A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.
O jornalista do mês Nuno Andrade Ferreira passou a primeira metade de sua carreira em seu país natal, Portugal, onde trabalhou para a Rádio RDS por oito anos enquanto também colaborava para jornais. A RDS lhe deu a oportunidade de aprender e crescer enquanto jornalista profissional, Nuno disse.
A experiência que ele adquiriu na rádio portuguesa lhe permitiu expandir. Em 2008, Nuno mudou-se para a Angola. Lá, ele ajudou a promover um dos primeiros canais de televisão privados do país, a TV Zimbo. Depois, no final de 2009, Nuno saiu de Angola para ir a mais um país: Cabo Verde, uma pequena nação insular na costa da África Ocidental com uma rica cultura crioula-portuguesa.
Em Cabo Verde, Nuno é editor da Rádio Morabeza, onde gerencia cerca de uma dúzia de jornalistas, e editor de serviços online do Expresso das Ilhas, que é de propriedade do mesmo grupo de mídia da estação de rádio.
Usando a IJNet para encontrar oportunidades, Nuno participou de dois programas da Fundação Thomson Reuters. Ele viajou para Londres para um curso de julgamento editorial e Moçambique para reforçar seu conhecimento sobre reportagem financeira e econômica. Este ano, Nuno e a Rádio Morabeza vão participar da iniciativa Wealth of Nations da fundação. (A Wealth of Nations equipa veículos independentes de jornalismo em toda a África com o conhecimento e os recursos para investigar e expor a exploração financeira em todo o continente.)
Nós conversamos com Nuno sobre como os cabo-verdianos consomem as notícias e como a Rádio Morabeza distingue-se de outros estabelecimentos por meio de sua reportagem diferente.
IJNet: Conte-nos sobre o estado do jornalismo em Cabo Verde. Quais são os meios de comunicação que as pessoas usam e como consomem notícias?
Nuno Andrade Ferreira: Em Cabo Verde, o mercado é determinado por uma organização pública hegemônica de mídia (rádio, agência de notícias e televisão), que obtém receitas do Estado e da publicidade. Em um país pequeno e pobre com 500.000 habitantes, isso significa que os operadores privados lidam com grandes dificuldades, pois têm que enfrentar essa concorrência desleal. É uma batalha diária pela sobrevivência, mas também um grande desafio.
Não há restrições formais à liberdade de imprensa, mas as dificuldades financeiras são um obstáculo para uma imprensa mais ativa.
Em geral, as pessoas não têm hábitos de leitura e assim os quatro jornais nacionais (todos semanais) têm uma pequena circulação. O consumo de notícias pela internet cresceu, mas a rádio continua a ser a primeira (e mais confiável) fonte de informação.
Você diz que sua equipe na Rádio Morabeza tem uma "nova forma de fazer jornalismo". Dê um exemplo de uma reportagem que você ou sua equipe fez que exemplifica o jornalismo próximo das pessoas no contexto?
Existem muitos exemplos. Nós sempre tentamos seguir as histórias que nos permitem ver um retrato maior. Buscamos a causa e efeito, mesmo quando a consequência não é visível. Por exemplo, o governo construiu uma represa em uma área rural. Essa foi a história principal, mas a nossa abordagem foi conversar com os agricultores de uma comunidade pequena que, por causa da barragem, não tinham mais acesso a suas terras.
Como um editor gerenciando diferentes tipos de pessoas, você tem algum conselho para outros jornalistas interessados em edição e gestão?
Em primeiro lugar, seja profundamente comprometido com a ética: A ética é a base do bom jornalismo e, no futuro próximo, a credibilidade irá marcar a diferença entre quem "vive" e que "morre" neste trabalho. Além disso, envolva sua equipe no processo de decisão: Faça seus colegas sentirem que são parte do projeto. Finalmente, acompanhe o mercado à medida que muda todos os dias. Ah, e o contexto. Cuidado com o contexto, por favor!
Imagem principal cortesia do jornalista