indivíduos de interesse. O OCCRP tem acesso a certos bancos de dados comerciais que podem ter preços proibitivos para alguns jornalistas usarem. Enquanto os usuários não podem acessar esses bancos de dados comerciais através do Dashboard, os pesquisadores do OCCRP estão lá para dar uma mãozinha, Lindenberg explicou.

"Uma das partes bacanas disso é que, basicamente, como o OCCRP, adquirimos assinaturas de alguns bancos de dados comerciais que são inacessíveis aos jornalistas", disse ele. "Nós não podemos dar acesso a todos, porque então quebraríamos os termos de serviço, mas o que podemos fazer é ter os nossos investigadores buscando as coisas que você poderia estar interessado e, em seguida, fornecer os documentos que encontramos lá."

Quando os usuários com uma conta no Investigative Dashboard enviam um cartão descrevendo a pessoa ou entidade que estão investigando, os pesquisadores do OCCRP vão procurar esses bancos de dados para ver o que vem à tona.

Fazendo upload de arquivos

O OCCRP incentiva os jornalistas a fazer upload de seus próprios documentos e dados através da ferramenta de arquivo pessoal. Depois de criar uma conta, os jornalistas podem fazer upload de documentos, criar listas de observação e organizar suas pesquisas. Por padrão, todos os documentos enviados são privados, mas os usuários podem compartilhar seus documentos com outras pessoas ou publicá-los se escolherem.

Para se certificar de que não há dados falsos ou documentos enviados para o Aleph, o OCCRP rastreia periodicamente documentos públicos para verificar e comparar, Lindenberg explicou.

Imagem sob licença CC no Flickr via Momin Bannani