Agora que o jornalismo não é mais simplesmente uma questão de jornalistas decidindo o que acham que o público precisa saber, a mídia tradicional deve mudar sua mentalidade de apenas reportar sobre os acontecimentos para explorar ideias que movem o público a pensar e agir.
Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro do que na cobertura de saúde, onde o engajamento com a notícia localmente relevante pode ajudar as pessoas e comunidades a identificar as suas prioridades de saúde e ter uma conversa, dentro e fora da Internet, sobre soluções que podem fazer diferença em suas vidas. Organizações da sociedade civil devem ser os principais parceiros no esforço para engajar e informar as pessoas sobre a saúde pessoal e pública.
O Projeto de Saúde na Nigéria do ICFJ/HALA, para o qual colaboro como bolsista do Knight International Journalism Fellowship do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês), tem como objetivo fortalecer a reportagem na Nigéria que ajuda as pessoas a se engajarem e agirem sobre informações de saúde.
Quando eu e meus colegas no Hala nos preparávamos para lançar o projeto na primavera, visitei e falei com representantes de diversas organizações da sociedade civil com foco em saúde baseados em Abuja e Lagos, as duas maiores cidades do país. Eu também já falei com muitos repórteres em todo o país. Os dois grupos compartilham objetivos importantes e está na hora de se unirem para levar a cobertura de notícias e conversas sobre saúde a um nível mais alto.
O papel da mídia na melhoria da informação e resultados de saúde
Os meios de comunicação são essenciais para capacitar o público com informações sobre saúde. De acordo com um recente relatório do projeto de pesquisa em saúde do ICFJ/HALA Nigéria, a maioria dos nigerianos recebe informação de saúde a partir de meios de comunicação. Assim, os jornalistas têm o dever de ser uma informação credível e responsável ao manusear e apresentar a informação ao público.
Mas na Nigéria e em outras partes da África, onde a maioria dos repórteres são mal pagos, muitas vezes eles se sentem justificados em tomar atalhos aceitando e usando o conteúdo manufaturado de grupos de defesa da saúde. Aqui estão algumas ideias sobre como mudar isso.
O papel da sociedade civil
Por seu lado, grupos de defesa de saúde são muitas vezes ansiosos em divulgar sobre a sua questão de foco, validar a importância de suas questões de interesse, ou impressionar seus doadores, conseguindo matérias nos meios de comunicação. Para simplificar o processo, eles muitas vezes fornecem conteúdo pronto para repórteres, completo com as citações de suas autoridades.
Tal divulgação para jornalistas e organizações de notícias pode parecer como positivo para todos. Sobrecarregados, os repórteres mal pagos conseguem conteúdo fácil. Grupos da sociedade civil obtêm o seu conteúdo e mensagem através da mídia. A questão é se os cidadãos estão bem servidos por tais informações pré-embaladas.
Não são. A informação é disseminada apenas de uma maneira, em vez de envolver as pessoas e as comunidades a encontrar soluções para os problemas de saúde pública. O conteúdo é também, por vezes, unidimensional. Usar conteúdo pronto no lugar de reportagens originais e fatuais pode minar a credibilidade dos jornalistas e das organizações de notícias que o utilizam.
Utilizar o conteúdo pré-embalado como ponto de partida, não como uma notícia
Os repórteres não devem aceitar a informação pré-embalada por atacado. Quando o conteúdo pronto é publicado como notícia, por causa do conhecimento do fornecedor sobre um assunto, os repórteres podem comprometer a confiança do público.
Conteúdo pronto não é sem valor. Pode ser útil como um ponto de partida para uma matéria. Pode incluir ligações a fontes de informação relevantes. E isso pode ajudar a economizar tempo, apontando um ângulo para a história, especialmente quando se trata de notícias de última hora. Jornalistas podem moderar as vozes, examinando o valor fundamental da notícia e buscando mais de uma fonte antes de publicar qualquer informação fornecida por grupos de defesa da saúde.
Vá além de "espalhar a palavra"
Reportagens de desenvolvimento não precisam tomar a forma de notícias pré-embaladas, histórias de eventos, ou disseminações como tantas vezes fazem na região.
Em vez disso, os interesses da sociedade civil e meios de comunicação podem convergir em torno da informação que conecta o público com informações localmente relevantes. Juntos, os grupos de mídia e da sociedade civil podem engajar publicamente falando e melhorando os sistemas e serviços de saúde.
Organizações da sociedade civil podem reforçar a cobertura jornalística, facilitando o acesso a altos profissionais de saúde e ativistas, e não apenas funcionários do governo e médicos que são as fontes de notícias preferidas para repórteres de saúde da Nigéria. A sociedade civil também pode facilitar o acesso da mídia aos dados que podem ajudar a fornecer contexto em histórias de saúde importantes.
Os veículos de comunicação e grupos da sociedade civil devem trabalhar juntos para fornecer informações mais profundas ao público e tornar mais fácil para todos nós falar sobre o que funciona e o que não funciona na melhoria da saúde.
Cece Fadope é uma bolsista do Knight International Journalism Fellowship do Centro Internacional para Jornalistas na Nigéria.
Foto do workshop Hala Nigéria cortesia de Cece Fadope