Jornalistas criam projetos digitais colaborativos para documentar protestos no Chile

Nov 27, 2019 em Jornalismo colaborativo
Manifestante no Chile caminha na frente do fogo na rua

Desde 18 de outubro de 2019, protestos abalaram o Chile, com os cidadãos expressando frustração com as questões sistêmicas de qualidade de vida no país. Os chilenos continuam a sair às ruas exigindo transporte mais barato, aumento nas pensões e reforma na saúde.

Durante esses protestos, muitos manifestantes foram vítimas da brutalidade policial, resultando em mortos e feridos. A polícia chilena reporta ter detido mais de 10.000 pessoas, e o Instituto Nacional de Direitos Humanos diz que mais de 2.000 pessoas foram feridas nos protestos.

Logo após o início dos protestos, várias colaborações digitais foram lançadas para fornecer notícias locais dos protestos, confirmar o conteúdo que circula nas redes sociais e verificar informações.

Conheça quatro projetos que documentam a agitação do Chile:

Protesters in Chile

Manifestantes no Chile exibem uma placa onde se lê "guerra social contra a capital e o estado".

Proyecto AMA

Proyecto AMA (O Archivo de Memoria Audiovisual) apresenta entrevistas em primeira pessoa com pessoas que sofreram violações dos direitos humanos durante os protestos no Chile. O coletivo de jornalistas, fotógrafos, cineastas e outros que trabalham no mundo audiovisual combina vídeos virais de mídia social mostrando a brutalidade contra os manifestantes, com entrevistas das pessoas nos vídeos.

Combinando o conteúdo de mídia social com a ferramenta StoryMap do Knight Lab, o Proyecto AMA também mapeia os locais onde essas violações de direitos humanos ocorrem.

Em entrevista à CNN Chile, o jornalista Claudio Pizarro, um dos fundadores do projeto, explicou que o Proyecto AMA visa levar os espectadores além do conteúdo viral das mídias sociais, permitindo que os manifestantes expliquem o contexto de seus abusos e suas motivações para protestar.

Outra fundadora do projeto, a cineasta Patricia Rivera, também disse que não quer que as pessoas se dessensibilizem com a violência que ocorre no Chile. Pelo contrário, ela quer que o mundo veja pessoas reais sujeitas a essas violações e abusos dos direitos humanos.

Saiba mais sobre o Proyecto AMA no Twitter e Instagram

ChileRegistra

ChileRegistra é um banco de dados colaborativo de conteúdo audiovisual relacionado aos protestos e brutalidade policial do Chile. Iniciado pelos jornalistas Nicolás Ríos e Miguel Paz, o banco de dados não é projetado para verificação de vídeo, mas para desenvolver um depósito único de material e criar uma lista de cidadãos que podem atuar como fontes para jornalistas e organizações sem fins lucrativos. Para isso, a equipe internacional de voluntários do ChileRegistra tenta entrar em contato com as pessoas que criaram os vídeos, fotos e áudio enviados por meio de mensagens diretas.

Ríos disse que os usuários de mídias sociais agora estão começando a marcar @ChileRegistra nas postagens de redes sociais mostrando abuso pela polícia, para que a equipe do ChileRegistra possa ver os vídeos. Mesmo que o criador do vídeo não possa ser encontrado, os vídeos são salvos no banco de dados do ChileRegistra. As organizações que receberam a lista de contatos do ChileRegistra para criadores de mídia social incluem o Proyecto AMA, The Clinic, CIPER, Univisión, BBC mundo, The New York Times e La Tercera

ChileRegistra.Info também está noTwitter e Instagram

Protesters in Chile

A Red Estudiantil de Información

A Red Estudiantil de Information (REI) é composta exclusivamente por estudantes de jornalismo no Chile. A REI começou com um grupo de estudantes de jornalismo do quarto ano da Pontífica Universidad Católica em Santiago, Chile, produzindo uma cobertura dos protestos no Chile.

Desde então, o coletivo se expandiu, com cerca de 100 membros, incluindo editores, repórteres e produtores de multimídia. Em apenas 20 dias, a REI reuniu milhares de seguidores nas mídias sociais e a página de destino do grupo permite que chilenos enviem dicas e outras informações para investigação. Distribuída nas redes sociais, a REI produz conteúdo como vídeos dos protestos, entrevistas com manifestantes e infográficos que detalham questões legais atuais.

REI tem páginas no Twitter e Instagram

Fast Check CL

Fast Check CL é uma conta do Instagram criada para verificar informações e desinformações relacionadas com os protestos. Iniciada pelos jornalistas chilenos Fabián Padilla e Sebastián Montecinos, a equipe de oito pessoas de jornalistas e checadores de fatos colabora virtualmente. O grupo verifica informações sobre os protestos, incluindo quem foi morto, a quem a polícia está atirando e muito mais.

Em entrevista à ADN Radio, a dupla explicou que a equipe realiza o projeto de forma gratuita no momento, mas já obteve algum sucesso, acumulando 56.000 seguidores em 24 dias.

Fast Check CL também está no Facebook e Twitter.


Crédito das imagens: Yaroslavl Riquelme Williamson.

Natalie Van Hoozer é jornalista e assistente de programa do ICFJ trabalhando em projetos latino-americanos.

Agradecemos aos jornalistas Nicolás Ríos e Paulette Desormeaux por suas contribuições.