O trabalho do jornalista não é fácil. Às vezes ler um livro pode oferecer uma perspectiva diferente, reacender sua motivação, dar inspiração ou melhorar suas habilidades.
A IJNet perguntou a vários jornalistas quais livros foram importantes para eles e o que recomendariam a outros jornalistas.
Leia as respostas abaixo:
“The Journalist and the Murderer” de Janet Malcolm, concentra-se no que significa ser um repórter ao contar a história de um crime, [e] “Killings”, de Calvin Trilling, mostra que escrever sobre criminalidade, em todos os seus aspectos, pode ser ao mesmo tempo interessante e antropologicamente profundo e recompensador. "Among the Thugs", de Bill Buford, é uma aula master sobre jornalismo imersivo (e seus perigos). Quando procuro uma prosa bonita, eu leio qualquer coisa de Paul Bowles ou Katherine Boo.
Matthew Shaer é um jornalista de revista premiado do New York Times. Ele reportou de vários países para uma variedade de publicações, incluindo The Atlantic, Smithsonian Magazine, GQ, Harper’s e Wired.
Eu amo dois livros totalmente diferentes. “No Turning Back” foi escrito por Rania Abouzeid, jornalista aclamada internacionalmente e especialista regional de língua árabe com acesso excepcional na região. Abouzeid não apenas registrou eventos da guerra na Síria, mas também mostrou como mudam as crenças políticas e religiosas.
No outro extremo, mas tão humilde e humano quanto o livro de Abouzeid, está o jornalismo de quadrinhos de Joe Sacco. Sacco se descreve como um repórter estrangeiro cômico, mas seu trabalho ilumina as pessoas que ele conhece. Seu livro “The Fixer: A Story from Sarajevo”, que se baseia na Bósnia, deveria ser livro obrigatório nas faculdades de jornalismo.
Juliana Ruhfus é uma jornalista investigativa e produtora da Al Jazeera English. Ela criou a investigação interativa premiada #SyHacked sobre a guerra civil na Síria.
Se tenho que sugerir um livro, é o "The Perils of Perception: Why We're Wrong About Nearly Everything". Um livro importante e sério para aqueles que reclamam um papel para o jornalismo na era da informação. Com base em seu trabalho no instituto de pesquisas IPSOS-MORI, Bobby Duffy mostra como apesar de a informação estar mais facilmente disponível do que nunca, as pessoas do mundo todo obtêm os fatos errados em quase tudo o que reportamos. Duffy compartilha ideias interessantes sobre o que podemos e não podemos fazer sobre isso.
Peter Cunliffe-Jones é jornalista, fundador e diretor da Africa Check, organização líder e independente de verificação de fatos da África. Trabalhou por mais de 25 anos como jornalista, inclusive como repórter da agência Agence France-Presse.
Um dos meus livros de jornalismo favoritos é um livro de memórias escrito pela veterana jornalista Meg Bortin. "Desperate To Be A Housewife" conta sobre a carreira de Bortin no final do século 20 na Europa e na Rússia. Eu amo este livro porque acho que é o relato mais humanizador de um jornalista que já li.
Muitos de meus colegas de 20 e 30 anos se preocupam muito com o futuro e em ser "felizes para sempre", mas acho que falar sobre essas coisas ainda é um pouco tabu. Especialmente para as mulheres, "ter sucesso" como jornalista já é tão difícil, muitas de nós deliberadamente evitam conversas sobre maternidade, família ou qualquer coisa que possa ser considerada "feminina".
Didem Tali é uma premiada jornalista freelancer com matérias no New York Times, National Geographic, Al Jazeera, BBC World Service, entre outros. Ela é baseada entre Phnom Penh e Istambul.
O livro que me vem à mente é "Dopesick", da minha ex-colega Beth Macy.
A razão pela qual sugiro este livro é que é um trabalho incrível de jornalismo investigativo, documentando o início da crise de opioides e as decisões de empresas farmacêuticas e médicos que resultaram no problema de hoje. O livro detalha o impacto dessa crise em comunidades rurais já devastadas por perdas de emprego desenfreadas e que não têm recursos para lidar com o crime e o vício. Ainda mais importante para mim, o livro serve como uma inspiração para jornalistas atuais e futuros: você não tem que estar em cidades como Nova York ou Washington para fazer boas reportagens investigativas.
Ron Nixon é um jornalista investigativo do New York Times, especializado em segurança interna. Ele é professor visitante de jornalismo e estudos de mídia na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo.
"Scoop", de Evelyn Waugh, é um livro para o qual retorno regularmente... tem uma visão que perdura sobre o nosso trabalho que é [realista] e divertida. William Booth, que geralmente escreve sobre a natureza para o fictício jornal "Daily Beast", torna-se um repórter de guerra numa confusão. [Ele] acaba reportando um furo em uma guerra fictícia em um país fictício na África.
Embora este seja um livro de ficção, fala muito sobre nossa profissão em tempos de notícias falsas, reportagens instantâneos e móveis e distribuição global de notícias.
Björn Staschen é fundador da NDR NextNewsLab em Hamburgo e atualmente gerencia um grande processo de mudança no Crossmedia News. Juntamente com Wytse Velinga, ele escreveu um livro sobre jornalismo móvel, "Mobile Storytelling: A journalist's guide to the smartphone galaxy".
“Não podemos ir para o exterior como americanos no século 21 e não perceber que a principal coisa que tem nos aterrorizado nos últimos 16 anos é nossa própria ignorância”, escreveu Suzy Hansen em “Notes on a Foreign Country: An American Abroad in a Post-American World”.
Uma leitura obrigatória para qualquer correspondente estrangeiro, o livro profundamente reflexivo, honesto e construtivo de Hansen examina como os EUA de fato construíram um império e como as intervenções do país e a violência no exterior impactaram tanto a trajetória do Oriente Médio quanto dos EUA.
Com reportagem da Turquia, Egito, Grécia e Afeganistão entre 11 de setembro e a eleição do presidente Trump, o livro lida com mitos nacionais [dos americanos], o que isso significa para o resto do mundo e [como isso] nos impactou de volta.
Ela também questiona a cobertura da mídia americana, incluindo a dela, a fim de traçar como certas narrativas foram perpetuadas e suas consequências. Em um período em que o ciclo de notícias norte-americano está dominando as manchetes, o livro de Hansen é particularmente importante para compreender quais notícias, ou partes de histórias, ainda estão faltando, sendo ignoradas ou mal apuradas. Como podemos fazer com que mais americanos se interessem e simpatizem com eventos que acontecem ao redor do mundo? O livro de Hanan não tem a solução, mas é uma maneira instigante de começar a entender o problema.
Miriam Berger reside em Jerusalém mas já reportou de vários países, incluindo o Egito, Jordânia, Etiópia e Grécia, entre outros. Seu trabalho foi publicado no Buzzfeed, Reuters, Associated Press, BBC, The Guardian, CityLab do The Atlantic e outros. Ela também recebeu bolsas de organizações como o Centro Pulitzer de Reportagem de Crise para financiar seu trabalho.
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