Jornalista do mês: Shaun Swingler

por Jessica Weiss
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

Este mês, apresentamos Shaun Swingler, um jornalista multimídia freelance da África do Sul, com base na Cidade do Cabo.

Depois de trabalhar um breve período em uma editora de publicações corporativa, Shaun saiu para seguir uma carreira fotografando e escrevendo sobre temas que lhe interessavam, como criminalidade e questões sociais. Ele já cobriu mercenários, corrida de rua ilegal, tráfico de seres humanos, banditismo e a indústria de pornografia sul-africana, contribuindo com matérias e fotografias para publicações como o jornal Guardian, Daily Maverick and Rolling Stone SA.

Shaun também faz fotos e vídeos para ONGs de justiça social na Cidade do Cabo que se concentram principalmente em saneamento adequado nas áreas rurais, e foi co-autor de um livro de não-ficção chamado Love is War: The Modimolle Monster sobre o assassino Johan Kotzé. 

Como a IJNet ajuda você?

No ano passado eu respondi a um anúncio da IJNet sobre o curso de reportagem sobre tráfico humano e escravidão da Fundação Thomson Reuters. Tive a sorte de ter sido selecionado para o curso de uma semana e passei uma semana em Londres no final de novembro para aprender sobre as questões. Achei incrivelmente gratificante.

Jornalistas experientes e acadêmicos envolvidos na elaboração de relatórios e pesquisa do tráfico de pessoas de todo o mundo foram levados para compartilhar a sua riqueza de conhecimentos com os participantes do curso. As conversações nos ajudaram muito em equipar-nos com as habilidades e conhecimentos necessários para informar sobre este conjunto de questões difíceis.

Também fiz amizade com outros jornalistas convidados para o curso -- nós todos mantemos contato e estamos planejando uma série de colaborações transfronteiriças. Sem ter visto o anúncio para o curso no boletim semanal da IJNet, eu nunca teria saberia sobre ele.

Como freelancer, como você gera suas ideias de pauta?

Porque eu foco principalmente em reportagens longas, fico contente de poder passar um pouco mais tempo encontrando o que eu quero cobrir. Quando não recebo encomendas de publicações, eu tenho ideias de pauta de algumas maneiras. Acho que ler obsessivamente a notícia ajuda. Muitas vezes há artigos de "hard news" que seriam muito mais interessantes com um pouco pais de substância e análise -- coisas que os repórteres de "hard news" muitas vezes não têm tempo para fazer.

Eu tive uma série de matérias que nasceram a partir da leitura de uma notícia e ter pensado "eu quero saber mais sobre o assunto". Na maioria das vezes, no entanto, novas ideias vêm a mim enquanto eu estou apurando outras histórias, seja através de novos contatos que eu faço ou de outros ângulos interessantes que não têm o espaço ou tempo para se desenvolver na matéria original. Descobri que estar aberto a todas as experiências ao reportar sempre leva a novas ideias de pauta.

Acho que cobrir crime e assuntos de justiça social é estranhamente gratificante. Muitos sul-africanos sofrem crimes e uma série de outras injustiças sociais diariamente, mas muitas vezes esses problemas são negligenciados ou não reportados em profundidade suficiente em certos meios de comunicação tradicionais. Acho que o desafio de tentar resolver este desequilíbrio na reportagem é um forte fator motivador para a minha escolha de histórias.

Você pode compartilhar uma matéria que você está especialmente orgulhoso?

Uma matéria que fiz sobre jovens em gangues na Cidade do Cabo para o Guardian provavelmente teve o maior impacto sobre o meu trabalho. As gangues são um grande problema, no Cabo Ocidental, que afeta muitas comunidades em toda a província e se tornou meu foco principal durante o último ano. Acho que é um desafio informar sobre o problema com a profundidade e nuance necessária, pois segurança e acesso são desafios constantes. Eu também tento o meu melhor para não glamourizar as gangues e bandidos - algo que eu acho que acontece muitas vezes com a cobertura desses tipos de problemas mundiais. Eu não acho que consigo bem ainda, mas estou trabalhando nisso.

Que conselho você daria aos aspirantes a jornalistas ou estudantes de jornalismo?

Parece óbvio, mas apenas faça. Encontre uma ideia de pauta que lhe interesse e vá apurar as informações. A minha carreira de jornalista começou à noite e nos fins de semana, enquanto eu trabalhava em uma editora corporativa. Eu apurava histórias no meu tempo livre, pedia ajuda a amigos jornalistas quando me sentia paralisado, e quando a bola começou a rolar, saí da editora e me tornei freelancer em tempo integral.

Eu vou deixar para Ira Glass explicar melhor do que eu jamais poderia.:. "Não espere por permissão para fazer algo que é interessante ou divertido para você. Faça o que você quer agora. Não espere. Ache uma ideia de história, comece a fazer, dê a si mesmo um prazo, mostre para as pessoas que vão lhe dar notas para torná-la melhor. Não espere até ficar mais velho ou em algum trabalho melhor do que você tem agora. Não espere por nada. Não espere até que uma ideia mágica de história caia em seu colo. Isso não é de onde as ideias vêm. Vá à procura de uma ideia e ela vai aparecer. Comece agora. Seja um [palavrão] soldado sobre isso e seja forte."

Imagem cortesia de Shaun