Jornalista do mês: Sara Cincurova

por Samantha Berkhead
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

Seja trabalhando como jornalista freelance ou como ativista em defesa das vítimas de violência doméstica e de gênero, Sara Cincurova focou em direitos humanos por boa parte de sua carreira.

Aos 26 anos, o trabalho da jornalista eslovaca apareceu em sites como o Huffington Post, VoxEurop, Women's WorldWide Web e openDemocracy. Ela já reportou do Reino Unido, França, Ucrânia, Geórgia, Burkina Faso e Indonésia, entrevistando de refugiados no campo de refugiados "Selva" em Calais, França, a um sobrevivente do Holocausto.

Em setembro, Sara participou do M100 Young European Journalists Workshop em Potsdam, na Alemanha, depois de descobrir a oportunidade na IJNet. Atualmente, ela está se preparando para exibir um documentário que fez sobre refugiados em todo o mundo em Paris.

"Eu queria filmar suas histórias porque acredito no poder do documentário", disse ela sobre o projeto. "Há muito racismo na Eslováquia, assim como em outros países, e eu queria lutar contra isso mostrando o que o exílio realmente era. Depois de ver o filme, dois telespectadores me disseram que se candidataram a voluntários em países devastados por conflitos para ajudar refugiados e pessoas deslocadas internamente. Isso é o que o filme pode fazer: pode contribuir para uma mudança social positiva."

Conversamos com ela sobre seus projetos mais notáveis, a interseção entre jornalismo e direitos humanos e mais:

IJNet: Como você começou como jornalista?

Cincurova: Sempre me interessei por direitos humanos. Passei um ano na África e na Ásia, então trabalhei para uma instituição de caridade que apoia mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. Eu comecei a blogar no meu país, a Eslováquia. Eu me lembro que meu primeiro post no blog sobre violência doméstica teve mais de 10.000 visitas nos primeiros dois dias, e também recebi muitos e-mails de leitores. Então comecei a escrever regularmente para diferentes meios de comunicação, e foi assim que tudo começou para mim.

Como seu ativismo em defesa de vítimas de violência baseada no gênero influenciou o modo como você trabalha como jornalista?

Acho que trauma e abuso são sempre muito difíceis e complicados para reportar. Entrevistei muitos especialistas em violência e tento usar as habilidades que adquiri quando entrevistava vítimas de abuso, conflito, deslocamento, etc. Tento cobrir suas histórias com a maior precisão e sensibilidade possível. Eu também acho que a empatia é muito importante. Outra coisa é que também tento me concentrar na resistência e resiliência, não apenas violência e vitimização.

Qual é a sua matéria favorita que cobriu até agora? O que foi desafiador sobre isso? Como você superou esses desafios?

Neste momento, estou trabalhando em um artigo incrivelmente interessante sobre eslovacos que esconderam famílias judaicas em suas casas durante a Segunda Guerra Mundial. Eu acho que é muito importante compartilhar suas histórias hoje; eles são uma grande inspiração para os defensores dos direitos humanos em todo o mundo. Além disso, é muito interessante perguntar de onde vieram sua coragem, bondade e motivação; muitos deles arriscaram suas vidas apenas para salvar outro ser humano. Para mim, este projeto mudou a minha vida e mudou a maneira como vejo direitos humanos e resistência. Também acho importante compartilhar essas histórias hoje, no contexto atual.

Conte-nos sobre o M100 Young European Journalists Workshop que você participou esse ano. Como foi a experiência?

Estou muito grata por esta experiência. Não só pude participar do Workshop M100 financiado pelo Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros, mas também cobri o Colóquio M100 Sanssouci em Potsdam. Gostei muito de aprender sobre técnicas de pesquisa e verificação de fatos. Acho que é um aspecto muito importante do trabalho jornalístico.

Também conheci colegas jornalistas da Europa e da Parceria Oriental, bem como a adorável equipe de organizadores da Alemanha. Foi uma grande experiência e realmente gostei de trocar experiências com eles.

Que conselho você daria a colegas jornalistas?

Para mim, o aspecto mais importante do meu trabalho é que tenho sempre ido atrás de projetos que estava realmente apaixonada. Eu acho que é por isso que muitos deles têm funcionado: a paixão por um determinado tópico é a melhor motivação para qualquer projeto.

Esta entrevista foi editada e resumida por clareza.

Imagem cortesia de Sara Cincurova.