Desde 18 de outubro de 2019, protestos abalaram o Chile, com os cidadãos expressando frustração com as questões sistêmicas de qualidade de vida no país. Os chilenos continuam a sair às ruas exigindo transporte mais barato, aumento nas pensões e reforma na saúde.
Durante esses protestos, muitos manifestantes foram vítimas da brutalidade policial, resultando em mortos e feridos. A polícia chilena reporta ter detido mais de 10.000 pessoas, e o Instituto Nacional de Direitos Humanos diz que mais de 2.000 pessoas foram feridas nos protestos.
Logo após o início dos protestos, várias colaborações digitais foram lançadas para fornecer notícias locais dos protestos, confirmar o conteúdo que circula nas redes sociais e verificar informações.
Conheça quatro projetos que documentam a agitação do Chile:
Proyecto AMA
Proyecto AMA (O Archivo de Memoria Audiovisual) apresenta entrevistas em primeira pessoa com pessoas que sofreram violações dos direitos humanos durante os protestos no Chile. O coletivo de jornalistas, fotógrafos, cineastas e outros que trabalham no mundo audiovisual combina vídeos virais de mídia social mostrando a brutalidade contra os manifestantes, com entrevistas das pessoas nos vídeos.
Combinando o conteúdo de mídia social com a ferramenta StoryMap do Knight Lab, o Proyecto AMA também mapeia os locais onde essas violações de direitos humanos ocorrem.
Em entrevista à CNN Chile, o jornalista Claudio Pizarro, um dos fundadores do projeto, explicou que o Proyecto AMA visa levar os espectadores além do conteúdo viral das mídias sociais, permitindo que os manifestantes expliquem o contexto de seus abusos e suas motivações para protestar.
Outra fundadora do projeto, a cineasta Patricia Rivera, também disse que não quer que as pessoas se dessensibilizem com a violência que ocorre no Chile. Pelo contrário, ela quer que o mundo veja pessoas reais sujeitas a essas violações e abusos dos direitos humanos.
Saiba mais sobre o Proyecto AMA no Twitter e Instagram.
ChileRegistra
ChileRegistra é um banco de dados colaborativo de conteúdo audiovisual relacionado aos protestos e brutalidade policial do Chile. Iniciado pelos jornalistas Nicolás Ríos e Miguel Paz, o banco de dados não é projetado para verificação de vídeo, mas para desenvolver um depósito único de material e criar uma lista de cidadãos que podem atuar como fontes para jornalistas e organizações sem fins lucrativos. Para isso, a equipe internacional de voluntários do ChileRegistra tenta entrar em contato com as pessoas que criaram os vídeos, fotos e áudio enviados por meio de mensagens diretas.
Ríos disse que os usuários de mídias sociais agora estão começando a marcar @ChileRegistra nas postagens de redes sociais mostrando abuso pela polícia, para que a equipe do ChileRegistra possa ver os vídeos. Mesmo que o criador do vídeo não possa ser encontrado, os vídeos são salvos no banco de dados do ChileRegistra. As organizações que receberam a lista de contatos do ChileRegistra para criadores de mídia social incluem o Proyecto AMA, The Clinic, CIPER, Univisión, BBC mundo, The New York Times e La Tercera.
ChileRegistra.Info também está noTwitter e Instagram.
A Red Estudiantil de Información
A Red Estudiantil de Information (REI) é composta exclusivamente por estudantes de jornalismo no Chile. A REI começou com um grupo de estudantes de jornalismo do quarto ano da Pontífica Universidad Católica em Santiago, Chile, produzindo uma cobertura dos protestos no Chile.
Desde então, o coletivo se expandiu, com cerca de 100 membros, incluindo editores, repórteres e produtores de multimídia. Em apenas 20 dias, a REI reuniu milhares de seguidores nas mídias sociais e a página de destino do grupo permite que chilenos enviem dicas e outras informações para investigação. Distribuída nas redes sociais, a REI produz conteúdo como vídeos dos protestos, entrevistas com manifestantes e infográficos que detalham questões legais atuais.
REI tem páginas no Twitter e Instagram.
Fast Check CL
Fast Check CL é uma conta do Instagram criada para verificar informações e desinformações relacionadas com os protestos. Iniciada pelos jornalistas chilenos Fabián Padilla e Sebastián Montecinos, a equipe de oito pessoas de jornalistas e checadores de fatos colabora virtualmente. O grupo verifica informações sobre os protestos, incluindo quem foi morto, a quem a polícia está atirando e muito mais.
Em entrevista à ADN Radio, a dupla explicou que a equipe realiza o projeto de forma gratuita no momento, mas já obteve algum sucesso, acumulando 56.000 seguidores em 24 dias.
Fast Check CL também está no Facebook e Twitter.
Crédito das imagens: Yaroslavl Riquelme Williamson.
Natalie Van Hoozer é jornalista e assistente de programa do ICFJ trabalhando em projetos latino-americanos.
Agradecemos aos jornalistas Nicolás Ríos e Paulette Desormeaux por suas contribuições.